capítulo 9

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Manhã

Tem alguém gritando na porta do meu quarto, eu odeio ser acordada assim como se fosse praticamente obrigada a abrir os olhos, os seus berros aumentavam junto com uma força exagerada que ela batia na porta, e eu odiava minha mãe a cada segundo por isso.

-Garota eu não acredito que você fez isso de novo! Pelo amor de Deus, você anda bebendo?

O que será dessa vez? me lembro de ter capotado de sono ontem, será que eu arrumei aquela bagunça? Aí meu Deus! As roupas sujas, os lençóis, eu não acredito que deixei tudo jogado, ela realmente está pensando em me matar, mas que merda!

Rapidamente me levanto e visto a primeira peça de roupa aceitável do meu guarda roupa, me preparo pra abrir a porta do meu quarto e sei que ela está me esperando furiosa.

- O que diabos significa isso garota? Você pode me explicar?

Ela levanta em suas mãos minhas peças de roupas completamente encardidas e sua expressão era terrível de se olhar.

-Eu posso explicar mãe...

Falei aquilo  sem a menor certeza do que iria dizer...

- Não garota, você não pode explicar, na verdade nem me interessa o que você anda fazendo por aí enquanto sai pra fazer suas loucuras, eu só não vou mais aturar essas porcarias jogadas no chão por aí, olha o estado da minha casa, olha essas roupas, não dá mais tá me ouvindo.

-Me desculpe mãe, eu pretendia arrumar tudo, mas eu cheguei tão enjoada e cansada que eu simplesmente apaguei...

-Pelo visto você está de ressaca, você anda bebendo de mais garota, não dá pra viver mais assim, e aposto que você não se lembra de porcaria nenhuma não é mesmo?

Ponho as mãos sobre a cabeça e o desespero em tentar lembrar de alguma coisa aumentava a cada segundo.

-Eu juro mãe, eu juro que não me lembro...

-Olha o seu estado garota, um caso perdido. Você tem que ir embora daqui, arrume um lugar bem longe pra você fazer suas loucuras, não dá mais pra viver assim, vou te dá algumas semanas mas você vai ter que sair. E pelo amor de Deus arrume o inferno que está essa casa ainda hoje  antes que eu volte.

Depois de jogar toda aquela tralha em meu quarto ela se vira e sai fechando a porta do meu quarto com toda a força e raiva que sentia por mim naquele momento.

Após limpar toda aquela minha bagunça volto para o quarto e fico lá trancada, a vontade é de nunca mais sair de lá, espero que minha mãe volte menos irritada de quando saiu e esqueça aquela história de me chutar pra fora de casa. Mas não a culpo em pensar assim, eu também ficaria furiosa com a pessoa se ao chegar  em minha casa encontrasse toda aquela bagunça, eu realmente mereço ser despejada. Mas para onde eu vou? Quem aceitaria uma problemática como eu, era o meu fim, eu  estava completamente perdida.

Deito em minha cama e pego meu celular, queria mandar mensagem pra alguém mas me esqueci que não tenho amigos, a pessoa mais próxima a mim é Daniel e eu não faço a menor idéia de como falar com ele. Tenho que pedir ajuda, enfim chegou o momento, não posso mais continuar com essa minha vida.

Após um suspiro de agonia escuto meu celular vibrando e uma notificação me salvaria naquele momento. Me levanto rapidamente a fim de ver a mensagem.

-Oi Setembro, você está aí?

Demorei para perceber que era ele, mas só quando notei que na mensagem havia me chamado de "Setembro" me dei conta que só poderia ser ele.

-Oi, Daniel? como conseguiu o meu número?

Segundos depois ele já estava me ligando, ao atender tento disfarçar a ansiedade que era está falando com ele mais uma vez.

-Alô...

-Não achou que continuaria fugindo de mim pra sempre não é mesmo? Eu tenho meus métodos Setembro, lembra do capuccino? Fui naquela cafeteria, e adivinha? O Léo tinha o seu número.

Daniel parecia eufórico ao contar como havia conseguido meu número.

-Léo? De quem você está falando?

Após um surto me veio na cabeça que ele só poderia está falando do cara que me servia os capuccino toda vez que que eu passava por lá.

-  O Léo não vai gostar nada de saber que você esqueceu dele.

-Eu não me importo com o que ele pensa, e não crie histórias na sua cabeça, eu não tenho nada com ele.

-Pobre Léo, mas foi com ajuda dele que consegui seu número, ele foi um cara legal comigo.

-Devo lhe dar os parabéns então pelo seu feito?

-Não será necessário, não por enquanto. Setembro, você tem que parar de fugir de mim porque é sempre difícil ter que te encontrar novamente.

-Eu não estou fugindo Daniel, eu só não quero te causar problemas.

- Problemas? Que tipo de problemas?

-Eu não gosto de falar de mim. Me fale sobre você, o que está fazendo além de perder tempo falando no celular com uma desconhecida.

-Desconhecida? Eu achei que éramos amigos Setembro, assim você me magoa.

-Desculpe, é que normalmente isso não acontece comigo, não sei lidar muito bem com...

-Com o que? Só estamos conversando como bons amigos Setembro, com o que você não está acostumada?

-Em ter um amigo, eu não tenho amigos Daniel...

-Bom, saiba que a partir de hoje as coisas vão mudar  Setembro, eu serei o seu melhor amigo, mas isso se você quiser claro. E então, o que me diz?

-Espero que saiba que o que está fazendo Daniel...

-Eu nunca estive tão certo do que estou fazendo Setembro, aliás como bons amigos que somos eu digo que quero te ver.

-Você pensa em tudo não é Daniel.

-Se tratando da minha garota misteriosa sim, tenho que pensar em tudo, não posso deixar você desaparecer assim, eu fico preocupado e sem o que fazer, eu quero te ajudar e preciso que você confie em mim para isso.

-Você é incrível Daniel, as vezes penso que você
não é real, no meio de todo esse caos que é a minha vida você é a única parte boa dela, obrigada por tudo.

-Não tem que agradecer, agora somos amigos e é meu dever cuidar de você.

-Boa sorte, vai ter trabalho.

-Isso é sinal que vai valer a pena. Te vejo por aí
Setembro, ou melhor te vejo no metrô.

-Eu estarei lá te esperando Daniel.

-Amanhã?

-Sempre.

A garota que deixei partir Onde histórias criam vida. Descubra agora