Senhorita Freire

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FÁTIMA FREIRE

Acordei ao escutar o alarme, levantei, dei um beijo no meu marido e fui tomar banho. Ao sair desci as escadas e fui tomar café.

- Bom dia Fátima. - Meu marido disse ao me beijar. - Não vai trabalhar hoje?

- Resolvi esperar a Dra. Andrade.

- Isso tem haver com a nossa conversa de ontem?

- Talvez. - Dei um leve sorriso.

- Fátima, por favor, A Dra. Andrade está sendo a primeira médica que nossa filha não reclama. Pega leve.

- Você fala como se eu fosse me meter no trabalho dela. - Falei e vi a Dra Andrade entrar.

- Bom dia senhora Freire.

- Sente, beba um café. - Falei apontando para o banco.

- Adoraria, mas tenho que fazer os exames em Juliette primeiro.

- Ela ainda não acordou. - Levantei e coloquei café em uma xícara e entreguei a ela.

- Obrigada.

- Me conte um pouco sobre você...

- O que quer saber? - Rebateu. Eu ainda não entendia como Juliette não havia reclamando dela ainda, nunca vi pessoa mais fria que essa mulher. - Não sei... Você é casada?

- Não. - Foi tudo o que ela disse. E o silêncio preencheu a cozinha novamente.

- Bom dia. - Juliette apareceu na cozinha fazendo com que eu e Sarah a olhassemos assustadas.

- Juliette? - Falamos juntas. - Como... - Tentei falar mas nada saiu.

- Senhorita Freire? Quem te ajudou a descer as escadas? - Pelo seu tom eu não sabia se era curiosidade ou se estava brigando com ela.

- Ninguém... Eu desci sozinha. - Ela caminhava lentamente para o banco. E Sarah levantou rapidamente.

- Eu vou me trocar para te examinar.

- Juliette, você está bem? - Falei indo em sua direção para ajudá-la a subir no banco.

- Não preciso de ajuda. - Falou afastando minhas mãos. - Eu consigo sozinha.

SARAH

Rapidamente fui ao banheiro me trocar, eu não podia acreditar que finalmente estava tendo algum progresso. Eu estava tão feliz. Quando cheguei na cozinha, Juliette estava sentada no banco.

- Está sentindo alguma dor, enjôo ou tontura? - Perguntei pegando meus equipamentos para examiná-la.

- Sarah, antes de você começar a me examinar, eu poderia antes tomar meu café da manhã como uma pessoa normal? - Me perguntou rindo, resolvi ceder, mesmo contra minha vontade.

Eu e a Sra. Freire estavamos sentadas de frente para Juliette, nada falávamos, apenas tomávamos nosso café enquanto a encaravamos.

- Dá pra parar de me encarar. - Juliette protestou. - Eu estou bem, por que não podem ficar contentes com isso?

- Nós estamos Juliette... É só que... - Sua mãe tentava falar.

- É só que, você não conseguia descer as escadas sozinha e agora...

- E agora eu consigo.

- Mas como? Quero dizer... - Sua mãe falou.

- Mas é claro. Eu tirei algumas medicações e mudei outras, isso pode estar ajudando.

- Você fez o que? - Pela primeira vez vi Fátima brava. - Com que permissão você trocou e tirou os medicamentos da minha filha?

- Minha equipe e eu acreditávamos que alguns desses... - Não consegui terminar de falar pois ela me cortou.

- Não me interessa o que você e sua equipe acham. - Falou. - Eu sou a mãe
e Juliette não é um experimento de vocês.

- Eu sei senhora Freire.

- Não, não sabe. Se soubesse teria pedido a minha permissão antes, ou pelo menos teria me comunicado.

- Mãe...

- Não Juliette. Sua mãe está certa, eu deveria ter pedido permissão antes.

- Mas eu estou bem.

- Mas poderia ter dado errado. - Fátima disse ainda brava. - Poderia ter piorado, ou... Ou.... Deus me livre acontecido algo pior.

- Isso não irá se repetir. - Falei. Eu me sentia humilhada, nunca em toda a minha carreira, fui chamada atenção desse jeito.

- Não mesmo. - Ela se levantou e subiu as escadas brava.

Juliette

Eu entendi porque minha mãe estava assim, mas não precisava exagerar afinal ela não podia estar contente por eu ter conseguido fazer algo por mim mesma? Sarah estava visivelmente chateada com aquela situação, ficamos caladas por um tempo, até minha mãe descer as escadas arrumada.

- Irei sair, espero que não haja mais nenhuma surpresa sem eu ser consultada. Espero que cuide da tosse da Juliette, não sei o que deu a ela, mas ela tossiu a noite toda. - Dito isso, saiu pela porta.

- Sarah, não ligue para minha mãe. - Susurrei segurando sua mão, tentei me levantar, mas meu joelho falhou, quase fui para o chão. Sarah rapidamente me segurou e me levantou, fazendo com que eu ficasse tão perto de seu corpo, aponto de sentir seu cheiro. Ela me olhava preocupada e segurava forte em minha cintura. Ao levantar minha cabeça me deparei com seus lábios próximos aos meus.

- Obrigada. - Susurrei e ela não me afastou ou me largou.

- Tome cuidado Juliette. - Sua voz saiu rouca. Passei meus braços pelo seu pescoço me dando um apoio. - Acho melhor examinar sua... - Antes que ela pudesse falar mais eu a calei com um beijo, fechei meus olhos e me senti nas nuvens, senti seus braços apertando ainda mais a minha cintura, sua lingua pedia passagem, e eu permiti até...

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Nada a declarar.

You save me (Finalizada) Onde histórias criam vida. Descubra agora