Felizes para sempre?

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Tempo depois...

Há muito não me sentia tão impaciente e com tanta vontade de deixar um lugar. A vontade que tinha era encerrar tudo aquilo de uma vez e ir embora para a minha casa ou então sair logo do país de uma vez. Eu queria estar ali, é claro, mas qual o propósito se ela não estava comigo?

Não era apenas um encontro casual que ela não compareceria. Carolina tinha ido embora. Tinha me deixado como fizera tantas vezes e nem mesmo tinha se despedido. Sentia como se qualquer pessoa que me olhasse dali em diante riria de mim, sabendo o que tinha acontecido. Sabendo que eu tinha sido feita de tola mais uma vez. Outra vez permitira abrir meu coração e a deixara entrar... A quem eu estava tentando enganar? Carolina nunca saíra do meu coração. Desde o instante em que reconhecera estar apaixonada por ela, esse sentimento nunca tinha sido alterado. Tínhamos passado por tempestades, é claro, durante aquele ano que ficamos afastadas, mas no fim tudo dera certo. Carolina me tentara novamente, fazendo com que eu me rendesse mais uma vez aos seus encantos e aceitasse que nosso amor simplesmente era mais forte que qualquer adversidade.

Mas as aqui estava eu, sozinha novamente, depois de Carolina obviamente ter me deixado mais uma vez. Quase dois anos se passara depois daquele fatídico dia em que ela me visitara no hospital com o pretexto de levar meu almoço, e que terminara em minha casa, quando a levei para lá, só a deixando sair para organizar sua mudança.

Enquanto aceitava o fato de que tudo tinha acabado mais uma vez, lembranças dos últimos anos vieram à minha mente.

Como fora difícil fazer as pessoas aceitarem Carolina como minha companheira, todos achando que ela apenas estava interessada no meu dinheiro, até que aos poucos, com o passar dos meses, meus amigos e colegas foram aceitando-a mais e mais. Andrea foi uma das que ficara surpresa ao descobrir nosso relacionamento, é claro, mas com a ajuda de Liz e Thaiga, logo passou a nos apoiar.

A reação dos pais de Carolina só não me surpreendeu mais que a de Victor, quando soubera sobre nós. Seus pais me criticaram bastante no começo e até hoje ainda não me aceitavam completamente, embora agora já tivessem percebido que não era apenas uma aventura. Eles chegaram até a proibi-la de me ver e ameaçaram me denunciar à polícia, embora não houvesse um crime de fato. Tudo que Carolina fez, no entanto, ao invés de comprar briga com os pais, foi se emancipar e vir morar comigo em seguida. Seus pais tentaram impedir que Carolina fosse emancipada, alegando que ela não estava em condições psicológicas de tomar tal decisão e que eu tinha feito uma espécie de lavagem cerebral nela. Foi aí que Victor apareceu, surpreendendo a todos. Seu testemunho foi o que fez o juiz decidir que Carolina estava bem e tomando aquela decisão por conta própria, sem influência alguma.

(Para quem não sabe emancipado é aquele que é menor de idade mas já toma as próprias decisões, é independente, não depende mais da decisão dos pais. Carolina dependeria até os 21 anos, porém foi emancipada.)

É claro que um pedaço de mim queria acreditar que Victor tinha feito aquilo por pura bondade, mas no fundo sabia que havia algo mais. Depois de confrontá-lo sobre o motivo que o levara a fazer aquilo, ele simplesmente dissera que Tainá estava grávida e o mandou dar um jeito de tirar Carolina da cidade, ou ele nunca veria seu filho. Confesso que não foi fácil receber a notícia de que seria avó, ao mesmo tempo em que constatava que nada daquilo mudara minha relação com o meu filho. Ele continuava sem querer falar comigo. A única notícia que recebia sobre meu neto — que agora estava com um ano de idade —, era através de uma amiga de Carolina que mantinha contato com ele, e me passava algumas informações e fotos.

Passada as adversidades da aceitação das pessoas que conhecíamos, tudo ia perfeitamente bem no meu namoro com Carolina. Vivemos juntas na minha casa, onde ela terminara os estudos, até que nos mudamos há alguns meses para Massachusetts depois que Carolina fora aprovada em Harvard.

𝗗𝗼𝗰𝗲 𝗣𝗲𝗰𝗮𝗱𝗼 - G!POnde histórias criam vida. Descubra agora