As Montanhas de Azerd - Parte 2

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Megumi, vendo que não tinha muita saída, decide jogar uma de suas manoplas ruma a harpia que estava segurando o homem. Ele acerta em cheio sua cabeça, fazendo os espinhos da manopla cravarem na testa da criatura. Ela deu grito estridente e começou a cair.

Ao mesmo tempo, Krys lançou uma de suas adagas serrilhadas em direção a corda acima do homem sendo levado. A adaga faz com que a corda se parta, bate na parede de pedra e cai montanha abaixo. O homem ficou livre do grupo, e a Harpia, já morta e com as garras cravadas profundamente em seu ombro, o acompanha até o caminho das rochas, contra a gravidade.

Payoram, ouvindo o que Kiara havia dito e sabendo que não podia fazer muita coisa, limitou-se a fazer uma oração silenciosa. "Sozinho eu não ia conseguir, mas eu nunca estou só. Por onde eu vou, dentro do meu coração, há sempre um farol, uma luz, uma Esperança, que me mostra o caminho onde posso ir, e me ajuda a levantar se eu cair!". Assim que terminou sua oração, sentiu uma força de dentro para fora. Seu braço, imbuído com a nova força da esperança, socou a parede com sua Scissos (tesoura gladiadora) e o fixou ali. Se a acorda fosse cordada pelos seus companheiros, ele não iria cair, e se caso eles mesmos caíssem, ele poderia ser o pino de segurança que suportaria os outros.

"Precisamos continuar, Nilimus!", gritou Cratus para seu rival e amigo. Fixou sua mão esquerda em uma fissura nas rochas, e girou o corpo segurando sua espada longa, torcendo para acertar alguma daquelas criaturas. Tinha pelo menos seis delas ali, e agora podia ver uma delas grasnindo enquanto caia com a asa quebrada.

Malina respirou aliviada, assim que viu que o homem de seu grupo caíra sem arrasta-la junto. Também percebeu quando duas criaturas mergulharam e pescaram duas pessoas de um outro grupo. Elas tinham uma certa inteligência, e entenderam que atacar juntas era mais vantajoso. As harpias conseguiram derrubar um grupo inteiro, e outras duas, do lado oposto, derrubou mais um grupo que se destacou tentando escalar na frente de todos. Ela podia ter avisado a todos, mas decidiu gritar para o líder de seu grupo: "vamos logo! Se ficarmos aqui morreremos!". Ela cortou as cordas acima e abaixo de si, livrando-se da dependência do grupo, tentando a sorte sozinha.

Payoram viu quando a elfa de cabelos brancos se soltou, a pessoa que estava abaixo dela se desequilibrou com a desconexão abrupta e começou a cair. O grupo, como estava abalado pela perda de um membro, se perderam nas profundezas da montanha.

"Continuem! Não parem por nada!", Nilimus ordenou, sabendo que ficar ali só causaria mais mortes. Viu Kiara matando uma, Cratus derrubando outra e um grupo ao seu lado tentando afastar uma das criaturas, sem muito êxito em acertar.

Nilimus viu que uma delas era diferente do bando. Tinha traços mais humanos, porém seus olhos eram cheios de ódio e abandonaram a humanidade há tempos, se é que um dia soube o que aquilo significava.

Em uma atitude insana, ele pegou uma adaga e jogou na direção dela. Uma das harpias que estava voando ao seu lado, rebateu a adaga com a asa, sem sentir nenhum dano com aquilo. Ele tentou novamente, rezando para quem quer que estivesse ouvindo. A adaga foi lançada, e um corte surgiu do lado direito do rosto da criatura. Ela mostrou os dentes, como se estivesse rosnando, grasniu alto e voou para longe, levando consigo as companheiras que lhe restava.

Os libertos suspiraram de alivio. Sem perder mais tempo, subiram com mais rapidez, com medo daquelas criaturas voltarem.

Em poucos minutos eles chegaram ao topo, onde era, finalmente, plano. A frente estava outro penhasco, e uma única ponte que levava para cima, onde estava um enorme pedaço de rocha sólida, sustentada por três pilares grosseiros. O penhasco era tão alto, que uma neblina se espalhava lá embaixo.

Logo no início da ponte, estavam dois postos de vigia de dois andares. Pareciam vazios, mas logo conseguiram avistar uma criatura ao pé da construção, de costas para eles.

 Pareciam vazios, mas logo conseguiram avistar uma criatura ao pé da construção, de costas para eles

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"Ele está mijando?!", Kiara dirigiu-se a pessoa mais próxima.

Sua fala ecoou pelo local, assustando a criatura. Ele levantou a calça rapidamente e bateu em uma das colunas da torre vigia. Logo outro surgiu lá de cima. "Aproximem-se!", ele ordenou. "Quem são vocês?".

"Somos ex-escravos de Roma, senhor. Nos libertamos e estamos fugindo para o outro continente, para as terras libertas", Nilimus falou alto, tentando ser o mais respeitoso possível.

"Escravos? Fugidos?", conseguiu ver a silhueta coçando a cabeça. "Vejo algumas marcas de escravos, realmente. Isso significa que os romanos estão atrás de vocês, certo?"

"Sim, senhor. Não temos escolha a não ser continuar em frente. Se puderem ceder passagem, não queremos confusão".

"Confusão? É o que teremos quando Roma descobrir onde estão". Fez silêncio por um momento. "Ficaremos com todo seu tesouro e algumas crianças, então podem passar", disse por fim com tom sério.

Nilimus e Cratus cerram os punhos. "Ninguém vai pegar nossas crianças, se é ouro que querem, temos bastante dos senhores de Roma, mas não encoste em nenhum dos nossos", vociferou Cratus, antes que alguém pudesse detê-lo.

As silhuetas ao longe ficaram em silêncio mais uma vez. Agora os libertos pensavam que não tinham mais chances, deveriam lutar ali mesmo ou tentar negociar? Alguns seguraram nas armas com mais força. Prontos para batalhar.

Uma gargalhada alta ecoou. A silhueta na torre se curvou, rindo até ficar sem ar. "Vocês tinham que ver a cara que fizeram. Foi hilário!", riu mais um pouco até que conseguiu se controlar. "Não se preocupem, qualquer inimigo de Roma são nossos amigos. Entre, companheiros, vocês são bem-vindos".

Eles hesitaram por um breve momento. Então, a criatura que estava na base da torre, se aproximou deles e lhes entregou um símbolo entalhado em um pedaço de madeira arredondado. Era um Orc, com pelo menos 2 metros de altura, dois dentes sobressalentes na parte de baixo e um de seus olhos ausente. "Isso é para vocês passarem. Para saberem que não são inimigos. Vão, podem subir!", ele sorriu como uma forma de ser amigável, da melhor forma que um Orc poderia tentar ser.

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