SARAH
Eu já estava com os Freires cerca de uma semana, e tudo que consegui fazer foi com que Juliette perdesse mais peso. Eu estava me odiando por isso.
- Como está se sentindo hoje, Juliette? - Entrei em seu quarto e rapidamente ela escondeu algo, que eu jurava ser um caderno, de baixo do seu travesseiro, confesso que fiquei curiosa por um breve momento, mas ela o escondeu, obviamente não queria que eu visse, então fingi não ter visto nada.
- Estou melhor. - Falou. - Só por favor, não me faça andar naquela esteira novamente. - Falou rindo, não achei a menor graça e a olhei seriamente. - Relaxa, foi apenas uma brincadeira.
- Não achei a menor graça. - Falei seriamente, a deixando com um meio sorriso.
- Desculpa. - Susurrou. Mas não falei nada, fingi não ter escutado.
Fiz os exames matinais nela, e não houve nenhuma alteração, ou seja, não houve nenhuma piora, mas também não houve melhora.
JULIETTE
Sarah fez os meus exames, ela não falava comigo, a princípio achei que ainda estivesse chateada por conta da brincadeira, mas algo me dizia que tinha algo mais.
- Dra. Andrade, poderiamos ir para a sala? - Ela me olhou como se eu tivesse feito uma pergunta idiota.
- Claro Juliette, por que não poderíamos?
- O que eu quis dizer é... - Respirei fundo. - Poderia me levar para a sala? Não consigo descer as escadas sozinha. - Falei envergonhada, eu detestava ser dependente das pessoas o tempo todo.
- Oh, sim. Claro, me desculpe. - Falou me segurando enquanto desciamos as escadas. Ela me guiou até o sofá e me entregou o controle, depois de limpa-lo e ter passado um plástico nele, dizendo ela, o controle tem muitas bactérias.
Sarah se retirou da sala indo para algum lugar, comecei a passar pelos canais, depois de 10 canais minha mão começou a doer, então acabei deixando em um filme qualquer.
- O diário de uma paixão? - Sarah apareceu do nada, me dando um leve susto. - Escolha interessante. - Ela se sentou ao meu lado. Na verdade eu não gostava muito do filme, e não estava no clima para filmes dramáticos.
- É um filme legal. - Meu ego não deixava eu falar sobre minha dor.
- Ou será que é por que você está escondendo algo de mim? - Ela falou pertinho. - Do tipo... Uma dor nas mãos?
- Tal... Talvez. - Gaguejei.
- Juliette! - A olhei envergonhada. - Eu sou sua médica, preciso saber se está tudo bem com você. Quer mesmo assistir esse filme?
- Não. - Me rendi.
- Fazemos assim. - Pegou o controle. - Irei passando os canais e se ver algo que lhe interessa, me avise. - Ela passou por alguns canais.
- Pare. - Ela o fez e tudo que eu consegui foi encarar a televisão com um sorriso no rosto.
SARAH
Eu não entendia o que ela via de interessante em um programa sobre turismo.
Eu a olhava sem entender e seus olhos brilhavam.
- Que lindo. - Susurrou. Foi quando ao olhar a tela reconheci o lugar.
- Veneza é realmente muito lindo. - Ela me olhou com um sorriso que eu ainda não tinha visto.
- Você já esteve lá? - Ela me perguntou como se fosse em outro planeta.
- Sim. Minha vó é italiana, eu sempre passava as férias lá.
- E como é lá? Digo, o clima, as pessoas.
- É lindo, atrevo-me a dizer que é um dos lugares mais lindos que já vi. O clima não agrada a todos por ser frio demais ou quente demais, porém para mim é perfeito. - Parei de falar, fazendo com que Juliette me olhasse.
- O que foi? - Perguntei rindo.
- Eu entendo porque você quis ser médica...
- Entende?
- Sim, o mesmo clichê de todo médico, para salvar vidas. - Ela explicou e eu concordei. - Mas por que em Santa Maria?
- Porque é minha casa. Se não fosse em Santa Maria, aonde mais séria?
- O mundo está a sua disposição... Então por que ficar em um lugar só? - Ela abriu um sorriso, eu entendi o que ela queria dizer.
- Porque tenho um filho de 10 anos, ele precisa de um lugar fixo.
- Sabe... Quando eu era pequena, pensava que algum dia eu iria conhecer o mundo todo. - Seu sorriso foi sumindo.
- E você vai! - Segurei suas mãos, sorrindo. - Eu prometo que acharei uma cura, e não falto com a minha palavra. - Qual vai ser o primeiro lugar que você vai querer visitar?
- Sarah. - Falou tristemente. - Eu não penso mais nisso, nunca vou poder sair por aquela porta, eu nunca vou poder ver o mundo sem ser pela televisão.
- Juliette... - Quando eu ia falar ela me cortou.
- Sarah, tudo bem. - Deu um leve sorriso. - Eu já superei.
Eu queria chorar, gritar... Não conseguia entender porque ela tinha nascido assim, qual era o propósito disso? Por que eu não consegui achar uma cura? Mas eu não podia desistir, e o mais importantes, eu não poderia deixar ela desistir.
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You save me (Finalizada)
FanficJuliette freire, uma jovem de 20 anos, que nunca saiu de casa, por conta de sua doença. Seus pais preferiram deixa-la em casa do que em um quarto de hospital. Nunca teve contato com o mundo exterior, e as poucas pessoas que conhecerá eram seus mé...