Capítulo 21

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Maria Alice

Resmunguei percebendo que não iria mais conseguir dormir, por conta do Cauã, que entrou fazendo o camior barulhão.

- bom dia pra você também, Cauã. Agora não consigo mais dormir. - Me virei na cama e notei ele sentado no chão -

- É quatro da manhã mulher, vai deitar. - a voz estava tão rouca que as vezes falhava -

- São sete horas caramba. - Disse me levantando -

- Você tá bem? - ajudei ele a levantar e se sentar na cama, notando seu rosto inchado, olhos e nariz vermelhos, roupa com um cheiro forte de suor, bebida e perfume feminino -

- Tô suave. - Disse já sentado na cama -

- Não deita antes de tomar banho.

- Já deitei. - disse toda aberto na cama. -

- O lençol vai ficar com esse seu cheiro horrível. - lamentei -

-  a cama é de quem? - disse se virando pro outro lado, ficando de costas pra mim -

Escovei meus dentes, e peguei uma roupa da Laura emprestado. Ela tinha muito mais corpo que eu, então, tudo ficou meio folgado, mais era o jeito até eu conseguir ir em casa pegar as minhas coisas.

Arrumei o quarto do Cauã só por cima,  algumas coisas que estavam jogadas, colocando os tênis na sapataria e algumas roupas limpas no cabide.

Comi uns biscoitos recheados e desci a favela, indo pro ponto de ônibus. Ainda bem que hoje se existe tecnologia, eu nunca saberia pegar um ônibus sem meu celular perto.

...

Voltei uma da tarde, já se ouvia o pagode tocando no máximo dentro da casa. Queria entender como alguém pode ter tanga disposição e energia, o jeito do Cauã é totalmente esquisito pra mim, as vezes ele age como um homem das cavernas e em outras como uma criança, é engraçado.

- Eaí loira, achei que ia demorar mais. - Disse olhando o relógio no pulso -

- As aulas na faculdade são mais curtas. E você, não tem ressaca não menino? - eu ri -

- Não! Sabe qual é o meu segredo? - riu todo sapeca, parecia uma criança, e eu achava graça - É só acordar e continuar bebendo.

- Por que nunca pensei nisso antes? - eu ri de mim mesma -

Antes que pudéssemos continuar a conversa corri pro banheiro para vomitar. Esses enjoos do nada tinham começado a me dar raiva, não sabia que era tão difícil ser mãe.

- Passou? - Colocou uma mexa do meu cabelo pra trás da orelha -

- Acho que sim. Não entendo isso, só comi uns biscoitos! - reclamei -

- Tá fazendo os bagulho errado. Minha mãe diz que tem que comer bem e ser muito feliz. - esticou meus lábios com os dedos formando um sorriso -

- Se você acha que eu vou comer até sair rolando tá enganado. - neguei - E ser feliz, não tá sendo muito fácil. Falando em tristeza, - mudei de assunto- preciso ir em casa, essas roupas da Laura são folgadas pra mim.

- Se quiser, eu te dou o dinheiro e tu compra tudo novo. Só pra não ir lá. - quase pediu -

- Eu prefiro pegar minhas coisas. - ele só assentiu com a cabeça -

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