03| Que o inferno comece. Part II

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Algumas horas depois...

Meu coração estava a mil, passei por um processo insuportável de exames, depois de um tempo a mulher que me examinava disse que eu estava bem, que eu era uma menina saudável e blá blá blá.

Ela perguntava algumas vezes o porque da minha tristeza se era o meu aniversário. Coitada, não sabe nem da missa metade.

Depois dos exames, passei por outro processo, só que dessa vez era de beleza. Se eu estivesse no mundo lá fora, adoraria tudo que estava acontecendo, digo, estou fazendo exames pra ver se estou bem e to passando por um processo todo digamos, no salão.

Estava definitivamente pronta, usava uma lingerie preta, meu cabelo estava no penteado perfeito, as roupas eram vulgares porém bonitas.

Uma mulher logo mais cedo, veio deixar uma lista de regras, de como eu devia agir e o que aconteceria comigo quando chegasse lá.

"Ta na ho.." Chay pausou assim que entrou na sala e me viu. "Puta merda, cê ta gostosa hein!" Sorriu enquanto se aproximava de mim, ele segurou uma das minhas mãos me rodando.

Em outras horas eu até riria, mais agora. O meu coração estava a mil.

"Obrigada." Sorri falsamente.

"Qual é Sam, da um sorrisinho verdadeiro, pra mim vai." Segurou as duas mãos em minha bochecha.

Eu queria chorar, estava nervosa demais, o que poderia acontecer comigo?

"Não da."Fitei-o.

"Olha, vai ficar tudo bem, ta bom? De todas aquelas vagabundas, você sempre foi a minha preferida." Encarei o, era mesmo necessário ele me chamar de vagabunda? "Tá, não que você seja uma vagabunda porque não é. Voltando. Você sempre foi a minha preferida, eu não queria que você fosse, mais você não tem escolha como anos atrás eu também não tive."

Espera aí, do que, que ele ta falando?

"Como assim você não teve escolha?" Interrompi.

"Deixa eu terminar de falar porra. Isso mesmo, eu não tive escolha, não me pergunta porque não vou dizer."

"Mais mais.." Interrompi mais uma vez.

"Samantha!"Gritou. "Eu sei que você quer ir embora daqui mais que qualquer outra pessoa, eu não poderia te ajudar a fugir, ou era a sua cabeça ou a minha, entende? Você indo seja lá pra onde, vai ser melhor, tem mais chances de você fugir."

"Você quer que eu fuja?" Perguntei incrédula.

"Não é que eu queria. Mais você quer?"

"Só quero que esse inferno acabe."

"Ele está só começando ninfeta ." Disse Vanda sorrindo enquanto entrava na sala. Chay a encarou, ela perdeu a pose de durona rapidinho. "Ta na hora." Disse saindo.

Chay segurou a minha mão para que fossemos.

Estávamos no corredor quando parei de andar e segurei o seu braço.

"Chay."Tirei o cordão que estava entre minha lingerie e segurei na minha mão. "Coloca isso pra mim?"

"Isso faz parte da roupa?" Perguntou enquanto olhava para o colar.

"Não."

"Então não." Continuou andando. "Você vem ou não?"

"Só depois que você colocar." Disse emburrada.

"Caralho Samantha cê faz birra até nessas horas. Me dar logo essa merda, se der ruim tu te vira." Ele voltou e colocou. "Agora vamos logo."

Saímos da boate, olhei para o céu e dei graças a Deus, por um lado eu iria me livrar daquele inferno mais por outro, iria ser pior. Faz tanto tempo que eu não via o céu, só vira pela grade e era bem pouco. Estava chovendo, meu Deus, a chuva, como é bom.

Fui reto. Chay segurou o meu braço.

"Ta louca?" Perguntou me puxando. "Se você chegar molhada o prejuízo é nosso, então espera a desgraça do Cardoso vim com o guarda chuva."

Ficamos de baixo do negócio da boate por uns 2 minutos e o Cardoso chegou com a limo.

A primeira vez que entrei em uma limosine foi com a Vanda, a anos atrás.

Estávamos chegando no lugar esperado. Tinha vários carros luxuosos ali, o lugar era enorme por fora, gigante mesmo, por dentro deve ser incrível.

Descemos do carro e subimos para a parte de cima, eu estava com um roupão desde que sai da boate. Tinha várias meninas ali, várias mesmo, uma mais linda que a outra, cada uma dava um olhar torto pras outras.

Na prancheta que o Chay segurava deu p ver que eu era a garota número 15, e que a minha sala era a 15, eu não entendi.

Pegamos um elevador até a sala 15. Era linda a sala. Sentei-me e esperei. Meu coração acelerava a cada passo que ouvia. Tudo, mais tudo, era motivo pra uma batida ser mais forte que a outra.

O elevador apitou e saiu um homem lindo, seu rosto era familiar.

"E aí Chay." Disse o homem dando um tapa na cabeça do Chay. "Quem é a garota dessa vez?"

"E aí sumido. Ela." Apontou pra mim. Em seguida Chay deu a prancheta para ele.

"Samantha Moore." Disse.

"Eu conheço você?" Perguntei interrompendo-o.

"Sou o chefe da boate onde você trabalhava. Sou um cara, digamos, sem nome." Sorriu.

Quando ele disse a palavra chefe, eu queria subir em cima dele e bater, ele fala com tanta naturalidade. Deve ser natural obrigar as garotas a se prostituir.

"Tenho umas regrinhas básicas para você vadia." Veio em minha direção sentando logo em seguida.

"Vou deixar vocês a sós, vou preparar o terreno." Chay disse indo em seguida para o elevador, ele me deu um olhar, como se quisesse avisar algo. Antes da porta do elevador fechar ele disse algo baixo que eu pude entender. Obedeça-o.

Só tinha eu e o tal chefe naquela enorme sala.

"Quais são as regras?" Perguntei sem demonstrar medo.

"Primeiramente tire o roupão."

Ele disse e eu obedeci.

"Agora vire-se."

Virei. Ouvi um barulho e ele estava se aproximando mais de mim.

"Fique de quatro."

"O que?" Perguntei incrédula.

"Obedeça!"

"Não." Disse virando para encarar.

"Como disse?"

Obedeça-o. As palavras de Chay passava pela minha cabeça.

"Nada." Virei, fazendo assim o que ele pediu.

"Tira a roupa."

Qual é, ele queria me comer mesmo?

"Vai dar mó trabalhão."Disse.

"Tira."

Tirei a roupa, assim como ele pediu, ficando assim de lingerie.

"Bonita lingerie." Disse ele sorrindo.
Não falei nada, apenas fiquei parada. "Tira." Ele disse e logo depois se sentou em um sofazinho.

Sim, ele iria me comer e eu estava com medo, como na minha primeira vez. Pensei.

Tirei a lingerie ficando nua.

"Agora vamos brincar." Sorriu maliciosamente

"Ãn?" Perguntei. Não estava entendendo nada.

"A brincadeira é fácil pra você!" Afirmou.

Que porra era que esse idiota tava falando?

"Que merda de brincadeira é essa? Isso não estava nas regras." Perguntei confusa.

"Quem dita as regras sou eu vadia." Sorriu. "A brincadeira se chama, vai ou racha. Se você me der prazer, você vive. Se não me der, ou você morre ou volta para boate. Simples. Você tem duas opções, ou deixar que eu foda você direito ou se foder e acabar morrendo por sua própria culpa ou voltar pra lá." Sorria enquanto olhava loucamente para cada curva do meu corpo.

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