o que eu devo fazer?

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Ao amanhecer, nós arrumavamos tudo para poder ir embora, tanto Lucas quanto Juliette não estavam gostando da ideia, mas eu não liguei, precisava fazer o que era certo.


Já estávamos no avião, Viviane e Kerline estavam brincando com Lucas mais distantes de mim e de Juliette, que olhava fixamente para a janela.

- Um beijo pelos seus pensamentos - Brinquei com ela, porém Juliette deu um leve sorriso sem olhar para mim - Ju, nós ainda vamos voltar aqui.

- Não é isso.

- Então, o que foi?

- Nada, não aconteceu nada - Continuava olhando para a janela.

- Acho melhor fecharmos isso! Vamos começar a decolar agora - Estendi meus braços para fechar a cortina, mas ela me impediu - Tá, você não está bem, e não quer me falar, assim fica difícil Juliette.

- Sabe, eu estive me perguntando, o fato de você ser minha médica e namorada ao mesmo tempo te machuca muito?

- Do que está falando?

- Estou falando que eu não quero te ver sofrer, eu sei que como minha médica, se eu piorar, você vai ter que ficar comigo a todo momento, ver coisas e fazer coisas que nenhuma namorada deveria ver ou fazer.

- Eu não entendi, você está terminando ou me demitindo? - Ela me olhou tristemente, e pude ver seus olhos cheios de lágrimas.

- Eu não sei, me diz você.

- Eu não quero terminar com você e muito menos afastar de achar uma maneira de te curar. Por que não deixamos como está?

- Porque está te machucando e eu não suporto isso.

- Ju, não por favor, passamos por tanta coisa...

- Coisa que nenhum casal normal passou.

- Aí está sua resposta. Você ainda não percebeu meu amor? Nós não somos normais - Falei e ela sorriu - Eu te amo e não vou me afastar, a não ser que você queira.

- Eu não quero.

- Então estamos resolvidas.

Juliette

Para a minha tristeza chegamos em casa, meus pais ainda não haviam chegado de viagem.

Kerline e Viviane foram para casa com Lucas que já estava dormindo.

Subi e tomei um banho, assim que saí do banheiro senti um cheiro delicioso e resolvi descer. Não havia descido nem quatro degraus e senti uma pontada em meu estômago, apertei minha barriga e fiquei assim por um tempo até passar.

- Oi amor, não te vi aí - Sarah falou sorrindo - Ju, o que foi?

- Nada - Disfarcei e desci as escadas me jogando em seu colo, a fazendo rir. - Eu te amo muito - Mordi sua bochecha.

Comemos a sopa que Sarah fez e nos deitamos no sofá para assistir.

- Sah - Falei e comecei a tossir - Aí droga.

- Vou buscar sua bombinha no quarto e já volto.


SARAH

Subi as escadas correndo e comecei a procurar a bombinha dela, abri seu armário e ri ao me deparar com umas 10 jaquetas pretas, abri suas gavetas e nada ainda.

- Amor, já passou. - Ela gritou, mas eu continuei procurando para o caso dela voltar a tossir.

- Já estou descendo - Gritei de volta e abri a última gaveta que faltava, achando a bombinha e um caderno, uma curiosidade me instigou e folheei as páginas, parei em uma e comecei a ler.

"3 de dezembro,

Hoje é meu aniversário de 18 anos, nossa quanta emoção não é mesmo?! Só que não. Eu não consigo gostar do meu aniversário, não consigo gostar de mim, por que eu não podia sumir? Ou dormir e nunca mais acordar? Isso deixaria todos mais felizes e poderiam seguir com suas vidas sem que eu atrapalhe tudo..."

Não consegui terminar de ler, voltei a folhear as páginas e vi algo que me chamou a atenção.

"12 de maio,

Hoje que descobri o que é paixão, seria errado me apaixonar por minha médica?! Bom se for, eu não ligo. Ela me faz tão bem. Meus pais vivem falando o quão estou mais sorridente e disposta, eu a culpo. Mas ao mesmo tempo que isso é tão maravilhoso, e todos dizem que eu estou bem melhor, no fundo eu me sinto mais fraca, uma dor enorme cresce dentro de mim e eu não posso falar para ninguém. Não porque eles não entenderiam, mas por entenderem não me deixariam viver o pouco que eu quero. Optei por sofrer em silêncio e dizer que está tudo bem, para que Sarah e eu possamos viver nem que seja por pouco tempo..."

- O que está fazendo aí? - Juliette entrou no quarto sorrindo. - Sarah o que é isso? O que você tem aí? - Entreguei o caderno a ela.

- Por que?! Eu achei que... Você não está de sentindo melhor?

- Isso é meu, você não deveria ter mexido - Brigou comigo.

- Você está mentindo todo esse tempo? Juliette, como você pôde?

- O que quer de mim?

- A VERDADE - Gritei.

- Então tá... A verdade Sarah é que eu não estou bem, nunca estive... Sim por um momento os remédios realmente fizeram algum efeito, mas não por muito tempo. Eu queria aproveitar o tempo que temos, queria fugir da minha dor. Eu nunca vou melhorar Sarah, achei que você já havia se convencido disso.

- E o que devo fazer? - Perguntei em meio as lágrimas. - Ficar sentada esperando você morrer? Desculpa Juliette, mas eu te amo demais para fazer isso.

- E eu não quero - Sua voz era calma - Não quero que você espere a minha morte junto comigo, quero que você se divirta comigo, quero que realizemos todos os nossos planos juntas enquanto eu ainta estiver aqui. Sei que pode parecer egoísta da minha parte, mas...

  - Eu não vou desistir Juliette... Ainda tenho esperanças.

You save me (Finalizada) Onde histórias criam vida. Descubra agora