A identidade é algo que se constrói? Ou simplesmente nascemos com ela? E o destino? Nós realmente podemos interferir em algo ou tudo é tão premeditado que não resta nada além de observar? Eu sei She-ra tem deveres com o mundo e com as pessoas... Mas...
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você é como um químico muito bom, mas tóxica
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Pov Adora
Seria negligência e hipocrisia dizer que eu não estava cansada. Eu estava realmente cansada. Acho que meu corpo não descansou o suficiente dos devaneios que tive ao apagar por tanto tempo.
-Você realmente sabe onde estamos, Adora? – Felina questionou ao me ver caminhar ao invés de correr como ela.
-Sim, estamos quase chegando. É no fim deste. Eu sei, só... – Suspirei sentindo meu corpo mais pesado do que o normal. – Eu estou bem, só estou cansada. – Não pude olhá-la, mas jurei que a vi franzir o cenho. Balancei a cabeça vendo minha visão embaçar, puxei o colarinho grudado em meu pescoço e notei como estava suada. Toquei em minha testa... Quente!
-Eu não perguntei isso. – Sua voz parecia distante. Estiquei meu braço e toquei a lataria do corredor. Como se tudo estivesse em câmera lenta, virei meu rosto e segui meu braço até minha mão. Pisquei algumas vezes e realmente tudo estava turvo, desfocado. – Você está me preocupando. Está tudo bem, Adora?
Engoli e aí senti como minha boca estava seca. Impulsionei contra a parede e voltei a caminhar vacilante. Mas que diabos! O que está acontecendo? Olhei ao redor e tudo parecia normal, então parei e respirei fundo tentando me concentrar. Inspirei, expirei. Inspirei, expirei. Inspirei, expirei e voltei a abrir os olhos. Agora parece tudo normal. Estiquei minha perna para dar um passo, mas gritei sentindo uma fisgada em meu peito. Levei as mãos até lá, largando a espada que caiu fazendo um estrondo. Ouvi algo atrás de mim e logo mãos quentes estavam em meus ombros. A dor não parou, muito pelo contrário, pareceu piorar!
Olhei para frente assustada. Já estava visível o brilho do coração, pelo menos para mim. Como se minha mente procurasse e achasse sozinha a resposta, meus olhos foram direto para a espada e como se apenas notasse isso... Observei com pavor o ponto vermelho crescente na esfera azul de energia, cobrindo-a e expandindo para fora, começando a cobrir o cabo da espada. Em um salto de desespero me joguei em sua direção agarrando o cabo tentando apressadamente conter aquele avanço, como se meus dedos fossem capazes de pegar aquele câncer e retirá-lo a força.
-Não, não, não, não. – Repeti ainda tentando, mas sem sucesso. Não percebi na hora, mas senti lágrimas caindo em minhas bochechas, molhando meu rosto. E nesse instante lembrei de algo importante: me virei as pressas já sentindo meu corpo ficar pesado e rígido como uma pedra. – Felina! Corra!
Pov Felina
-O que você está...
Parei de falar assim que vi o motivo dela ter falado isso: como um movimento rápido ela se levantou segurando a espada e se virou rindo. Arregalei e dei um passo para trás vendo a imponente loura de quase três metros caminhar ameaçadoramente enquanto sorria de lado para mim balançando a espada enorme de um lado para o outro. Seus olhos tão vermelhos quanto rubis...
