11. Crepúsculo e desespero

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O carro demorou longos dez minutos para chegar na casa de Aidan. Era um condomínio de casas, como eu vi da última vez, quando vim com Mike e Wendy. Porém, agora eu estava dentro e pude ver os lindos jardins espalhados pelo condomínio. As grandes mansões e os carros que, provavelmente, poderiam pagar todos os meus anos de faculdade facilmente.

Como se eu já não estivesse ansiosa o suficiente, o motorista acabou se perdendo nas ruas do condomínio e ele ficou rodando, sem parar em nenhuma casa.

Quando ele enfim estacionou na frente de uma mansão de tom amarelo, eu saltei do carro com as pernas bambas e agradeci. Toquei a campanhia com os dedos frios e trêmulos. Eu, sinceramente, não entendo porque me sinto assim. É só uma droga de um bolo.

- Oi, Lizzie. - Aidan sorri gentilmente assim que abre a porta. Eu não sei exatamente quando ele descobriu meu nome, mas não posso negar minha felicidade.

- Olá. - sorrio. Ele abre mais a porta e me deixa um espaço para entrar - Com licença. - digo adentrando a sala de estar.

A sala era enorme. Logo de cara, percebi que só a sala de estar e a de jantar juntas eram maior que meu apartamento.

- Obrigado por vir aqui me ajudar com isso. - ele comenta enquanto me encaminha para a cozinha - Eu moro sozinho, mas sou um desastre na cozinha, não sei como não morri ainda. - eu sorrio, apesar de desconfiar que ele esteja exagerando.

Como esperado, a cozinha era enorme. A geladeira duas portas foi a primeira coisa que notei quando entrei. Era tão grande e alta que fiquei pensando como aquilo passou pela porta de entrada. Além disso, tinha inúmeros armários e uma bancada central que mais parecia uma mesa de Ping-pong. A pia era larga e tinha espaço até para uma pequena mesa de jantar no canto.

- Estou feliz por compartilhar receitas brasileiras. - comento e ele sorri, mas o sorriso se desfaz tão rápido quanto veio. Eu disse algo errado?

- Olha só como ficou meu bolo. - ele pega a forma na bancada da pia, meio cabisbaixo.

De fato, o bolo está horrível. Há várias rachaduras e algumas partes parecem cruas enquanto outras estão visivelmente queimadas. Eu pego uma faca para cortar o bolo e vejo que o fundo grudou na forma e a massa está toda molenga e se desfazendo.

- Meu Deus. - dou risada e ele faz uma careta. Com certeza, ele não gostava de cometer erros.

- Eu deixei tudo na bancada. - ele avisa - Você pode começar e, se não se importar, vou ficar do lado, anotando tudo.

- Sem problemas.

Ele me mostra a receita que ele usou e, assim que leio, identifico o problema logo de cara.

- Vou começar. - aviso enquanto lavo as mãos na pia e ele pega uma caneta e um caderno - Primeiramente, aqui está dizendo para bater tudo junto no liquidificador. Porém, a farinha de trigo contém glúten e nós precisamos dele para dar estrutura à massa. Se você bate ela no liquidificador, você perde o glúten e a massa fica toda mole. Depois de colocar a farinha, você tem que mexer à mão. - começo medindo os ingredientes - Isso aconteceu também porque a receita dizia que você deveria usar duas cenouras médias, mas isso é muito óleo para pouca cenoura. Então, você pode adicionar mais uma cenoura média ou diminuir a quantidade de óleo. Eu aconselho usarmos mais uma cenoura. Normalmente, eu faço com duas cenouras grandes ao invés de duas ou três médias.

Continuo explicando e dando dicas de como tudo deveria ser feito enquanto Aidan ouve tudo com atenção, anotando tudo no caderno. Ele desvia o olhar algumas vezes para o que estou fazendo, mas nunca para meu rosto. Eu já percebi que ele costuma ser bem sério, mas vê-lo assim tão concentrado com as sobrancelhas franzidas me deixa com um pouco de medo.

Lost In Los Angeles - Aidan GallagherOnde histórias criam vida. Descubra agora