A garota que deixei partir

capítulo 6

Manhã

Me sinto exausta, a cabeça está pesada devido ao fato de ter bebido bastante ontem a noite, e quando isso acontece minhas noites são péssimas e eu sempre acordo mal, meu dia inteiro vai pra lama e sei que o sono vai me acompanhar 24 horas, essa é minha sentença. Me sinto um pouco enjoada, há um gosto amargo em minha boca, passo a mão pelo meus cabelos e sinto uma elevação perto quase que da nuca, como se eu tivesse levado um golpe naquela região, me sinto um pouco zonza. Minha última lembrança sóbria foi está com Daniel, eu estava no metrô que seguia para Jardim oceânico, depois disso tudo está escuro em minha memória como um abismo sem fim.

Sábado, 10 de fevereiro 2018

Daniel

São quase 8hs da manhã e eu ainda estou decidindo entre me levantar da cama ou simplesmente ignorar todo esse dia lindo do lado de fora. Me lembro também que hoje é dia de faxina um preparo para o fim de semana que vem por ai, aproveito para colocar em dia os exercícios físicos, ultimamente a faxina vem tomando esse posto já que na academia eu não apareço a um bom tempo.

Sofro de uma ansiedade grande quando fico sem notícias da garota misteriosa ou como ela havia dito "setembro", me pergunto o que ela quis dizer com isso ou se realmente esse é o nome dela.

- Qual o problema dessa gente em colocar o nome da filha de um mês do ano?

Digo em pensamento enquanto arremesso para o alto até tocar no teto minha bolinha de ping pong.

Decido me levantar porque sei que será impossível dormir até o meio-dia, com o coração elétrico e a boca seca quanto mais eu penso em querer dormi mas eu fico ligado no que está acontecendo do lado de fora com o resto do mundo.

Garota misteriosa

Penso que tem alguma coisa de errado comigo nas últimas horas, o ar em meus pulmões circula de uma forma que eu fico sufocada por alguns segundos, tento me apoiar em qualquer coisa ao meu redor toda vez que me levanto, nesse momento uma tontura toma conta de mim e meu coração acelera, sem contar na dor de cabeça terrível, ela não para de latejar.

Ainda não consigo me lembrar do que aconteceu ontem a noite com exatidão depois que me encontrei com Daniel, a memória vai e vem e eu nunca consigo buscar alguma coisa realmente clara, as vezes chega alguma coisa, as vezes não chega nada, mas eu sinto que algo de ruim aconteceu. Me lembro de estar em alguma casa de show, eu ouvia gritos, havia uma discussão, vozes bastante exaltadas, cadeiras sendo jogadas para o alto, rostos desconhecidos vem em minha direção e eu me sentia angustiada. Eu embarquei no metrô, eu estava lá, mas o que de fato eu estava fazendo naquele lugar? O que eu fiz? isso eu ainda não tenho respostas.

Talvez eu tivesse algo a temer, não sei como lidar com isso no momento, a cada tentativa de me lembrar eu me assusto ainda mais. Olho ao meu redor e me certifico de que estou sozinha em meu quarto, por um instante uma insegurança invade meus pensamentos.

-Eu estou muito nova ainda para criar paranóias em minha cabeça.

Digo sussurrando enquanto procuro meu celular em alguma parte do meu quarto.

Pego minha bolsa que está encostada na cama e reviro até encontrá--lo.
Saio do quarto enrolada em uma toalha e sigo para o banheiro a fim de despertar toda aquela leseira que habitava no meu corpo. Ligo o chuveiro e por alguns instantes o barulho da água caindo sobre meu corpo era tudo que eu precisava naquele momento. Alguns minutos se passam e percebo que a casa ainda continua silenciosa, muito provavelmente devido ao fato de que minha mãe e seu namorado ainda não terem chegado. Ao sair do banheiro vou em direção ao seu quarto que ainda está arrumado confirmando assim minhas suspeitas sobre sua ausência. Se ela me disse que iria dormi fora eu não tenho essa lembrança, e no meu celular ainda não há sinal de nenhuma mensagem se quer sobre seu paradeiro mas percebo algumas muitas dela querendo saber onde eu estava ontem a noite. Ao menos fico aliviada de saber que ela não estava em casa quando cheguei, assim me livro da vergonha dela ter visto o meu estado.