Capítulo 11- A sede de Faymor

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Boa leitura.

Termino de fazer uma trança embutida em meus cabelos, fico satisfeita com o resultado, pego meu casaco e encontro Samuel ao lado de fora do dormitório.

- Não teria oferecido esse passeio se soubesse que iria demorar tanto. -Ele diz, os braços cruzados.

-Não enche! Francamente. – Começo a andar até o lado de fora, passo pelo goblin que guarda a entrada e a saída, não espero por Samuel, ele tem sido estranhamente reclamão. Fomos andando até um grande terreno, quinze minutos de caminhada entre algumas arvores e grama, não é como na dimensão humana, aqui eles estão sempre em contato com a natureza. Entro no edifício com Samuel, não tenho certeza de onde estamos, mas guardo palpites. A entrada é simples, mas o interior, apesar de simplório, já dá significado ao local, um amplo campo, que provavelmente são realizados treinamentos, espadas brilhantes, uma parede com impressões de guerreiros, soldados que venceram guerras. Isto me intriga, eles já guerrearam entre si? No passado, ou no presente? Estou indignada, a raça mais bem sucedida e avançada lutando um com os outros. Uma feérica de cabelos ruivos me desliga dos devaneios. Ela sorri, seus dentes brancos brilham.

-Você deve ser Vivi! Samuel me falou sobre você, vou te ajudar e explicar algumas coisas enquanto ele está ocupado. – Seu sorriso não cessa, da onde vem tanta alegria? Dou um sorriso amarelo, ajuda vai ser sempre bem-vinda.

-Obrigada! Não sei como agradecer. -Ela continua sorrindo. Será que os músculos de seu rosto não doem? Sou guiada por ela até o outro lado do local.

-Vi você outro dia. -Dessa vez ela não está sorrindo. Finalmente, neutra. Me preocupo com sua afirmação, mas não demonstro nervosismo.

-Quando, onde? -Pergunto. Ok, talvez minha resposta não tenha ajudado, apesar de ter falado com calma.

-Na grande festa de Faymor, estava entre os soldados quando chamou Brandon para uma conversinha particular. -Engulo a seco, não sei aonde ela quer chegar com isso. Rapidamente, ela sorri de canto, não é um sorriso como os outros, é mais...comum. Ela segue, como se nada tivesse acontecido, ameniza o clima.

-Esta é a sede de Faymor para treinar soldados, como deve saber, grandes guerreiros surgiram aqui e vão continuar surgindo, acredito no potencial de Samuel, ele tem se dedicado. – Isso me surpreende, Samuel, um humano como eu, como pode se adaptar tão bem ao estilo de vida feérico ao ponto de se igualar a outros como soldado.

-Também acredito no potencial dele, agora mais do que nunca.

-Convenhamos, ele não é um dos primeiros da turma, mas o que admiro é a força de vontade. – Concordo com a cabeça. Agora o buraco já é mais embaixo, ele não é tão bom, tem força de vontade, como poderia se igualar a soldados feéricos?

A Elfa se apresenta como Lana e me guia pela sede, me mostrando cada detalhe, eles levam extremamente a sério o treinamento. Lana me explica coisas básicas e outras complexas.

-Agora que já conhece o local, se for soldado, seguira uma rotina aqui, como outros.

-Entendo! – Digo. Ela finalmente para de caminhar.

-Alguma pergunta?

-Quanto tempo dura o treinamento? -Ela me olha de cima a baixo.

-Depende, se for servir o rei, dois anos, se for servir a sua vida como guerreira realmente, nunca parara de treinar. – Sua face me diz que essa é uma informação simples, que eu já deveria saber.

-Sou a supervisora de sua turma, vai me ver com frequência se conseguir se encaixar. -Sorrio contra minha vontade, tudo isso é muito estranho, seu comportamento... -Agora pode me dizer suas reais intenções, o que conversou com Brandon? -Ela estreita os olhos. Fico surpresa pela pergunta.

-Foi uma conversa particular, não é da sua conta. -Após falar, me vem um arrependimento, ela pode me ferrar se quiser.

-Estou de olho em você, sei sua identidade, espiã de meia tigela, espionando para sua corte inferior, a história de que é amiga de Samuel e está tentando ser soldado, não me convence. -Extremamente seria, ela espera uma resposta e me olha com escarnio. Espero uma risada, espero ela falar que se trata de uma brincadeira, mas isso não acontece.

-Lamento decepciona-la, mas não sei do que está falando. -Faço minha melhor expressão para mostrar inocência, mas ela continua com os olhos estreitos.

-Uma deslizada e saberei que estou certa. -Ela se afasta, desfilando pelo campo, me deixando confusa, preocupada.

-Vivi, já terminei de aquecer, hoje não terá o treino completo, vamos pra casa. -Samuel diz. Apesar de discordar dele no termo "casa",  confirmo com a cabeça e o sigo.

♧♧♧

-Como foi com Lana? -Ele pergunta enquanto come uma torrada.

-Samuel, aquela Elfa é pirada. -Faço uma careta, ele franze a testa.

-Ela sempre me pareceu normal.

-Não foi o que aparentou hoje, ela me acusou de estar espionando para uma ''corte inferior''. – Faço aspas com os dedos. Ele dá uma gargalhada.

-Isso deve ter sido edificante de se ver, agora me lembro, já me contaram boatos sobre ela acusar amigos de trabalho de coisas intrigantes.

-Não foi legal. -Ele sorri. E com as mãos em minha face, me faz sorrir a força. – Eu não estou rindo! – O garoto continua gargalhando, o que claro, também me arranca sorrisos, que cessam logo.

-Preciso de um plano, um plano bom, que não custe muito mais da minha vida. -Olho fixamente para um canto, pensando.

-Não vai custar sua vida, se você puder aproveitar cada momento, mesmo dentro do plano. – Ele diz.

-Como posso aproveitar sabendo que minha mãe está sendo escravizada por algum feérico louco como Lana? -Digo. Ele apenas morde os lábios. 

Espero que tenham gostado.

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⏰ Última atualização: Oct 14, 2021 ⏰

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