Capítulo 6- A outra dimensão

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Boa leitura♡

Coloco as mãos juntas e espero algum deles falar mais do que um ''Uau''.

Mas nada ressoa, então eles se entre-olham e aparece um sorriso na boca de cada um.

-Acho melhor você não olhar. -Rafael diz. Eu permaneço no lugar, com a expressão indicando curiosidade e ao mesmo tempo desconfiança.

-Digo o mesmo, você está um tanto irreconhecível. -O garoto pálido sorri com o canto dos lábios.

-Vocês só podem estar de brincadeira com a minha cara, francamente, falem logo algo mais objetivo! - Digo e mordo os lábios impaciente. O humor em seus rostos é nítido.

-Ok, vou pegar o espelho, acho que esta por aqui. -Lorran diz e vai em busca do tal objeto refletivo.

-Vou falar a verdade. -Rafael diz. Pego o espelho da mão de Lorran que volta a sentar no sofá e me preparo para o pior, relembrando o porque de ter que passar por isso. -Você está magnifica Vivi! -No mesmo momento em que Rafael fala, pausadamente e com intensidade, olho para o espelho em minhas mãos. Um arfar é soltado automaticamente por minha boca. Meus traços estão mais fortes, meus olhos felinos e a minha pele parece ter sido banhada pelo sol, é patético, mas é literalmente o que me veio a mente. Minhas orelhas pontudas fazem um charme simplório, enquanto os meus fios de cabelos escuros caem sobre meus olhos, de tão macios e leves. Mesmo quando não achava possível a existência dos tais, sempre ouvi dizer que elfos são jovens donos de grande beleza, o que é totalmente um fato, vendo agora a prova. Agora entendo o porque dos meninos me olharem daquele modo.

-Você já era linda Vivi, mas como feérica, você realmente se destacou, juro que quase perdi o ar! -Lorran faz uma encenação como se tivesse levado um tiro enquanto cai no sofá. E então rimos todos juntos.

-Como Elfa, você vai poder se infiltrar melhor, eu acredito. Já que elfos estão acima de goblins ou outras criaturas de baixa classe. - Rafael fala. Sorrio e me olho mais uma vez. Me sinto do mesmo modo que fico quando faço esgrima, me sinto temida.

♧♧♧

Acordo e dou um longo bocejo. Essa noite pareceu realmente longa, me sinto ainda impotente, meus olhos lacrimejam e meu corpo parece reagir da mesma forma, estou completamente suada, como se tivesse acumulado água no corpo ao decorrer da noite. Lembro-me vagamente dos sonhos, ou devo dizer, pesadelos, nos quais pareciam tão reais quanto tudo que passei nos últimos dias. As memorias da madrugada voltam como uma tremenda avalanche que me atinge em cheio. Somente eu, na dimensão feérica, infiltrada como uma deles, com um enorme capuz sobre o rosto, quase bloqueando por completo a minha visão que é restrita apenas para o chão, vozes gritam em meu encalço, anunciando que descobriram que sou humana, e agora, pessoas que não identifico correm para me alcançar, acabo em uma prisão subterrânea e avisto a minha mãe ao longe, me encarando em sua cela que é de frente com a minha, porem nenhuma palavra sai de sua boca, fico atenta aos seus olhos, eles estão sem vida, sem cor, tão cansados e impotentes quanto seu corpo, magro e fraco. Tento chamar sua atenção, mas ela parece não me reconhecer, sua vista não deve enxergar mais que um palmo de distância, e então tudo acaba, as lembranças só atingem até esse momento.

Olho para os lados, afim de encontrar Lorran ou Rafael, mas eles não estão no recinto. Levanto da cama improvisada e vou ao banheiro, volto após alguns minutos e vejo os dois meninos se arrumando, provavelmente para o nosso compromisso de hoje atarde. Decido não comentar o pesadelo recente, para falar a verdade, esse tipo de pesadelo tem sido constante desde que descobri que poderia ir a dimensão feérica, e dividir os pensamentos do fundo do meu subconsciente com eles nesse momento, não seria o mais adequado a se fazer. Hoje é o grande dia, o dia que darei o maior passo para encontrar minha mãe, o dia do meu maior progresso desde que acordei do coma. Após acha-la, encontrarei o meu pai. Não espero que tudo volte ao normal com a minha família unida, porem também não quero pensar em lidar com o futuro agora que estou no presente, meu maior objetivo é claro.

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