Pov's Arizona
Quando eu era pequena, papai me presentou com uma linda bicicleta, na qual á muitos meses eu o pedia, já que meu anivérsario estava próximo. Por vários dias seguidos, eu ralava meu joelho. Eu ainda não sabia pedalar sem as rodinhas, e sempre que me machucava, eu saia desesperada chorando, até minha mãe que sempre falava "vai passar filha, logo, logo essa dor passa, e você já vai está melhor", e eu acreditava. Ás vezes passavam horas, e até mesmo dias, sentindo aquela dorzinha chata, mas eu acreditava que ia passar. Talvez isso realmente funcionasse quando eu tinha meus 6 anos, mas agora? Essa era a pior dor que já havia sentido em toda minha vida.
Aquilo doía de uma maneira que eu não conseguia explicar.
Minhas mãos começaram a tremer, e sentia como se naquele momento, o ar fosse inexistente, pois já estava ficando cada vez mais díficil de respirar, parecia que minha garganta ia se fechar a qualquer momento.
Se acalma Arizona.
Eu não ia ter uma crise de choro ali, mas não ia mesmo.
Não conseguia entender por que ela estava fazendo aquilo. A cada dia que se passava, Callie me deixava mais confusa. Em certos momentos, parecia que o sentimento era recíproco, mas em outros, ela simplesmente fugia.
Ter que me submeter a vê-la o beijando, como se fossem íntimos a longa data, fazia meu estômago embrulhar, e parecia que estava pronto a expulsar toda refeição que havia comido mais cedo. Os murmurinhos ao redor, já eram ouvidos, e as pessoas os olhavam como se fossem a atração do dia.
Quando se afastaram, eu os fuzilava intensamente, enquanto tentava controlar minha respiração, que aos poucos voltava a se normalizar. Senti a presença de minha amiga ao meu lado, mas não tirei meus olhos dos dois que estavam a minha frente.
- Arizona, acho melhor sairmos daqui - ela disse, e em sua voz, eu percebia que estava preocupada.
- Você viu aquilo? Ela fez de próposito - eu falava tentando me manter calma, mesmo que por fora, eu estivesse tentando parecer forte ao presenciar tudo aquilo. Por dentro meu coração estava em pedaços.
- Deixa isso pra lá - ela disse, mas eu não deixaria passar, não dessa vez.
- Não April, eu já fiquei calada por tempo demais, e aguentei calada ouvindo todas a mil e uma desculpas que inventava para sair de perto de mim, mas agora já deu - eu falei decidida, a vendo me olhar com um expressão confusa.
- O que você vai fazer minha amiga?
- O que eu deveria ter feito a muito tempo - falei, sem nem esperar por uma reação sua.
Caminhei até eles sem nem esperar por uma resposta, enquanto sentia o sangue em minhas veias borbulhar.
- Então era por causa dele que você estava me evitando? - falei um pouco mais alto do que deveria.
- Não sei do que você está falando - respondeu, e minha raiva só aumentava, eu não estava para seus joguinhos de fingimento naquele momento.
- Eu estou falando de você sair beijando qualquer garoto que vem na sua frente, só pra ter algum motivo pra me manter longe de você - minhas palavras já não saiam tão pacificas assim, e agora ao nosso redor, algumas pessoas já estavam com suas atenções voltadas a nós.
- Calma ai loirinha, eu não sou qualquer garoto, eu tenho nome.
Eu revirei os olhos.
- Eu sei disso, mas prefiro chamá-lo apenas de "garoto" já que saber seu nome não vai fazer diferença nenhuma pra mim - falei ríspida, voltando a fitar Callie - Preciso falar com você.
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Aprendendo a Amar - Calzona
Teen FictionO que acontece quando o que era preto e branco se torna colorido? Callie é uma menina de 16 anos, que sofre abuso sexual de seu padrasto. Acostumada com sua realidade, ela vive uma dia de cada vez, deixando que a alegria de seus dias seja preenchida...