LUA CRESCENTE

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1 de março de 1979

A SALA DE INTERROGAÇÃO

O silêncio havia tecido uma teia frágil, e agora os dois garotos estavam presos nela, olhando indiferentes para o teto ou paredes, pensamentos zumbindo silenciosamente em suas cabeças.

O relógio no corredor bateu meio-dia com doze batidas, o som sonoro ressoando pela casa.

Houve um estrondo vindo do outro cômodo e um franco "Merda!" de James quando outro copo caiu de suas mãos.

Os gritos da praça do mercado próxima filtravam pela janela, trouxas que não tinham ideia do que realmente acontecia na enorme casa da esquina.

Mas no quartinho com a cama irregular e a cadeira desconfortável, não havia nada. Sirius brevemente se perguntou se Remus estava respirando. O silêncio era frio e estimulante, como um mergulho em uma piscina de gelo, e Sirius estava encharcado. Já era o bastante.

"De onde vêm as cicatrizes?" Ele perguntou, sua voz suave, mas chocantemente alta no silêncio da sala.

Remus ergueu os olhos. "O que?"

"Suas cicatrizes. De onde são?"

Ele olhou para cima como se a resposta estivesse no céu. "Lutas, principalmente. Algumas luas isoladas."

"Diga me sobre eles."

E naquele momento, Remus olhou para ele, e Sirius se sentiu por todo mundo como uma criança pedindo uma história aos adultos. Por um momento, o lobisomem pareceu exasperado, mas então ele franziu a testa, desviando seus olhos dourados novamente. Ele parecia inseguro.

"Lorraine Blakesley," ele murmurou, levantando o colarinho e batendo em um ferimento superficial na base do pescoço. "Temos essas lutas, só por diversão, e tem apostas e tal. Alguns anos atrás eu fiz muito isso e fiquei bom. Fiquei muito bom. Até que um dia Blakesley se levantou e disse que lutaria comigo. Eu fui arrogante." Ele olhou para baixo, rindo amargamente. "Fui tão arrogante. Vi uma senhora de sessenta anos e pensei que seria fácil." Ele parou abruptamente.

Sirius permitiu-lhe um segundo antes de incitá-lo a continuar. "E?"

"E ela me deu uma surra. Mesmo quando eu estava no chão, ela mordeu meu ombro ali, e arranhou com suas unhas afiadas e quebrou minha perna e me bateu e bateu até eu desmaiar. Eu acordei dois dias depois. Ela tinha quebrado minhas costelas em algum ponto, me causando uma concussão também, e minha perna estava horrível. Eu estava fraco. A lua era aquela noite, e se eu a tivesse passado com a alcateia eu teria sido destruído."

"Então o que você fez?"

"Eles encontraram um daqueles velhos porta-remédios por perto e me trancaram lá dentro, bloqueando a porta. Isso...bem, não era bom." Remus parecia estar passando a memória por sua mente porque naquele momento ele estremeceu. "Você conhece aquelas janelinhas? Eu podia ouvir todos correndo sem mim, e podia sentir o cheiro da presa lá fora, logo depois do meu alcance. Foi uma tortura. Eu me joguei contra as paredes tentando sair. Mal sobrevivi naquela noite, e demorou um mês inteiro para me recuperar."

"Oh," disse Sirius.

"Sim," ele riu, e então acrescentou como se para si mesmo, "Pelo menos isso manteve Greyback longe de mim."

"O que você quer dizer?"

Remus saltou e se virou como se esquecesse de que Sirius também estava lá. "O que?"

"O que você quer dizer com manteve Greyback longe de você? Achei que você não o conhecesse."

"Não conheço."

Silver Bullets // Tradução // WolfstarOnde histórias criam vida. Descubra agora