— Se uma sereia adoecer, ela vai ao médico ou ao veterinário? — a voz de Ruby veio do outro lado da linha.
— Aaah... — Aaron não fazia ideia de como responder a essa pergunta — Ela provavelmente deve ir aos dois, nunca se sabe.
Não demorou muito depois que saíram para Ruby ligar para ele, só deu tempo de Aaron dar banho em Jack. Sua sorte era que Sean estava com ele, então ele poderia arrumar a cozinha.
Ruby estava deitada no sofá, com seu pijama com estampa de picolé e seu elefante de pelúcia sob o braço. Ela ficava mexendo os pés e olhando para eles enquanto falava com Aaron no telefone. Era a coisa mais adorável. Uma imagem de milhões.
— Como a Chapeuzinho Vermelho vai se chamar se ela tirar o chapéu?
— Ela ainda vai ser a Chapeuzinho Vermelho, só que sem o chapéu.
— E se ela quiser usar um chapéu amarelo, o nome dela vai ser Chapeuzinho Amarelo?
Ruby era uma máquina de perguntas. Sua dúvida eram genuínas, e de dar nós na cabeça de qualquer adulto.
— Eu não sei, pequena.
Se Aaron não soubesse que ela tinha quatro anos, poderia jurar que ela tinha uma lista de perguntas a qual estava lendo ao telefone.
— Por que existem pessoas malvadas? Se elas não existissem, mamãe não precisaria sair de casa. E meu papai estaria aqui.
Aaron suspirou. Essa era difícil. E tinha certeza que essa atormenta Ruby todos os dias, e irá persegui-la pelo resto da vida, mesmo que não seja com a mesma intensidade.
— As pessoas são más por diversos motivos. Porque perderam alguém, porque sofreram algum trauma, porque são doentes...
— Eu perdi meu papai, eu sou má?
— Não, querida, você não vai ser má por causa disso. Você só tem que obedecer a mamãe, tá bem?
— Tá bem.
Emily estava escutando tudo, como jantaram na casa de Hotch, não tinha muita coisa para fazer. Tinha alguns arquivos do trabalho, mas ela não estava afim. Ela ria baixinhos das perguntas de Ruby, e se pegava querendo saber o que Hotch respondia. Mas quando Ruby falou "Se elas não existissem, mamãe não precisaria sair de casa", o trabalho realmente a faz ausente, isso faz Emily se sentir mal. Ruby literalmente gruda nela quando ela volta de um caso, isso mostra o quanto sua filha sente sua falta. Por isso Ruby chorou quando Hotch disse que tinha um filho no aniversário de JJ, Ruby gostava de atenção. Gostava de ser o foco. Isso não fazia dela problemática, apenas carente. Ela tinha uma mãe que trabalhava muito e não tinha um pai. Mas ela é boa em todo o resto.
Quando Ruby adormeceu no colo de Hotch, talvez ela tenha tido isso como algo paternal e Ruby sempre foi carente disso. Foi por isso Emily evitou apresentá-la a alguns caras que ela tentou namorar (foram dois, não passou de uma semana). Ela se apegaria rápido e se machucaria na mesma velocidade. É assim que Ruby ver Hotch, como uma figura paterna e ela já deixou bem claro que ela quer que ele seja o pai dela.
Emily pensa que isso é um castigo divino. Por que não Derek que era divertido e brincalhão? Ou Dave, que lhe daria a lua em um cordão se ela pedisse. Ela querer Hotch simplesmente não faz sentido na cabeça de Emily.
O fato de ela querer presenteá-lo no dia dos pais diz tudo e mais um pouco.
Emily sabe que Hotch busca não alimentar as fantasias dela, mas ele age exatamente como Owen agiria. Ela se pegou pensando isso hoje. O modo como ele sede aos seus caprichos sem que ela perceba que está desdobrando-o, o modo bobo como ele tocava a ponta do nariz dela, os apelidos carinhosos, o modo como ele a recebia com a mesma alegria que a dela. Aaron Hotchner adorava a filha dela, ele nunca contou, mas ela sabia disso.
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Uma Segunda Chance
FanficAaron perdeu sua ex-esposa para um assassino e Emily perdeu seu marido em uma missão, ambos tiveram que aprender a criar seus filhos sozinhos sem a ajuda de um cônjuge. Contará muito da insegurança de Aaron.