LUA DE OVO MINGUANTE

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12 de abril de 1979

A PRISÃO

Remus se sentiu calmo. A toca que ele estava era familiar agora: o fedor de seu sangue da ultima lua ainda estava presente nas paredes; as memórias ainda estavam frescas. Este era o seu território.

Ele espreitou pelas bordas, farejando cada canto, levantando uma perna para marcar um ponto especifico perto da porta.

Os cheiros eram reconfortantes – sangue, suor e sexo. As memórias, persistentes no fundo de sua mente, eram uma distração bem-vinda. Remus se contentou em se deitar e dormir, apoiando a cabeça nas patas com um bufo.

Tédio. Ele havia dormido por uma ou duas horas antes de ouvir um som de um cervo vindo da janela. Levantando-se como uma bala.

Ele não corria há meses. Ele não comia há meses. O cervo fez outro barulho.

Esfregar as patas contra as tábuas do assoalho. Ele correu de uma ponta a outra da sala, depois voltou. Ele queria sair. Ele precisava sair. Sua mente, depois de um sono, foi refrescada. Os pensamentos usuais da matilha presa giravam em torno de sua cabeça – onde estava o Alfa? Onde estava o próximo alvo?

Da janela minúscula, a lua saiu de trás de uma nuvem. Ela brilhava, redonda e perfeita como uma foice de prata.

Ele parou de correr, derrapando até parar onde pudesse ver o rosto dela.

Ele arqueou as costas e inclinou a cabeça para o céu, soltando um uivo triste para o orbe que o observava.

Então ele se virou, uma onda de raiva revivida correndo por suas veias, e bateu o ombro contra a porta.

Este não era um covil; esta era uma prisão. Tudo que Remus precisava era de uma fuga.




13 de abril de 1979

Acordando, em sua maior parte ileso, ele olhou para buracos no teto e fez uma tatuagem com os dedos.

Ai está o ritmo, ele pensou. Eu só preciso de um exército. E talvez alguns clarins.

Sirius demorou mais uma hora para entrar e pareceu chocado ao ver Remus acordado.

"Achei que você estaria fora", disse ele, olhando desconfiado para o corpo intacto do lobisomem. "Você se saiu bem este mês."

"Mmm."

"Acabei de perceber. Perdemos seu aniversario, sabe. Dez de março."

"Oh."

"Você não se importa?"

Ele encolheu os ombros. "Não particularmente."

Sirius sentou-se na cama ao lado de Remus. "Como você está se sentindo?"

"Legal."

Franziu o cenho. "Sério? Porque-"

"Eu disse que estou ótimo, Sirius." Ele se levantou de repente, ignorando uma pontada atrás do olho, e deu um passo à frente do bruxo. Ele se inclinou para frente e beliscou de brincadeira o pescoço de Sirius. Sua voz baixou para um rosnado. "Bom o suficiente para fazer isso."

Sirius, é claro, esqueceu sua preocupação inicial. Eles caíram na cama e, por um momento, o mundo era deles.

Ele nunca se sentiu tão confinado em sua vida. Nunca, mas por aquela lua na caixa de remédios encharcado de sangue (pedra e pedra e nada além de um sopro de ar fresco). A sala, agora que ele estava recuperado e não mais distraído pela audição, não mais confuso com o novo ambiente, ou maravilhado com a magia, havia perdido seu gosto estranho e se tornado nada mais que uma memória da casamata, as paredes que o cercavam uma gaiola de tijolo e gesso. De repente, sozinho e entediado, ele odiava aquela prisão dourada e as pessoas que ousariam confinar o lobo em tal lugar.

Silver Bullets // Tradução // WolfstarOnde histórias criam vida. Descubra agora