capítulo 7

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Daniel

Ao vê-la naquele estado imediatamente tive vontade de chorar, mas isso só a deixaria pior do que já estava então tomei coragem pra ser mais forte naquele momento.

-Setembro, tente se acalmar e pegue esse lenço.

Daniel erguia em sua direção desejando que ela ficasse bem. Então ela se volta para ele ainda com os olhos encharcados e inchados.

-Obrigada Daniel. O que faz aqui?

-Desculpe,não pude deixar de notar o seu choro, o que está acontecendo? Eu posso te ajudar em alguma coisa?

-É complicado Daniel,  você não entenderia.

- Você pode pelo menos tentar?

Setembro olhava para Daniel com os olhos cada vez mais encolhidos devido ao choro que parecia não ter fim.

-Por favor agradeço o lenço e a preocupação  mas agora você pode ir embora, eu quero ficar sozinha, eu mereço ficar sozinha.

-Prometo que vou me esforçar pra te entender, afinal muitas coisas precisam ser explicadas aqui, inclusive o fato de eu está conversando com uma garota que se chama Setembro.

Ela sorri para Daniel que fica contente com o feito.

-Agora sim, esse sorriso combina melhor com o seu rosto, sem lágrimas por favor.

- Vejo que ficou bastante curioso com o "Setembro"

-Digamos que não é todo dia que eu conheço uma garota chamada Setembro por aí. Acredite, você é única.

-Então devo me sentir especial?

-Exatamente.

-Olha só, gostei.

-Mas e então,  por que Setembro? O porque do choro, se é que tem alguma ligação...

-Eu não sei Daniel, na verdade o que posso te falar é que não é uma boa idéia nós sermos amigos, acredite, não há vantagem alguma nisso tudo.

-Eu só queria saber o motivo pra você se reprimir tanto assim Setembro, mas entendo se não quiser me contar, na verdade vou tentar entender, não lhe prometo nada.

-O que te leva a confiar ne uma garota chorona no metrô? Qual o seu problema Daniel?

-Eu me faço essa pergunta todas as noites Setembro, eu não consigo mais tirar você da minha cabeça, parece que estamos conectados de alguma forma.

-Você realmente acredita nessas baboseiras que diz? Você parece um louco dizendo essas coisas.

-Eu sei que parece loucura, mas é o que eu sinto setembro. Agora anda, me diz o que se passa ai dentro de você.

Setembro desvia o olhar de Daniel que com um toque suave em segura em seu queixo a trazendo de volta para perto de seu rosto.

-Olhe para mim setembro, está tão difícil assim confiar em mim?

-Eu não confio nem em mim mesmo Daniel, o problema não é você, desculpe mas eu ainda não consigo confiar totalmente nas pessoas e nem posso dizer tudo que estou sentindo, se você não se importar está ótimo desse jeito, eu prefiro que seja assim.

Daniel parecia conformado com a explicação de Setembro.

-Claro, se você prefere assim. Prometo não te perturbar mais com esse assunto, não por enquanto.

-Muito obrigada. Me responde uma coisa, além de me perseguir o que você faz? Por onde viaja tanto nesse metrô?

-Eu não estou te perseguindo.

Setembro sorria para Daniel que parecia ofendido com suas palavras.

-Eu estou brincando com você.

Dizia ainda em gargalhadas.

-Vejo que está se sentindo melhor, fazendo até piada com minha cara.

- Você foi o escolhido da noite, agora vai ter que aguentar. Mas você ainda não respondeu minha pergunta.

-Então senhorita Setembro, além de persegui-la eu eu trabalho em um escritório de advocacia, nada de muito interessante.

-Olha só, então temos um doutor bem aqui na minha frente? E eu zombando da sua cara, me desculpe.

-Não se preocupe, não irei te processar por isso.

-Claro que não, afinal quem tem motivos aqui para isso sou eu.

-Vamos parar com esse papo, você só está querendo desviar o assunto não é mesmo, por que não me diz de uma vez seu nome verdadeiro? Já que aparenta está se sentindo bem melhor. Me diga de uma vez, quem de fato é a verdadeira Setembro?

Por um momento há uma pausa e o silêncio entre os dois toma conta daquele vagão enquanto a chuva lá fora não parava de cair.

- Olá, tem alguém aí? Não vai me responder?

Daniel sacode os braços na direção de seu rosto  chamado sua atenção.

-Você prometeu a poucos minutos que não ia mais tocar nesse assunto.

-Desculpe mas eu sou péssimo com promessas.

-É, deu pra perceber.Desculpe Daniel mas eu teria que te matar pra te contar, no momento o melhor que você tem a fazer é esquecer esse assunto.

Daniel se via cada vez mais curioso em entender todo mistério que havia por trás daquela garota que se encontrava bem diante dos seus olhos.

-Bom, já que você insiste com esse mistério posso tentar um outro dia.

- Você não vai esquecer não é?

-Acredite Setembro, eu não vou conseguir dormir.

-Vai precisar de bastante  sonífero então.

-Já vou preparar meu estoque, fique tranquila quanto a isso.

Daniel e Setembro trocam risadas e era evidente a conexão deles a cada conversa.

-Finalmente esse metrô está parando.

O barulho dos freios do metrô aumentava a cada segundo sinalizando sua próxima parada.

-Hora de dizer adeus Daniel.

-Estarei ansioso pelo nosso próximo encontro, espero que você fique bem.

-Obrigada Daniel, eu vou ficar,  não foi a primeira e nem última vez que você vai me ver assim.

-Então quer dizer que a gente vai se ver de novo? Eu fico muito preocupado quando você some, vivo perdendo minhas noites de sono.

-Fique tranquilo e mantenha o seu sono em dia, acredite ele não vale a pena ser desperdiçado comigo. E quanto a gente se ver de novo não tenho certeza, eu não sei nada sobre o meu futuro Daniel, na verdade só sei de uma coisa, ele está terrivelmente comprometido ao fim em desgraça.

Mais uma vez Setembro se encontrava chorando.

-Nunca mais fale isso, não enquanto eu estiver por perto.

Daniel se aproximava e seus olhos já estavam perto demais de Setembro, ele preparava pra enxugar mais uma lágrima de seu rosto quando uma freada do metrô os distraiu, era a hora de se despedir.

-Adeus Daniel.

-Adeus Setembro.

A garota que deixei partir Onde histórias criam vida. Descubra agora