Capítulo 3- Invasão

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Boa leitura 🍃

Vasculho o chalé a procura de qualquer coisa que seja útil em minha caminhada daqui a diante. Mas penso que talvez não seja uma boa ideia sair agora. Não sei por quanto tempo fiquei sob efeito dos componentes da gurguguma, mas compreendo que já é tarde para ficar de mãos abanando na floresta, e acho que por hoje já aprendi a minha lição. Se a pessoa que me salvou... ou devo dizer criatura (que é o mais improvável) voltar, não vou lhe dar a chance de se arrepender de me manter a salvo, porque já vou estar com algum objeto na mão, esperando apenas a hora certa de atacar. Posso ser medrosa, mas luto com dignidade.

Após remexer o pequeno chalé, me permito deitar no sofá e relaxar, afim de processar tudo que ocorreu hoje. A partir de agora tenho que contar comigo mesma e o que eu não pude amadurecer em cinco anos, terá que ser tudo agora. É incrível que nunca nem me passou pela cabeça a existência real de certas criaturas e de brinde acordo em um mundo em perfeito caos e repleto delas. Fico um tempo pensando e meus olhos pesam e mesmo não querendo, tolero o fechamento deles.

♧♧♧

Levanto em segundos e tento não ficar tonta, alguém está batendo fortemente contra a porta. Pego uma panela que parece ser resistente e fico atras de um balcão. A panela funcionou no filme enrolados, quem sabe funciona agora também.
Apenas esperando...o momento certo de atacar. Apesar da voracidade, minhas mãos tremem e minhas pernas estão bambas.

A porte se abre em um solavanco e revela dois meninos entusiasmados. Eles entram com rapidez e nem percebem minha presença. De soslaio saio de trás do balcão e os ameaços com a panela.

-Acho melhor voltarem para a floresta, se não quiserem perder as cabeças. -Falo voraz. Eles percebem que não estão a sós e fazem um sinal de rendimento.

-Quem é você? Não poderia estar aqui. -Um dos garotos fala. Ele tem os cabelos castanhos e sua boca solta múrmuros que não posso ouvir.

-Isso quem dita sou eu! -Tento parecer autoritária. O outro boceja, não parece preocupado.

-Pensando bem, você parece do tipo que se arrisca. -O de cabelos castanhos continua.

-Pois bem, são humanos, certo? -Digo entre dentes. Os lábios deles se curvam e eles começam a rir, para minha surpresa.

-Acha mesmo que se fossemos feéricos iriamos estar rendidos neste exato momento? -Agora o menino de pele pálida e cabelos negros diz.

-Talvez, poderia ser um truque, não acha? -Cerro os olhos. Eles parecem sorrir novamente. O que é tão engraçado?

-Se você parar de nos ameaçar, podemos conversar civilizadamente, que tal? -O de cabelos castanhos se refere com a cabeça a panela.

-E se eu não parar? -Digo.

-Aí, nós vamos lutar pelo abrigo, você sabe que está em desvantagem, dois contra um. -Eles se olham. Abaixo a panela devagar e dou um passo para trás.

-Não precisamos brigar, podemos dividir o chalé essa noite, não acha? -Ele fala, agora um pouco mais relaxado. A ideia não me parece boa, estou em desvantagem e eles podem facilmente me cabular pelas costas, enquanto eu estiver vulnerável e em um sono profundo.

-Não sei, não. -Falo.

-A vamos lá, não temos onde ficar e não somos vigaristas ou qualquer coisa do tipo, somos assim como você, humanos sem teto. -O garoto pálido diz e já começa a se acomodar no estofado do sofá. Folgado!

Paro para pensar, talvez ter companhia não seja tão ruim assim, claro que agora meu cuidado vai ter que dobrar, pois não confio neles, na verdade, acabei de conhece-los e ainda não sei em quem posso confiar. Dormir ao lado de dois estranhos é uma ideia que nem mesmo antigamente faria, mas quem disse que vou dormir? Eu os tiraria daqui, mas não tenho escolha e ficar sozinha já está me deixando mal, além disso posso persuadi-los para que me deem informações amanhã.

-Ok, podem ficar, mas só ate amanhecer. -Digo. E lá se vai uma noite de sono, talvez não me faça tanta diferença, já que passei cinco anos '' dormindo.''

-Sou Lorran. -O garoto pálido diz.

-E eu sou Rafael, a seu dispor. -O de cabelos castanhos fala e faz um sinal que militares fazem. -E você? Qual é seu nome? -Completa.

-Viviene. -Falo baixo, mas o suficiente para que escutem.

-Lindo nome. -Lorran diz.

-Obrigada. -Digo e sento em uma cadeira perto do sofá.

-O que a trás aqui? No meio da floresta? -Rafael pergunta. Eu penso.

-Estou à procura de alguém. -Falo calmamente. Não acho confiável sair contando minha história de vida por aí, se bem que eu já fiz isso, mas agora é diferente, isso pode se tornar uma fraqueza, pois eles convivem com esse novo mundo a muito mais tempo que eu.

-Entendo, nós, pelo contrário, estamos evitando alguém. -Lorran diz e se aconchega mais no sofá. Poderia dizer que ele pode capotar a qualquer momento.

-Hum, posso perguntar como sabiam que não havia ninguém no chalé? -Pergunto. Rafael pigarreia e Lorran parece estar cada vez mais caindo no sono.

-Conhecemos o proprietário, sabemos quando ele está fora. -Ele diz e após da um levantar de ombros.

-Então porque precisaram arrombar a porta? -Falo. Xeque-mate. Ele pensa e age como se eu tivesse descoberto o grande segredo de sua vida.

-Disse que conhecemos ele e não que ele é o nosso grande amigo. -Ele enfatiza o grande.

-Agora está fazendo sentido. -Falo. Lorran finalmente está completamente imerso no sono, deitado sobre o sofá e o ocupando quase todo o espaço dele.

-Agora vai ter que me dizer o porque de estar aqui, sabe? São trocas de informações. -Ele diz. Rafael parece esperto demais, comunicativo, eu diria.

-Estava passando e vi o chalé, entrei e o resto você já sabe. -Ele cerra os olhos, sabe que estou mentindo, mas parece ignorar.

-Ok, já esta tarde, não vai dormir?

-Nem pensar, acha que eu correria o risco? -Falo. Ele da um sorriso de canto.

-É mais esperta do que eu pensava, gostei de você. -ele diz e se achega para o lado de Lorran.

-Obrigada, eu acho. -Não posso confiar nele ao ponto de levar como elogio, tudo tem limite.

Espero que tenham gostado💞

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