Uma dança

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***

- O jantar está servido, Dra. Passos - Liz avisou, aparecendo no escritório algumas horas depois.

- Obrigada. E você pode ir agora. Não precisa esperar jantarmos - avisei, ficando em pé e andei até ela que me esperava à porta.

- Tem certeza?

- Claro que sim. Pode ir. Ou ficará muito tarde para você dirigir até Port Angeles.

- Tudo bem, Dra. Passos. Obrigada - ela agradeceu com um sorriso, me dando as costas e foi para a cozinha, deixar seu avental.

Quando cheguei à sala de jantar, mais uma vez Carolina já estava lá.

- Você ficou tanto tempo naquele escritório - ela comentou em tom de reclamação, fazendo um pequeno bico com os lábios. - Pensei que ia me deixar sozinha o resto do dia.

- Precisava resolver algumas coisas - menti, enquanto sentava na minha cadeira.

- Bem, eu estou indo - Liz avisou, aparecendo rapidamente à porta. - Tenham um excelente jantar. Nos vemos em dois dias.

- Dois dias? - Carolina perguntou, se voltando de súbito para ela. - Vai ficar fora dois dias?

- Sim. Vocês vão ficar bem, não é?

- Claro Liz. - respondi. - Fique tranquila.

- Certo. E Carolina, juízo, ok?

- Claro, Liz. Eu sempre tenho. - Mas quando Carolina se voltou na cadeira, ficando de frente para mim, o sorriso nos seus lábios dizia exatamente o contrário.

Lancei um olhar para Liz que me observava apreensiva, mas tudo que ela fez foi dar de ombros antes de se retirar.

- Ela é legal, sabe? - Carolina comentou depois de alguns segundos em que estávamos sozinhas. - Liz, eu digo. Ela é muito legal.

- É sim.

- Ela brigou com Victor quando ele disse que ia para Phoenix. Me defendeu na frente dele. E olha que ela nem me conhecia.

- Liz conhece Victor. Apenas isso.

- De qualquer forma, foi bacana da parte dela. - Seu corpo inclinou na minha direção e ela espetou seu garfo no meu Ravioli, embora seu prato tivesse o mesmo conteúdo do meu. - Há quanto tempo ela trabalha aqui?

- Uns oito meses, eu acho - respondi, fazendo as contas rapidamente na minha mente. - Ela sempre vinha para cá com a mãe, que era quem trabalhava aqui antes. Quando a mãe dela parou de trabalhar, ela ficou no lugar.

- Posso imaginar o porquê disso.

- Como assim?

- Ora, tendo uma patroa bonita como você, deve ser perfeito para ela trabalhar aqui.

- Liz não me vê assim, Carolina. - falei, me servindo de mais vinho. - Eu praticamente a vi crescer.

- Qualquer ser mortal que tenha um mínimo de gosto pela beleza humana, vê você exatamente assim. Não importa a idade.

- Ela tem namorada - argumentei.

- Eu também tenho - ela devolveu. - Mas isso não me impede de te achar uma gata. Liz só não te acharia bonita se ela fosse cega.

Sabia que tentar retrucar não adiantaria então apenas me limitei a comer em silêncio.

Terminamos de comer e Carolina se prontificou em colocar os pratos na lava-louças enquanto eu guardava o que sobrara da comida na geladeira.

- Bem, vou lá para cima - avisei. - Fique à vontade para...

- Nada disso, mocinha - ela me interrompeu, andando na minha direção e pegou minha mão na sua, praticamente me rebocando para fora da cozinha. - Você prometeu que iria assistir ao filme comigo, lembra? Eu não vou assistir esse filme sozinha.

𝗗𝗼𝗰𝗲 𝗣𝗲𝗰𝗮𝗱𝗼 - G!POnde histórias criam vida. Descubra agora