2- LINDO, DEBOCHADO ( MAÍRA)

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-Eu quero que ele morra! - Falava andando pelos cômodos, fechando todas as janelas e portas. Eu o seguia. - Não me importo com ele, Maíra! -Seus olhos arregalados me julgavam, podia sentir.

- Arlo, você não entendeu... Eu me casei com ele antes... - Expliquei como se fosse amenizar. - Mathias!- Gritei, meu filho corria atrás do gato, me deixando ainda mais nervosa.

Em seguida, um som de batidas chamou nossa atenção. Meu pai estava à porta, se anunciou a mim por pensamentos.

- É ele. - Disse, direcionando-me à sala.

- Quem, Liam?- Arlo perguntou no impulso e depois fez careta, reparou que não fazia sentido seu questionamento. - Já sei... ele está preso no submundo... - Me remedou. Depois ficou alerta.

Abri a porta e César entrou, mas não estava sozinho. Logo que meu marido olhou o rapaz forte, sem camisa que estava em nossa casa, eu arrisco dizer que ouvi seu rosnado.

- O que é isso? - O comandante perguntou indignado. - Maíra, não fique olhando! - Reclamou.

Todos eles se entreolhavam. Eu fazia parte desse "todos", mas essa insegurança em Arlo, eu sabia, jamais iria embora a partir do momento que eu disse que também pertencia a outro. Mas como queria ganhar a discussão anterior, obedeci.

Eu ouvi uma risada baixinha vindo do meu lado esquerdo e não era do meu pai. Ele era um homem bonito, não vou negar, e debochado. Isso não iria dar certo, pensei.

- Vocês já estão prontos? - O feiticeiro perguntou. Ajeitava sua capa, olhava para baixo.

- Nós não vamos! - Arlo respondeu. César levantou o rosto rapidamente.

- Nós vamos sim! - Rebati com um olhar provocador.

- Eu não vou deixar Mathias sozinho. - Insistiu.

- Ele não vai ficar sozinho. - Disse, ao me aproximar de meu marido, pois falava sem me encarar. - Meu amor, nós precisamos de você. - Agi mais calma, tentando persuadi-lo. Segurava seus ombros.

- É sério que o mundo está acabando e vamos ficar aqui esperando esses dois se decidirem? - Indagou o moço seminu a César.

- Quem é você, para me desrespeitar em minha casa? E cadê o resto de suas roupas? - Arlo avançou em sua direção, ficando cara a cara com ele. O rapaz usava apenas uma tanga de couro, que só pude reparar após o descuido de meu marido, ao deixar de me vigiar a fim de enfrentá-lo.

- Amor, calma... Ele vai ajudar a gente. - Disse nervosa. Arlo me olhou pensativo. Toda aquela informação parecia muito para ele. - Ele vai conosco... Estava em minha visão. E podemos deixar o nosso filho com a Rita. - Determinei imediatamente.

Arlo fechou os olhos e respirou fundo. Esse movimento me causou agonia, pois repetiu mais algumas vezes. Todos nós aguardávamos sua resposta.

- Você gosta desse cara ainda? Desse Liam? - Questionou-me, ardendo em ciúmes. Todos voltaram os olhares para mim, até meu filho e o gato, coincidentemente, eu acho.

- Eu não... Nem lembrava dele até pouco tempo. Claro que não... Eu... só... Eu só... A gente só precisa evitar que algo bem ruim aconteça.- Respondi sofrivelmente, tentando parecer verdadeira, mas havia falhado. Falhado comigo mesma. Arlo me olhava desconfiado.

-Podemos ir? - Meu pai estava impaciente. - Maíra, não temos muito tempo.

Nós precisávamos nos antecipar, principalmente pelas condições de César. Ele tinha um problema cardíaco, percebido desde criança, o que dificultava traçar caminhos longos de maneira corrida.

DEUSES DA FLORESTA 2 - NA CHAMA DO TEMPOOnde histórias criam vida. Descubra agora