A identidade é algo que se constrói? Ou simplesmente nascemos com ela? E o destino? Nós realmente podemos interferir em algo ou tudo é tão premeditado que não resta nada além de observar? Eu sei She-ra tem deveres com o mundo e com as pessoas... Mas...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
eu sinto que não consigo respirar eu sinto que não consigo dormir como eu não vi?
☬
-Eu não acredito que você esqueceu do seu bebê! - Olhei assustada e logo vi Cintilante.
Bebê, isso realmente é novo para mim. Quer dizer... Eu quero filhos? Tipo, eu não sei! Felina quer filhos? Como isso aconteceu? Como nós tivemos uma criança, isso é biologicamente impossível! O riso alegre e alto extremamente familiar me fez levantar a cabeça do olhar fixo em minhas mãos. A poucos metros Felina e Gélida brincavam com Finn em um escorrega de gelo feito pela princesa. A criança, que aparentava ter pouco menos de cinco anos, subia e descia sozinho, rindo enquanto as duas adultas supervisionavam e vez ou outra a pegavam no colo ou faziam um obstáculo para diverti-la.
-Eu não sei o que está acontecendo. – Murmurei sentindo meu estomago embrulhar.
Eu não deveria estar aqui. Eu não deveria estar aqui. Eu realmente não deveria estar aqui. Olhei para minhas mãos novamente e senti meus olhos arderem. Eu queria tanto que isso fosse verdade. Olhei para Felina divertindo-se... Com nossa pequena copia, minha e dela. Queria tanto que fosse verdade! Mas não é, nada aqui é. Nada aqui é real, está tudo dentro da minha cabeça. Engoli em seco, mas foi impossível conter o soluço que espremeu-se entre minha garganta saindo pelos lábios trêmulos.
Me levantei e corri, corri para longe daquela cena feliz e perfeita. Da cena que faria de tudo para tornar-se minha realidade, Tudo isso era mentira, apenas uma ilusão, um delírio da minha cabeça. Mais um soluço forte irrompeu, me fazendo tremer por completa. Não percebi , mas quando vi corria pelo corredor até a área dos quartos, passando além dela até chegar as escadas e começar a subir para o topo do castelo. Por que eu estou fazendo isso? Por que tudo isso está acontecendo? Eu conseguia ouvir meus soluços ecoando pelo espiral de degraus enquanto subia as pressas e enxugava as lágrimas com o braço, esfregando-o contra meu rosto. Quando cheguei ao topo, cansada e suada, a brisa fria de Lua Clara me atingiu e a pálida luz arroxeada da Pedra Rúnica chamou minha atenção.
Caminhei acalmando meu choro e sentei-me debaixo de uma das pilastras, abraçando meus joelhos tombando minha cabeça entre eles. Me sinto cansada, mais cansada do que jamais estive. Cansada de sempre lutar, de sempre pensar e ter que tomar a melhor decisão, de ter o peso de tudo colocado sob os meus ombros,... Sob os ombros dela.. Estou cansada de ser a She-ra.
-Eu quero ser Adora. – Choraminguei, retomando meu choro, sentindo meu corpo tremer e os soluços escaparem.
-Mas você é. – Uma voz respondeu. Levantei a cabeça alarmada. Tudo o que eu mais quero é ficar sozinha!
-Por favor, vá embora.
-Eu não posso. Não posso sair daqui. – A voz disse, era doce, calma e carinhosa. – Mas você pode, Adora... Então, qual motivo de ainda estar aqui? – Franzi o cenho.
