Capítulo 22

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Maria Alice

Eu estava nervosa, talvez na verdade, esperançosa. Eu tinha um pingo de esperança de que tudo que meh pai falou dias atrás foi da boca pra fora. De que todo aquele pesadelo iria acabar quando ele me visse, quando estivesse mais calmo. Que iria me ajudar, me apoiar, me amar, e amar o neto dele.

- Opa tudo b- - Quando meu pai viu Cauã na porta fechou ela na cara do menino. Ele bateu de novo -

- Ele ainda tá bravo... - lamentei -

- Abre essa porta seu arrombado, ou eu abro esse trinco na base do tiro. - Gritou impaciente - A mina veio pegar as coisas dela, o que foi dado por direito, então abre logo seu viado. - continuou gritando -

- Meu Deus, fala baixo. Os vizinho estão ouvindo! - Sussurrei e a porta foi aberta -

- Anda logo desgraçada. Os vizinhos estão ouvindo todo esse vexame. Pega suas coisas e sai logo da minha casa. - meu pai disse baixo, mais bravo, me puxando pra dentro da casa com pressa -

- Pai, eu queria conversar. Eu sei que o senhor tá bravo e que-

- Você ainda não entendeu piranha? - deu um tapa na minha cabeça - Pega suas tralhas e vaza da minha casa. - apertou meu braço, quase me jogando sobre a escada, me impulsionando a subir os degraus e ir para meu quarto no andar de cima -

Subi os degraus mais de pressa do que qualquer coisa, segurando ao máximo minhas lágrimas. Desci na mesma rapidez, mesmo estando com duas malas gigantes e uma pequena somente com minhas maquiagens.

Cauã me ajudou a colocar tudo pra fora da casa. Assim que meu pai fechou a porta na nossa cara, sem eu ao menos poder dizer um tchau, eu desabei eu chorar.

...

Cauã não falava nada, e eu preferia assim, desci o elevador chorando, entrei no carro chorando e assim segui todo o trajeto. Eu só queria chorar tudo que eu tinha pra chorar, pra não precisar guardar nada pra depois. Eu sei que eu tenho que ser forte.

- Aí, fica triste não. - o silêncio pairava até ele quebrar-

- Como eu não vou ficar triste caralho? Eu tô grávida de você, um traficante. Meu sonhos, minha faculdade, minhas viagens, a pessoa que eu mais amo me abandonou. Tá tudo indo pra casa do caralho, e é tudo culpa desse inferno, essa merda devia sumir, tá estragando tudo. - Gritei em meio ao choro batendo na minha própria barriga -

- Para de ser criança. - segurou forte meus punhos - Tá grávida agora é cuidar. Não precisa desistir de tudo, e tratar a cria que não tem culpa de nada desse jeito. - sua respiração começou a ficar ofegante, e ele apoiou a cabeça no volante. Deduzi que ele chorava pelas fungadas - Não faz mais isso, é nosso filho... - pediu limpando o rosto -

- Eu-

- Eu entendo os bagulho, tá foda pra nós dois, principalmente pra você. Mais não desconta na criança que nem nasceu ainda.

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