73 - Eu nunca vou te abandonar.

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POV Cosima Niehaus

A única coisa que consigo pensar, em que consigo me concentrar e me manter apegada pra não ter as malditas alucinações que pioraram consideravelmente nos últimos três dias, é em Delphine. Mesmo não querendo, mesmo não entendendo, e não tirando da cabeça que Paul está por trás disso. E Deangelis não consegue descobrir nada, ou ao menos diz que não conseguiu.

Delphine aparentemente não falou nada pra ela desde que chegou na França. Nada sobre o Paul ou algo da teoria que eu tenha na cabeça, das várias teorias... Só o que ela me disse foi que Delphine está bem e decidida, aparentemente feliz com a decisão que tomou e não sei se me concentro nisso e acredito que é verdade quando a minha intuição grita me dizendo que não está certo.

Mas como eu posso acreditar nela, estando em um estado mental deteriorado? Talvez seja só mais uma das minhas alucinações malucas que esse maldito tumor causa. Talvez seja só o meu coração querendo que seja uma armação do Paul que Art e Deangelis em breve vão descobrir.

Não sei no que pensar. Não sei no que acreditar. E isso me apavora tanto que só o que sei fazer é chorar, deixando todos preocupados comigo, além do que tenho estado mais disposta pra andar pelo hospital e procurar outros lugares pra sentar e admirar o céu pela janela como estou fazendo agora. Ou pelo menos tentando já que sei que meus olhos estão tomados pelas lágrimas que escorrem pelo meu rosto.

A falta que sinto é tão absurda que sinto falta de ar por sentir meu coração doer tanto.

- Oi querida. - escutei a voz da minha mãe do meu lado, se sentando e logo me abraçando me passando conforto, ou tentando pelo menos. Eu odeio que sintam pena de mim, odiava quando era pelo câncer mas agora não ligo mais porque realmente me sinto frágil diante de tudo, me sinto abandonada, enganada, e pra que? - Eu acordei e você não estava na cama.

- Eu vim dar uma volta, queria ver o sol nascer. - tentei me controlar me recompondo enxugando o rosto.

- É bonito não é?

- É... - confirmei em um sussurro - Há três dias eu diria que quando eu saísse daqui, uma das coisas que eu queria fazer era olhar o nascer do sol em uma montanha linda... - funguei dando um sorriso - Mas agora nem me imagino saindo daqui.

- Ah querida... - minha mãe afagou minhas costas.

- Nada faz sentido sem ela mãe. - eu me imaginava aos olhos de minha mãe. Como devo estar pálida, com uma cara péssima e inchada por só saber chorar e estranha agora que sem nenhum fio de cabelo já que tirei tudo ontem, depois de Charlotte tambem ter ido embora novamente para o lar adotivo, depois da piora e consequentemente morte de seu pai adotivo. - Não tenho mais Delphine, nem Charlotte. Não tem mais porque querer um mundo de oportunidades.

- Filha, não é bem assim.

- Mas é assim que eu sinto mãe. - olhei pra ela novamente - Eu não quero viver em um mundo onde eu não tenha Delphine do meu lado, onde eu não tenha uma família com ela, eu realmente não quero estar num mundo que não seja assim.

- Mas você ainda tem a Charlotte. Você disse a ela que tentaria tudo pra levar ela pra casa quando melhorasse e ela prometeu esperar...

- Eu não posso fazer isso sem a Delphine, mãe. - olhei nos olhos da mulher que me deu a vida - Eu realmente não quero e acho que nada vai me fazer mudar de idéia por enquanto e é por isso que eu decidi aceitar a cirurgia. - abaixei a cabeça sem repensar mais nesse assunto.

- O que? Mas você disse a Susan que ia pensar sobre o tratamento da IN2 somente...

- Eu não quero esperar mãe, não tem por que! Se eu morrer durante essa cirurgia então pelo menos eu deixo de viver essa angústia que aflige meu peito, esse inferno que tem sido conviver com essas coisas que minha mente cria.

The good side of life - CophineOnde histórias criam vida. Descubra agora