Os dias passaram voando. Ontem a noite, digamos, eu não fui "trabalhar". Vanda veio dar o aviso de que eu não iria me prostituir pois tinha que descansar para o leilão de hoje, aquela vadia estava tão feliz, ela deve esta soltando fogos de tão feliz que está com a minha futura desgraça.
Acordei meio desnorteada com o susto que Jessica me deu, ela estava uma hora feliz noutra triste.
"Eu não quero que você vá." Disse tristonha.
"Eu não quero ir, eu to com medo Jess"
"Vai ficar tudo bem, eu prometo!" Jess passou a mão pelos meus cabelos.
"E se não ficar?" Perguntei enquanto mordia o lábio inferior .
"A gente sempre da um jeito." Sorriu "Para um pouco e pensa Sam, você tem mais chances de fugir estando lá onde estiver do que aqui."
"Eu sei. Mais e você?"
"A gente da um jeito, não se preocupa, vai ficar tudo bem."
A Jess tinha um dom de me acalmar, eu estava apreensiva, nervosa, estressada, com medo, tudo em uma pessoa só. Eu sempre fui a mais velha mais a Jess sempre tinha mais maturidade misturado com um pouco de esperança que um dia tudo ficaria bem. Pensando por um lado seria até bom eu sair daqui mais a questão é, o que me esperá-la fora? E se eu sofrer mais do que eu sofro aqui? Sofrer eu sei que vou, mais eu tenho medo, tenho que demonstrar que não tenho.
Fui tirada dos meus desvaneios quando a cela se abriu.
"Samantha Moore, venha para a cabine em 10 minutos." O auto falante ecoava pela cela.
E era assim que o inferno começava..
Todos os longos anos que passei aqui sempre foram assim, já vi várias meninas passando por isso, mais nunca esperei que eu fosse passar, achava que não sobreviveria até aqui. Sempre era o mesmo processo o auto falante ecoava por qualquer que fosse a cela, você teria 10 minutos para estar na cabine, tinha que se despedir de todas as pessoas que você é amiga e provavelmente nunca mais verá, você tem que tentar se despedir em 5 minutos quando o outro toque bate, você tem que estar fora da cela, quando você sai e a cela se fecha, já era.. Se você achava ruim, você vai ver o que é pior.
"Se cuida, eu amo você mais que tudo nessa vida, tenta não morrer não arranja confusão, sobreviva até eu sair daqui e quando eu sair seja em qualquer lugar que você estiver, eu vou te encontrar, você é a melhor parte dessa desgraça toda. Eu amo você Sam,leva isso contigo." Jess dizia em meio as lágrimas e me deu um colar, que ela sempre dizia que era o amoleto dela, que protegia de todo mal, dentro do colar tinha uma foto minha e dela.
"Não tenho palavras, eu te amo e eu prometo, eu vou voltar por você." Peguei o colar com a mão direito fechei a minha mão com a minha força e abracei-a.
Na noite passada Jess e eu aviamos conversado sobre tudo, já havíamos nós despedidos várias vezes e chorado muito por sinal.
O outro toque escoou pela cela, estava na minha hora.
Andei em direção a cabine, nunca havia entrado lá, mais sabia o caminho pois já havia passado em frente, estava somente com a roupa do corpo e segurando o colar, sem malas, sem nada.
Abri a tal porta da tal cabine, por fora a pessoa acha que é pequeno mais por dentro, é gigante, não imaginava que isso fosse a tal cabine. De uma lado tem várias coisas de hospitais, do outro é como se fosse um salão e do outro um closet de roupas e sapatos.
"Mais que porra é essa?" Pensei
"Olá vadia, surpresa?" Perguntou Vanda enquanto entrava no local.
"Nenhum pouco" menti "Sério que eu vou ter que te aturar aqui? Coitada das meninas que já ficaram aqui" provoquei
"Pode ser irônica querida, você não imagina o quanto estou feliz hoje. Que saber o por que? Ops ops, eu mesma digo. Vou me livrar de você, seu pé no saco." Sorria histericamente
A minha vontade era de subir em cima dela e arranhar a cara dessa vadia todinha. Quando pensei em fazer alguma coisa, pessoas entravam no local.
"Vamos começar o procedimento!" Afirmou uma mulher de jaleco
"Pera aí, que procedimento?" Perguntei surpresa
"Cala a boca e obedece vadia"
"Sua vaga.." Fui pra cima de Vanda, porém fui interrompida
"Já chega!" Gritou Chay. De onde foi que ele saiu? Não via ele dês do dia que dormimos juntos a dois dias atrás. "Vocês duas já ficaram chatas."
"Mais eu vou me livrar dessa horrorosa meu amor" falou Vanda enquanto acariciava o peito de Chay.
Não me contive e sorri alto.
"Ta rindo de que piranha?" Perguntou Vanda surpresa
"Mais eu vou me livrar dessa horrorosa hoje "meu amor"" ironizei Vanda "Te enxerga velhota" sorri
"Sua..." Vanda foi interrompida por Chay
"Pra minha sala, agora!" Chay apontou para a saída encarando Vanda
Vanda saiu resmungando alguma coisa que não pude entender. Chay estava indo logo em seguida e o chamei.
"Chay?" Encarei-o " Que procedimento é esse que ela vai fazer?"
"Isso" voltou ele
"Isso o que?" Perguntei
"Isso que eu vim te explicar e acabei esquecendo. Ela vai fazer alguns procedimentos em você, te examinar, ver se você tem alguma doença ou algo do tipo, pra colocar no relatório, depois que ela checar tudo, você irá arrumar cabelo, unha entre outras coisas, lembrando que você não escolhe sua roupa, são elas que escolhem roupa e lingerie. Boa sorte." E assim, ele saiu da sala.
"Vamos começar!" Disse a mulher
"Eu não tenho escolha." Fiquei cabisbaixa e então a série dos tais exames começaram.
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Tráfico
Romance"Eu quero nós. Mais nós. Grudados. Enrolados. Amarrados. jogados no tapete da sala. Nós que não atam nem desatam. eu quero pouco e quero mais. Quero você. Quero eu. Quero seu beijo. Quero seu cheiro. Quero aquele olhar que não cansa.”