6 - Eu quero muitas coisas.

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POV DELPHINE CORMIER

A semana passou corrida, como sempre eu nem consigo ver que dia é no calendário, se ninguém comemorasse a sexta feira, no sábado eu viria trabalhar, com certeza. No entanto, Scott estava animado para o fim de semana e até tentou um convite. Obviamente recusei, não estava atrás de pretendentes, não agora, e acho que nem tão cedo.

- Hoje o clima realmente requer cama quentinha e um chocolate quentinho - Cosima falou comigo depois de três dias de puro silêncio. Não posso negar ter ficado surpresa, consideravelmente, minha raiva pelo que ela disse naquela noite já havia passado.

Não sou uma pessoa rancorosa. Bom, às vezes com pessoas que não gosto, mas Cosima não era uma dessas pessoas, aliás, estávamos nos conhecendo.

- É, Toronto diz que é o que tem pra hoje - sorri fraco olhando pra ela que estava parada me olhando.

- Sua casa tem lareira? Sabe... Pra aquecer bem a casa.

- Apartamento, Niehaus. - sorri outra vez de canto.

- Uma pena - seus lábios formaram um sorriso meigo.

- Com certeza. - peguei minhas coisas e caminhei em direção a porta.

- Bom, boa noite então. - desejou com a voz suave e doce, não contive em me virar e responder no mesmo nível.

- Boa noite, Cosima.

E saí me dando por vitoriosa em não querer ficar e conhecer um pouco mais as artimanhas de Cosima. Ela realmente é uma ótima cientista e Leekie acertou em cheio em nos colocar pra trabalhar juntas. É claro que Scott também tem seu mérito mas Cosima... É brilhante.

Esvai os pensamentos enquanto descia o elevador e logo quando dirigia o carro, pensando no que ia fazer nessa noite fria em Toronto, eu certamente precisara de fogo pra me aquecer mas me conformei que não teria isso.

Cheguei dessa vez sem me perder, era a primeira vez naquela semana, finalmente estava decorando o caminho. Olhei meu celular antes de sair do carro e verifiquei que minha mãe ainda não respondera minhas mensagens, bom, não do jeito que eu gostaria. Apenas visualizou e não me respondeu, o que já é motivo suficiente pra eu me preocupar. Sai discando seu número e logo caiu na caixa postal.

- Merde! - falei me arrependendo no mesmo minuto, minha mãe não tinha culpa do meu stress, apenas estava longe do celular. Suspirei entrando no elevador vazio e esperei chegar em meu andar.

Entrei, tudo como nós últimos quatro dias, silêncio total, banho quente, jantar, cama. No entanto, hoje, sentei à mesa da cozinha e olhei em volta mais uma vez sentindo a derrota tomar conta de mim. Sempre a mesma monotomia, a mesma insuficiência como filha, sem amigos. Apenas o que me prendia a este mundo era minha mãe e meu trabalho que afastava de mim os maus pensamentos e acontecimentos recentes.

Fechei os olhos buscando forças pra encarar mais aquela noite sozinha, eu realmente não sei por quanto tempo mais consigo aguentar.

Meu celular tocou me tirando do transe em que eu me encontrava, na tela escrito que era a governanta da casa, atendi o mais rápido que consegui.

- Delphine Cormier. - fiquei atenta ao que ela me diria em seguida.

- Srta.Cormier, eu sei que não está mais em casa mas deixou claro que se precisasse eu poderia ligar.

- Sim Grace, fale logo!

- É a sua mãe, ela tentou outra vez.

Silêncio. Eu não sei mesmo como responder isso, outra vez. Parece que é o mesmo filme se repetindo. De novo e de novo.

The good side of life - CophineOnde histórias criam vida. Descubra agora