Capítulo 2

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As portas foram abertas para Umeko quando se aproximou. A menina adentrou no local e seus olhos bateram no primeiro estranho que a olhava de volta. O rapaz que parecia ser pouco mais velho que ela tinha cabelos ruivos e olhos castanhos escuros, quase pretos. Seu pai, que ria de algo contado pelo colega, parou ao notar a presença da filha e se levantou para cumprimentá-la.

— Está belíssima, minha princesa. — Falou ele, com um sorriso orgulhoso. — Senhores, esta é minha preciosa e única filha mulher, Umeko Hoshino.

— É um prazer tê-los aqui hoje. — Disse Umeko em um tom de voz baixo e educado, fazendo uma reverência para o ruivo e seu pai de cabelos brancos.

— Fico honrado em estar diante de uma moça tão bonita. — O rapaz pronunciou com educação, abaixando um pouco a cabeça em sinal fraco de reverência. — Sou Masuke Tsune.

— E eu sou Noma Tsune, pai dele. — O homem de cabelos brancos falou. — Seu pai nos disse muito a seu respeito.

— Oh... é mesmo? — Ela manteve seu tom, embora tivesse uma pitada de sarcasmo nele que não foi notada pelos demais. Se perguntava se seu pai tinha dito tudo sobre ela mesmo, ou inventado como sempre.

— Sim, falou sobre sua educação, habilidades em serviço e inteligência. — Noma continuou, observando a menina se sentar perto do pai. — O senhor Hoshino disse que ensaia *shibu com frequência.

(*Shibu: dança do leque, apresentação que se integra a recitações de poemas e músicas. O dançarino, ou dançarina, costuma usar leques no ato e pode usar em artes marciais também.)

— Sim, ela se dedica muito a isso. — Seu pai respondeu no seu lugar, o que era mentira. Umeko até gostava de praticar quando não era forçada, o que acontecia bastante. — Minha filha é tão graciosa, se move perfeitamente como as ondas do oceano em um dia pacífico.

— Imagino. Sem dúvidas, é uma moça cheia de talentos. — Senhor Tsune se comoveu. — Gostaria de poder presenciar uma apresentação sua futuramente.

"Não diga agora, não diga agora." Umeko implorava em seus pensamentos.

— Ora, por que não agora? — Seu pai falou e ela se esforçou para não expressar sua decepção. — Umeko, minha flor, vá pegar seus leques.

— Claro, papai. — A menina sorriu docemente, se levantando e fazendo uma breve referência para os homens na mesa. — Volto logo.

Assim que as portas se fecharam atrás de si ao sair do local, Umeko expressou sua raiva e saiu batendo os pés em direção ao seu quarto. Ela entrou batendo a porta, fez uma bagunça para procurar os leques enquanto murmurava diversas coisas consigo mesma.

— Reunião idiota, homens idiotas, leques idiotas! — Dizia entre dentes.

Após achar, retornou ao local já com seu sorriso simpático que disfarçava seus pensamentos contrários. Os músicos se puseram em um canto, ela ficou em um espaço bom para se movimentar e começou sua dança no momento em que a melodia soou pelo local.

Seu pai a observou com orgulho e os convidados ficaram mais surpresos com tamanha graciosidade que chegaram a duvidar. Umeko se movia devagar, balançando os leques com tecido fino que pairavam como ondas no ar, cada passo era leve e delicado. A menina dançava pensando no quanto amava e odiava tal coisa. Gostava de expressar seus sentimentos através da dança, só que odiava quando fazia forçadamente para os outros pois não poderia expressar.

Dançando naquele momento que a garota teve uma ideia. Ela queria aprender jujutsu de alguma forma, por que não através do leque? Fazer feitiços com uma arte daquelas poderia facilitar bastante por já saber usar os leques. Um sorriso de quem aprovou a própria ideia surgiu em seu rosto, quem olhava pensava que ela tinha se agradado com os elogios lançados para si. A música se encerrou e Umeko parou, agradecendo pela oportunidade e entregando suas coisas para as servas que surgiram ao seu lado.

Desejo Velado - Ryomen SukunaOnde histórias criam vida. Descubra agora