Capítulo 27

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Cauã

Definitivamente essa era a pior sensação do mundo. Sentir sua cabeça latejando, e o estômago revirando, como se você fosse vomitar a qualquer momento era uma tortura.

- Cadê a Maria? - minha voz saiu rouca e falhada, e eu com certeza estava feio, por que Laura riu antes de responder -

- Ela não atende o telefone, e a gente não viu ela no fim do baile. Deve tá na casa de algum gostoso.

- Gostoso? A mina ficou que nem carrapato a noite toda na minha cola, como é que a menina some do nada, e ainda não avisa? Ela tá louca porra? - fiquei bolado já, a mina com minhas cria na barriga, acha que faz o que bem entende -

- Tu deu o maior esculacho nela, na frente de todo mundo! Só que ela, desrespeitou o chefe. - Lavínia foi irônica -

- Como? - Minha mãe perguntou - É melhor que essa menina esteja bem Cauã, se você deu seus ataques e-

Antes da minha mãe começar com o sermão, e eu ser esculachado aquelas horas da tarde, bateram palmas no portão e eu fui logo ver, só me livrar da bronca, pelo menos por alguns segundos.

Fiquei todo desconfiado no bagulho já, Maria tava com a cabeça baixa, nem olhava na minha cara, enquanto o velho engomado tava todo sorridente e educado, nem parecia aquele de uns dias atrás.

- É bem chato voltar pra esse lugar. - olhou com cara de nojo -

- Vai entrar na minha casa não. Quero b.o. contigo não, minha cabeça já não tá boa. - falei namoral, abrindo o portão pra loira entrar, mais ela ficou parada lá -

- Que pena, vai ter que comprar roupas novas solzinho. - abraçou a loira de lado que não mostrou reação nenhuma -

- Não tô entendendo seus papo tio. Bora loira, entra logo. - pedi e ela continuou intacta -

- Eu vou subir, pegar as minhas coisas, e voltar pra minha casa. - Disse pausadamente, talvez, tentando controlar as lágrimas -

- Que história é essa? Tá chapando loira, tua casa é aonde for a minha.

- Não quero conversar com você. - disse passando por mim -

- Coé loira, vamo conversar, não precisa disso. Pensa nas cria pô. - pedi já na sala -

- É claro que eu pensei! Eu pensei enquanto você me batia, pensei enquanto matou o menino do meu lado. - disse subindo as escadas -

- Você bateu nela Cauã? - minha mãe já perguntou nervosa -

- Foi só uns tapinhas que eu me recorde. - Tentei me defender -

- Tu vai fazer que nem ela. Pega tuas coisas e sai da minha casa agora! Eu não te criei pra isso, não te reconheço. Você simplesmente não é meu filho. - Gritou comigo - EU CANSEI DE ME PREOCUPAR, DE TENTAR TE MUDAR. Você vai viver a sua vida do seu jeito, oknge de mim!

- Coé preta, pensa direito. Pra onde o menino vai? Ele é nosso moleque. - Meu pai protestou -

- Ele vai pra casa dos amigos dele, dos que chamam ele de pimenta. E você, com todo respeito, tu deu amor e carinho mais deixou a desejar na criação dos nossos filhos. Parece que eu sempre fiz tudo sozinha, e agora eu tô tomando essa decisão sozinha. Sai da minha casa, agora.

- Coé mãe, pra onde eu vou? Eu nem lembro dos bagulho direito, eu vou resolver isso, me desculpa.

- Cansei da sua imaturidade, da suas promessas de se consertar tudo, e das suas desculpas. Sai.

- Tia, não faz isso com ele, tadinho... - Laura pediu com os olhos cheios d'água já -

- Vai logo Maria Alice! - o velho gritou do lado de fora da casa, e ela desceu com certa dificuldade com as coisas dela -

- Fala comigo caralho. - ela me ignorou - Que merda, tu sabe que eu não vou fazer nada contigo agora. Fala comigo pelo menos.

- Ela nunca mais fala contigo. - O pai dela garantiu -

- Isso é impossível! - garanti - eu faço um inferno na sua vida velho do caralho. Tá fazendo a cabeça dela, já entendi os bagulho.

- Assume seu erro e seja homem pelo menos uma vez na vida. Para de culpar quem você não conhece. - não esperou uma resposta e saiu andando -

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