Olho para ele, sentindo as borboletas no estômago. Ele se vira para mim devagar, engulo em seco, pronto para caso ele rejeite.
-Jantar? -ele pergunta franzindo as sobrancelhas, parecendo um pouco confuso.
-Ah -falo arrumando o cabelo e então limpo a garganta- É, jantar -falo um pouco nervoso e ele dá de ombros.
-Tudo bem, aonde você vai me levar para jantar? -ele dá um sorrisinho e eu sorrio de volta.
-Sério? -pergunto ficando de pé e ele assente, sem desgrudar os olhos de mim.
-Sim, porque eu não iria jantar com você? -ele fica de pé, passando a mão na roupa.
-Ah, não sei -dou um sorrisinho nervoso e ele cruza os braços.
-E então?
-Eu não gosto de comida de restaurantes -falo, sentindo que vou ter um treco a qualquer momento.
-Porque?
-Eu gosto de cozinhar então já acostumei com o sabor da minha comida. -dou de ombros e ele apenas balança a cabeça.
-Então você vai cozinhar para mim? -ele sorri balançando o corpo e eu balanço a cabeça, passando a mão pelo cabelo.
-É, tem algo que você goste de comer? -pergunto e ele nega.
-Qual sua especialidade na cozinha? -os olhos dele me olham com toda atenção.
-Ah, não tem uma coisa que eu seja muito bom. Eu costumo ser bom em tudo que eu faço. -falo, mantendo o contato visual.
-É? -assinto e ele passa a língua pelos lábios.
-Você sabe fazer aquelas panquecas de filme? -assinto e os olhos dele brilham.
-Que legal. -o sorrisinho dele aumenta e ele passa a mão pelo cabelo, deixando os fios bagunçados de novo.
Os olhos dele encontram os meus outra vez, a mesma sensação de que o mundo parou e só nós dois existimos e que nossos corações batem em sincronia chegando sorrateiramente.
-Você está realmente gostando de mim? -ele pergunta, sua voz grave fazendo meu corpo arrepiar.
Meu coração está batendo rápido, minha garganta está seca e minhas mãos estão tremendo.
Se eu estou gostando dele? Eu briguei com minha mãe sabendo que ela é capaz de tudo para que eu não manche a imagem dela, eu estou todos os dias brigando comigo mesmo para aceitar o fato de que gostar de alguém com as mesmas características físicas que eu é normal.
-É, estou. -minha voz sai trêmula e ele respira fundo.
-Quando você descobriu isso? -ele coloca as mãos nos bolsos do short, encolhendo os ombros.
-Faz um tempo, muito tempo eu acho. -arrumo os fios de cabelo dele outra vez. -Eu nunca odiei ou rejeitei você de verdade, se eu realmente sentisse o que eu dizia naquela época eu nem chegaria perto de você no outro dia. -limpo o suor das mãos na calça.
Porque é tão difícil dizer o que eu sinto?
-Então sempre foi recíproco? -balanço a cabeça, engolindo em seco outra vez.
-Não, mas acho que alguns meses depois de você se declarar sim. Eu também não sei, estou tão confuso quanto você. -dou um sorrisinho e ele assente.
-Hum. -ele pisca devagar, molhando os lábios outra vez.
-Eu já vou indo. -falo, minhas pernas ainda estão tremendo.
-Ah, ok -ele sorri e estende a mão.
-Até mais tarde. -ouso passar meu braço pela cintura dele, sentindo meu corpo tremer.
Ele me abraça de volta e deita a cabeça em meu ombro. O perfume dele é gostoso. Me afasto e deixo um beijinho na bochecha dele, como ele fez ontem.
-Tchau. -falo tentando evitar o sorriso e ele apenas acena com a mão.
Acho que gostar está se tornando uma palavra muito pequena para descrever o que eu sinto por ele, eu posso gostar de muitas pessoas. Na verdade, acho que eu estou me apaixonando por Kim Taehyung.
~×~
14:15.-Como assim você vai sair hoje? -minha mãe bate o pé contra o chão, inconformada.
-Eu estou indo trabalhar, sinto muito mas minha vida não gira mais em torno do que você quer que eu faça. -falo no tom mais calmo que consigo, ela levanta a sobrancelha bem feita e passa a língua pelos lábios vermelhos.
-Você deveria desmarcar e sair comigo, eu sou sua mãe. Você me trata como se eu fosse uma estranha. -ela cruza os braços, jogando os cabelos para trás.
-Você é. -ela me olha e prende a respiração- Você nunca foi alguém que eu realmente conheci e soube que poderia confiar. E mesmo assim eu respeito você e suas crenças, não se faça de coitada só porque eu não vou sair com você. -ela faz um bico de desgosto e então fica de pé.
-Tudo bem Jungkook, tudo bem. -ela respira fundo, arrumando o vestido que ela sempre usa quando vai sair.
Ela insiste em dizer que ainda está de luto pelo meu pai, já faz quase cinco anos que ele se foi e ela continua nessa história de luto. Uma mulher que sente falta do próprio marido não diz que ele está queimando no inferno só porque se separou dela meses antes de morrer.
-Mãe -chamo antes dela se virar para ir embora- Porque você insiste em dizer que sente falta do papai? Quando ele estava aqui você tratava ele como um nada e agora diz por aí que sente falta dele, porque você faz isso? -pergunto calmo, isso é um assunto delicado.
Ao menos para mim, falar dele ainda dói um pouco.
-Se eu não me lamentar por perder meu ex-marido, vou ser taxada na igreja como a mulher que não amou o próprio marido até a morte como prometeu no altar. Eu realmente não sinto falta dele, eu espero que ele esteja queimando por ter me feito passar aquele vexame na frente de todo mundo. -sua voz mostra o desprezo que ela sente por ele, como se nunca tivesse amado ele.
-Eu nunca amei ele de verdade, só me casei porque estava grávida de você. Meu tesouro que Deus me deu. -ela acaricia meu rosto com um sorriso falso e rapidamente se afasta. -Tchau Jungkook, até semana que vem. -ela fiz antes de sair, o salto fazendo barulho pelo corredor.
Como ela pode ser tão arrogante assim? O jeito como ela ridiculariza tudo em que ela acredita ou faz, o jeito que ela não esconde o quão podre ela é por dentro é bizarro. Como ela ainda tem coragem de dizer que vai para o paraíso quando ela é pior que o próprio demônio?
Me deito no sofá, fechando os olhos. Eu me sinto culpado de pensar isso dela, afinal ela é minha mãe. Mas ao mesmo tempo é errado defender alguém que te machuca e usa isso como argumento sempre que quer te manipular para manter a própria imagem.
Ao menos eu a convenci de que vou sair, assim ela não vem aqui mais tarde e acaba estragando minha noite.
Eu ainda não sei o que vou preparar, eu não faço ideia do que ele gosta de comer. Eu não quero algo muito simples mas também não quero algo muito chique. Suspiro alto e o sorriso dele me vem a mente, me fazendo sorrir também.
Será que ele também pensa em mim quando está entediado?
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• Se Eu Tivesse Dezessete Vidas • [TaeKook]
FanficTaehyung desde que se entende por gente sempre foi apaixonado pela literatura e a arte, respirava isso, usava disso para aliviar o peso de carregar tanto sofrimento nas costas. Sendo mais específico, o peso de nunca ser correspondido pelo cara ao qu...