• 18. Mom •

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Sábado. 12:00.

Hoje eu acordei mais tarde que o normal e consegui comer alguma coisa, agora estou sentado na cadeira da escrivaninha com a mesma página aberta há alguns minutos.

Yuji me mandou uma mensagem, não sei como ela conseguiu meu número. Na verdade, tenho ideia mas eu não sei o que responder.

Nós conversamos como pessoas normal, fazendo aquela perguntas automáticas. Desligo o computador e ainda sentado na cadeira pego meu celular e entro na conversa de Jungkook. Ele ainda não me mandou nenhuma mensagem e sequer viu as que eu mandei.

-Taehyung. -ouço minha mãe me chamar e olho para a porta- Tem um garoto lá embaixo, ele quer falar com você. -franzo as sobrancelhas e me levanto, deixando o celular em cima da mesa.

Do topo da escada escuto a voz de Jungkook, franzo as sobrancelhas e desço com mais rapidez as escadas. O que Jungkook estaria fazendo aqui?

-Taehyung. -Jeon dá um sorrisinho e eu apenas balanço a cabeça.

-O que está fazendo aqui? -pergunto e ele sorri envergonhado.

-Eu preciso falar com você. -balanço a cabeça e olho para o meu pai.

-Bom, vamos pro meu quarto então. -puxo ele pelo pulso antes que meu pai pergunte alguma coisa.

Ele se senta na ponta da cama e eu me sento na cadeira, encarando seus olhos. Ele parece cansado.

-E então? -pergunto e ele respira fundo.

-Lembra quando eu dizia que não gostava de homens e que você deveria procurar uma garota bonita para namorar? -franzo as sobrancelhas e cruzo as pernas em cima da cadeira.

-Nós não precisamos voltar nesse assunto.

-Na verdade, precisamos -ele dá um sorriso cansado e passa a mão pelo cabelo.

-Ah, aconteceu alguma coisa? -pergunto.

Agora que ele disse isso eu estou com medo, medo de que ele tenha conseguido colocar tudo no lugar e que na verdade ele sempre esteve convicto do que sentia e só me deu uma chance para eu sair de seu pé.

-Ainda não.

-Como assim "ainda não"?

-Quando eu era mais novo, eu estava gostando de um garoto que frequentava a mesma igreja que eu. Ninguém sabia sobre nós, era uma igreja muito rígida e também não queríamos morrer tão jovens. -ele sorri triste e continua: -Mas teve um dia que Deus resolveu que ele não queria me proteger mais como fazia e, nesse dia, minha mãe me pegou beijando esse garoto atrás da minha casa.

-Quando eu abri os olhos e vi ela parada, eu realmente achei que ela fosse entender mas eu estava errado. Mesmo que eu rezasse para Deus em todos os idiomas possíveis como fui ensinado desde que nasci, ele já tinha decidido que não iria me escutar mais. -engulo em seco e pisco devagar, é uma história difícil.

-Minha mãe puxou meu cabelo e me arrastou até o meio da rua, que era composta por religiosos hipócritas como ela. Ela me arrastou por todo o asfalto sem se importar se eu estava sangrando e gritando para que ela parasse, gritando para quem quisesse ouvir que eu estava "possuído pelo espírito do filho de Satã". No dia seguinte, mesmo custando andar sozinho eu fui obrigado a passar o dia todo na igreja, passei por vários rituais humilhantes e tive que passar muito tempo no meio de várias garotas para aprender que era delas de quem eu deveria gostar. -ele respira fundo e passa a mão pelo cabelo- Desde então eu não consigo sentir algo que seja real.

-Sinto muito. -é só o que consigo dizer.

Os olhos dele encontram os meus e ele suspira com um sorrisinho triste.

• Se Eu Tivesse Dezessete Vidas • [TaeKook]Onde histórias criam vida. Descubra agora