Uma Segunda Chance

Capítulo 22

Não era a primeira, nem a vigésima que Aaron pisava em um clube, especialmente nos que tinham grande foco em golfe, mas clube de gente rica ainda conseguia surpreendê-lo. A sensação era que se pisar errado na grama bem cuidada resultaria no seu cartão de crédito estourado. E visualmente nem era tão distinto dos clubes comuns, mas a atmosfera no ar era inconfundível. Fedia a gente rica e a mesquinhez.

No entanto, apesar de ter se deixado encurralar pelo pai de Emily, Aaron estava animado para jogar golfe. Fazia um tempo desde a última vez que jogou.

Porém, ele devia ter lembrado que a família de Emily é rica e tudo que faz é com excelência e elegância. E Alexander era exatamente assim.

E estava acabando com ele no golfe.

Mal haviam começado, caramba!

— Por que aceitou meu convite? — perguntou Alexander depois de uma jogada inumana de perfeita.

Pessoas talentosas são extremamente irritantes. Que raiva.

— Desculpe, não era um convite genuíno? Achei que estava louco para passar um tempo comigo.

Era o espírito da derrota o possuindo, por isso essa petulância. Nunca que o responderia assim em outra ocasião.

— É por que acha que pode me fazer mudar de ideia sobre você? — Era um alívio que ambos estivessem com óculos de sol, assim Aaron não poderia ver os olhos de Alexander focados nos dele. Uma experiência terrível.

— O quê? — Aaron quase praguejou quando sua jogada foi pior que a de Ruby uma hora atrás com seu pequeno taco rosa brilhante. — É isso que pensa? — O dar de ombros foi seu sim. — Não foi por isso. Eu apenas precisava... sabe, da sua negatividade sem fim. De uma grande dose de humilhação.

— Por quê? — Alexander pareceu curioso e foi o primeiro olhar agradável que recebeu dele desde que o conheceu.

— Porque eu sou apaixonado por Emily, como o senhor bem sabe. É bom escutar de você que eu sou um fracassado que nunca vai merecê-la.

— Vocês se beijaram no dia em que te fiz o convite.

— Você viu? — Isso era constrangedor ao extremo.

Alexander fez que sim.

— Aquilo não quis dizer nada. Emily apenas estava vulnerável e achou que queria me beijar. E, — Aaron suspirou quando mais uma vez Alexander foi ótimo — por motivos que eu não sei explicar, ela gosta da minha barba.

— Você não é bom para ela mesmo. — Observou Aaron dar sua tacada medíocre e continuou — Até o pior namorado de Emily era muito bom no golfe. Owen, é claro, era excelente. Foi a única pessoa que quando jogávamos, não sabia se ganharia.

Aaron fingiu que não doeu ser comparado com o marido perfeito de Emily.

— Por favor, continue — Aaron incentivou, ainda que desejasse que Alexander usasse sua cabeça como bola. Imagine só como o mundo seria belo se Aaron perdesse literalmente a cabeça.

— Você me entende, não é? Você é um cara descente, eu acho, mas Emily merece mais que isso. — É, tudo seria melhor se Alexander fosse um idiota como pessoa. Mas era perceptível que só estava querendo proteger a filha. — Além do mais, essa coisa de chefe e subordinada é muito clichê, não é?

Que droga, seria mais fácil passar por isso se Alexander fosse o pior pai da história do mundo, mas não é o caso. Aaron entende de pai ruim e esse homem não é um desses.

— Obrigado, sr. Prentiss.

— Pelo quê?

— É bom escutar de alguém que não seja eu mesmo.