Capítulo 9- Planos

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Boa leitura:)

Samuel percebe que estou olhando confusa em sua direção, ele só arqueia a sobrancelha e dá de ombros. Ótimo, ele me diz para não chamar a atenção e faz exatamente ao contrário.

Passo os olhos pelo local, parece que a cada minuto chegam mais feéricos, preparados para dançar e festejar até não poderem mais, nunca vi festa mais animada, confesso. Apesar da formação de grupos eminente, alguns só se divertem em duplas ou trios, podem não se encaixar no estereótipo formado.

Enquanto estou analisando e pensando em estratégias para os meus planos, me sinto observada, descaradamente observada. Me assusto ao ver o goblin que devo um favor, porem tento não transparecer. Ele é a criatura que eu menos esperava ver esta noite, achei que só os feéricos bem de vida frequentavam festas da corte, e ao meu ver, o goblin não era um desses. Apesar dos três metros que nos separam, me percorre um arrepio na nuca quando ele me olha e range os dentes afiados. Ele sabe que sou humana, e com esta informação, acabar com tudo que planejei agora mesmo não seria difícil, mas acho que o mesmo não se daria ao trabalho, até porque lhe devo um favor e não poderia cumprir o combinado presa nas profundezas da terra feérica. Suspiro e tento deixar de lado a tensão do corpo.

Alguns elfos da corte conversam entre si, a conversa parece boa, um deles olha em minha direção, ele é alto e possui um brilho diferente nos olhos, desvio o olhar.  Minha intenção é apenas observar sem me notarem, pelo menos por enquanto.

O rei fica rígido no trono e murmura algo para a criatura ao seu lado. David, o de cabelos vermelhos, e o moreno Andrew, os príncipes amargurados por não terem herdado a coroa (Eu estaria amargurada) ficam ao lado do trono, juntamente com a princesa. Logo, todos olham fixamente para a figura que tem a coroa perfeitamente alinhada a cabeça, a rainha não está diferente, sua expressão não esconde a magnitude do que vem a seguir.

-Caro povo de Faymor, convoquei todos vocês e não só meus amigos da corte, e é por dois motivos que vieram até aqui esta noite. – O rei tem a expressão dura e a fala centrada. A maioria presente murmura se instigando, todos esperam ansiosamente a continuação da fala do rei. – Um dos motivos, todos já sabem, hoje comemoramos os primeiros cinco anos de meu reinado, espero que todos continuem me apoiando daqui pra frente. – Alguns gritos de aprovação são ouvidos, mas logo cessam para dar lugar a noticia que esperam ser a mais importante. – Como já sabem, sou o filho mais velho e fico feliz em anunciar que sou o primeiro a dar continuidade a nossa linhagem e espero que David e Andrew sejam os próximos – Todos se olham com indignação, ainda processando o que acabaram de ouvir. – O mais novo príncipe está a caminho! – Mais gritos de aprovação são escutados. O rei continua falando, porém não ouço uma única palavra, estou um pouco tonta, existem muitas criaturas reunidas com pouco espaço entre elas, e o calor que está fazendo hoje não ajuda, passo por fadas, Elfos e até Ninfas. Respiro o ar puro da varanda, foi bom ter finalmente chegado em um local em que posso respirar e ter pelo menos o metro quadrado onde estou vazio, o alvoroço que se formou no salão estava sufocante. Acredito que esta seja uma boa notícia para o povo de Faymor, a criança que a rainha espera poderá ser rei no futuro, porem estava claro que um dia isto iria acontecer, porque agem com tanto entusiasmo? Talvez só queiram um motivo para festejar, afinal já ter de tudo deve ser entediante. Finalizo estes pensamentos.

-Vivi? – Me viro. Samuel me encontrou.

-Vim tomar um ar fresco. – Digo. Ele fica ao meu lado.

-Prometo que depois te explico sobre Sarah. -Franzo a testa, ele faz o mesmo.

-Sarah? Quem é Sarah? -Pergunto. Ele aperta os olhos.

-A princesa de Faymor, Sarah! – Minha expressão provavelmente indica que só agora entendi.

- Ah, não precisa me explicar nada, você não me deve isso. – Falo. Olho para frente, respiro novamente do ar puro. Ele olha para os pés.

-Ok, bom, a festa vai durar provavelmente a madrugada toda, podemos sair antes de terminar, nos encontramos lá fora? - Pergunta.

-Sim, te vejo lá! – Samuel sorri e vai em direção ao salão. Faço o mesmo trajeto e encontro a fada de mais cedo, a que me instigou a vir. Seu vestido é impecável, os detalhes são delicados.  Ela ergue as sobrancelhas que se direcionam ao grupo de soldados, antes que eu possa me aproximar dela, não a vejo mais. Uau, que engraçado. Olho para o grupo enturmado de guerreiros, eles vestem as fardas de Faymor, podem estar trabalhando e festejando, ou só querem deixar claro quem são, não sei exatamente. Apesar de saber com quem tenho que falar, não ficou claro o que a bela e fantástica fada insinuou, talvez eu devesse conquistar o general... ou talvez só o impressionar de modo que ele me deixe entrar no treinamento de soldados ao menos. Claro que existe a possibilidade daquela fada só ter se aproveitado de mim para dar boas risadas esperando que eu vá ser rejeitada por Brandon. Se a questão for esta última, ela vai se arrepender amargamente se eu conseguir a atenção do mesmo. Todos esses pontos me levam a uma única ação, falar finalmente com Brandon, vou tentar impressiona-lo primeiramente, se não funcionar, eu parto para a conquista, não faço a mínima ideia de como fazer isso, mas também nunca tentei para me condenar. Trouxe chama da lua comigo, espero de coração que eu só a use para demonstrações e nada mais.

Antes que eu me aproxime dos soldados, minha garganta seca, viro um copo com um liquido roxo de uma vez, o gosto me deixa tonta, mas eu me recomponho e ando na direção do outro lado do salão. Tudo por meus pais e por pelo menos um pouco da minha vida de volta.

-Sou Viviene Leclerc e preciso falar urgentemente com Brandon. -Falo. Os soldados olham para mim. Um em especifico cutuca outro que está de costas, conversando animadamente e tomando uma taça de vinho, ele se vira, estou tremendo, mas mantenho a postura. O que imagino ser Brandon olha para mim entediado, minha boca seca novamente. Não o imaginava assim, ele provavelmente tem vinte e três anos, seu rosto parece ter sido estupidamente esculpido a mão, seus cabelos pretos caem sobre os olhos, que são incrivelmente obscuros. Ele tem a postura de um general. Seu olhar agora direcionado a mim, me queima por dentro.

- Hum, do que se trata? – Ele diz.

Espero que tenham gostado :)

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