Sarah

2.2K 294 146
                                    

Regina

Eu podia perceber que ela não acreditava em mim, mas eu estava falando muito sério, não desistiria até achar uma cura.

   - Juliette, eu preciso medir sua pressão. - Ela sentou na cama, tirou o casaco e me deu o braço. Quando segurei o mesmo me assustei com os hematomas que haviam. Provavelmente eram das injeções que ela tomava. - Tenta não mexer o braço. - Falei e ela apenas abaixou a cabeça. - Ótimo, sua pressão está normal, eu preciso saber se você está sentindo alguma dor.

  - Não.

   - E preciso checar seus batimentos cardíacos. - Ela se levantou e fomos para um quarto cheio de equipamentos médicos, e lá havia uma esteira, a preparei e comecei a avaliação. - Quando não estiver aguentando mais, por favor me avise.

  - Ok. - Falou ofegante e nem correndo estava, apenas caminhando.

   Passou-se uns 10 minutos e logo a vi falar. - Eu... Eu não consigo. - Disse, saindo da esteira.

   - Tudo bem. - Entreguei a ela uma garrafinha de água e vi seus olhos cheios de lágrimas. - Você está bem?

   - Eu quero ficar sozinha. - Me retirei do quarto. E minha vontade de curar essa menina aumentou.

   - Dra. Andrade eu tenho que ir ao trabalho, não devo demorar muito. - A senhora Freire falou se retirando.

  Agora era oficial, eu realmente era a médica de Juliette, eu não sabia se ficava contente com um trabalho tão importante, ou se entrava em desespero, por medo de falhar.

   - Dra. Andrade. - Juliette me chamou com a voz fraca. A encontrei sentada no chão, chorando de soluçar. O chão estava sujo, ela havia vomitado.

   - Juliette... Calma. - Tentei levanta-lá, mas era inútil, ela não conseguia se mexer. - Você precisa me ajudar, tente levantar. - Eu podia ver que ela estava tentando, mas não era o suficiente.

    - Eu não consigo. - Falou soluçando. Eu não sei o que deu em mim, eu apenas me sentei atrás dela e a abracei, fiquei assim até que ela parasse de chorar. Eu nunca me comovia emocionalmente com nenhum paciente, mas algo nela estava mexendo comigo de uma forma que eu não entendia.

  Quando ela parou de chorar, eu me levantei e a deixei sentada no chão, e fui limpar o chão. Depois comecei a ajudar ela a se limpar.

   - Me desculpa. - Tentava falar.

   - Você não tem que se desculpar por nada.

  
Juliette

Dra. Andrade parecia estar se sentindo culpada, eu sabia que não era culpa dela, afinal como ela poderia saber que a esteira me fazia passar mal?

   Eu estava tão envergonhada, e sabia que minha vergonha iria piorar, pelo que estava por vir.

   - Juliette, você já consegue levantar?

   - Acho que sim. - Ela segurou em minha cintura, e passou meu braço por seu ombro, juntei toda a minha força, ou o que restava dela, e consegui ficar de pé, porém sabia que não conseguiria andar sozinha.

   - Vamos, você precisa de um banho. - Ótimo, era tudo o que eu precisava para me sentir mais envergonhada. Ela me levou ao banheiro, não no meu pois eu não conseguiria subir as escada, me sentou no vaso e começou a preparar a banheira.

   Depois que a banheira estava cheia, ela desligou e veio até mim. Eu não queria que ela me visse sem roupa.

   - Chame a minha mãe, por favor. - Pedi quase implorando.

   - Juliette, ela está no trabalho. - Abaixei minha cabeça, isso não podia estar acontecendo.

  - Ei, eu sou médica, não precisa ficar assim. Prometo que não vou olhar. Eu vou olhar apenas nos seus olhos, não desviarei deles. - Eu não tinha muita opção então acabei concordando. E como prometera, em nenhum momento ela desviou os olhos dos meus. Depois de já estar nua, ela me ajudou a sentar na banheira e virou de costas. - Talvez se eu ficar assim, você se sinta mais confortável. - Ela disse.

   - Obrigada. - Ela era a primeira médica que eu tive que parecia se importar, aquilo era estranho para mim. Sai dos meus pensamentos quando seu celular tocou.

   - Juliette, terei que atender, qualquer coisa me chame.

  Sarah.

   Sai do banheiro e atendi a ligação.

  - Oi amor.

   - Oi mamãe. - Lucas falava ofegante, provavelmente estava correndo.

  - Cadê você? Estou no hospital e você não está aqui.

   - Aconteceu um emprevisto amor, não sai daí, já mandei uma mensagem para a sua tia, ela passará aí daqui a pouco para te buscar. - Confesso que Lucas tinha mais juízo que minha irmã Kerline, mas não havia outra escolha.

  Encerrei a ligação e voltei ao banheiro, entrei no cômodo ainda sorrindo, mas meu sorriso se desfez ao ver Juliette chorando.

  - O que aconteceu? - Ela nada disse, apenas me olhou com os olhos brilhando em lágrimas.

   - Nada... Apenas pensando.

   - No que está pensando?

   - Meus pais. Eles se dedicaram tanto por mim, que acabaram esquecendo de viver a vida deles. - Ela falava e eu tentava entender aonde ela queria chegar com aquilo. - Eu estou morrendo, posso sentir isso...  - Um desespero cresceu em mim. - E tudo o que eles fizeram e deixaram de fazer por minha causa, não vai ter servido de nada.

  - Ei, eu não vou deixar que você morra. Você ainda vai viver muito. A melhor equipe de Santa Maria está trabalhando no seu caso.

  - Você não entende... Eu não quero uma cura. - Falou rindo. - Eu quero ser feliz, quero ir do lado de fora, quero sentir a chuva nos meus cabelos, sentir o calor do sol na minha pele... Não preciso estar curada para isso acontecer.

   - Sua imunidade é muito baixa, você ficaria doente e não resistiria.

   - Eu não tenho medo da morte.

_____________

Volteiii, prometo um pequeno drama nessa história, talvez um grande drama kkkkk. Espero que vocês estejam gostando.

O capítulo não está revisado, espero que não tenha erros. Escrevi ele todo enquanto comia pizza. Passei o dia inteiro com enjôo e sem conseguir comer, eu até poderia pensar que estou grávida caso eu não fosse virgem. Enfim, até o próximo.

You save me (Finalizada) Onde histórias criam vida. Descubra agora