Capítulo 44

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Cauã

Pimenta ou pimentinha.
Meu pai me chama assim desde de criança, por que eu era e ainda sou atentado que nem o personagem do filme. Era certeza de que quando eu estava quieto e por aprontava alguma.

Sou diagnosticado com TDAH e hiperatividade, graças a minha mãe, que não achava normal eu ser do jeito que eu sou, enquanto meu pai, só achava que era falta de vergonha na cara.

Não consigo ficar muito tempo parado, começo a me tremer todo. Tenho sempre que tá fazendo alguma coisa, ou se não, apenas levantar e ficar perambulando que nem idiota.

...

Ri quando me encontrei naquela situação. Bagulho tava frenético, saía atirando pra matar mesmo, na maldade. Fui nessa de ser porra louca, não pensei e acabei todo pipocado no chão, só assim pra eu ficar quieto.

- Agora tu para ne filha da puta. - disse pra mim mesmo sentindo partes do meu corpo queimar pelo mínimo movimento, me fazendo ficar estirado no chão -

Minhas brincadeiras deram lugar a preocupação quando lembrei que tinha minha mulher em casa, com meus filhos. Meus pais, meus irmãos, do nada comecei a ficar com medo de morrer.

- Coé, chefe tá baleado. - Um vapor gritou pro radinho - Tá doendo muito chefe? Caralho tu moscou em patrão, tudo isso de tiro! - analisou meu corpo -

- Vai se fuder, me ajuda logo no bagulho. - eu ri e ele negou com a cabeça -

...

Assim que tomei consciência suspirei agoniado, primeiro pelo meu corpo que doía, e depois pela claridade do quarto que  incomodou meus olhos que estavam a muito tempo fechados.

- Coé loira. - minha voz saiu meio falha e rouca. A mina mexia no celular sentada na cadeira ao lado da cama, e assim que me ouviu começou a chorar e veio correndo me abraçar -

- Graças a Deus...

- Morri não louca, calma aí. - eu ri -

- Se você me deixasse viúva com quatro cria pra cuidar sozinha eu ia te buscar no quinto dos inferno seu puto. - brigou comigo ainda abraçada a mim -

- Desculpa, vacilei legal. - lamentei -

Ela começou a me contar o que tinha acontecido. Já fazia dois dias da invasão dos cana no alemão, nessa guerra eu saí vitorioso, mais tinha uma caralhada de morto. Já conseguia imaginar o tanto de menor que cresceu comigo morto, e as mães passando mal em frente a boca pela morte dos seus menor.

Passei por cirurgia pra desalojar as balas, duas no ombro, uma na perna direita e uma no estômago, a que mais doía.

- Pensei em tanta coisa ruim. - disse chorando -

- Fica suave, loira. - eu ri limpando as lágrimas dela sentindo meu ombro queimar -

- Você não pode fazer esforço. - disse abaixando meu braço -

- Quando que tu volta? Hoje ou amanhã? Tô nem sabendo que dia é. - nos rimos -

- Eu disse que meu marido estava passando por uns problemas de saúde, preciso cuidar de você. Vou ficar até você estar cem por cento recuperado!

- Teu marido é? - ela riu -

- Meu marido! - afirmou -

- Teu marido tá com saudade das cria dele. - ela riu -

- Os filhinhos do meu marido também tão morrendo de saudades dele. Porém, estão sendo muito bem cuidados pelos vovôs!

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