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Eu vi algo em seus olhos que nao consigo explicar...

(...)

Antes de ir para a casa de Constance no dia seguinte me lembrei do desenho que ele havia me entregado mas não havia tempo para olhar. Vou indo a pé até a casa neste dia nublado, parecia que ia chover a qualquer momento.

Chego em sua casa dando batidas na porta e entro no local.

- Sra. langdon? - Chamei a mesma mas não obtive resposta. - Que estranho.

Fui até a cozinha e não havia ninguém, vou até o quarto de Adelaide e ela também não estava lá e nem no quarto de Constance.

- Mas que droga. - Soltei um suspiro e vou em direção do quarto de Michael.

Respiro fundo antes de entrar no quarto e abro a porta.

- Não acredito que deixaram você sozinho aqui. - neguei com a cabeça enquanto via o garoto deitado na cama.

Me aproximo e me sento ao seu lado.

- Michael? - O olhei e ele não respondeu - ei...

abaixei sua coberta e o mesmo estava chorando.

- O que aconteceu? - perguntei preocupada - Você pode falar comigo...

Ele se sentou na cama e me olhou com seus olhos inchados.

- Por que a mamãe não me ama?

Fico perplexa ao ouvir sua pergunta.

- Mas que bobagem, é claro que ela te ama. Por que diz isso?

- Ela sempre recusa os meus presentes. - disse cabisbaixo

- Seus presentes... o que você deu a ela?

Ele se levantou rapidamente e foi até seu armário e tirou um esquilo morto de lá.

- Michael! você que matou ele? - me levanto da cama e ele acente com a cabeça - Você não pode fazer isso.

Acabei alterando minha voz, mas que porra! como ele matou esse bendito esquilo?

- Você é que nem a mamãe! - pude ouvir a raiva na voz da criança.

- Ei - Me ajoelhei em sua frente e segurei em seus ombros - Você não pode ficar matando esses animais, eles tem que voltar pra casa pra cuidar da família deles.

Ele solta o bichinho e abaixa sua cabeça.

- Michael, olha pra mim. - Ele levanta lentamente sua cabeça - Não, não chora. - acabei dando um abraço no garoto

Parece que não é só o crescimento do Michael que tem alguns problemas...

- Eu vou tirar isso daqui.

Me levantei e peguei o esquilo indo leva-lo pro lixo fora da casa. Quando voltei para o quarto Michael não estava mais lá.

- Não se esconda de mim, Michael.

Comecei a procurar o garoto mas não achei ele em lugar algum. Saio do quarto e me direciono até a sala e não encontro esse bendito menino. Vou na cozinha e passo a mão em meus cabelos, foi só 1 minuto que eu o deixei sozinho.

Estava preocupada até sentir algo afiado passar por minha coxa esquerda e vejo o menino segurar uma faca. Coloco a minha mão sobre a coxa, foi apenas de raspão. Isso tudo já era motivos suficiente para uma pessoa normal desistir desse cargo e ir embora, mas eu não estou aqui por que não quero, eu decidir vir e me comprometer com ele...

Escuto a porta se abrir e vejo Constance entrar no local onde estávamos e se assustar ao ver o pequeno.

- Oh céus, por que ele está aqui fora? - seu semblante estava furioso

Antes que eu pudesse responder a mesma retoma a falar.

- Você não pode deixar ele sair do quarto, se não pode fazer um estrago em qualquer lugar! - exclamou a loira.

- Está tudo bem, sra. Langdon. - Pego na mão de Michael e sinto seu olhar sobre mim, por sorte ele não estava mais com a faca nas mãos. - Eu irei cuidar dele, não precisa se preocupar.

Ela colocou a mão sobre o peito e nega com a cabeça. Parece que ela queria falar algo mas não se pronunciou por causa da presença do garoto.

(...)

Os dias se passaram e eu consegui ficar um pouco próxima de Michael, ele continuava fazendo aquelas coisas uma vez ou outra, mas pelo não se tornou algo repetitivo. Uma vez Constance me falou que o garoto ficou um pouco agressivo por não ter a minha presença e fiquei surpresa com isso. Mas eu percebi uma coisa nele, ele é bem peculiar e tem uma forma diferente de mostrar afeto e também as suas ações... ele parece ser um pouco imperativo apesar de ser tímido, é quase impossível saber o que se passa pela cabeça dele, mas ele não tem culpa disso... foi abandonado pelo pai e sua mãe tentou o matar quando era menor e também ele é diferente das outras crianças, não só por causa do seu crescimento avançado mas pelo seu jeito e seus hábitos.

.

Houve um dia em que voltei para a casa no meio de uma chuva forte e os malditos táxis não estavam funcionando por causa disso, é uma cidade de merda mesmo. Acabei pegando um resfriado e não pude ir por alguns dias para casa da Sra. Langdon, isso me preocupava de uma forma...

Point of vist Constance.

O crescimento de Michael foi algo que me deixou totalmente desamparada, só se passaram alguns dias e quando abri a porta do quarto, vejo um homem... Ele envelheceu uma década praticamente do dia para noite.

Minha convivência não estava uma das melhores, na verdade, nunca esteve. Eu pensava que ser mãe era o papel perfeito para mim até perceber que todos os filhos que criei são monstros. Desde pequeno Michael continuava a matar animais e me dar como uma forma de carinho, e eu sempre enterrava no quintal e plantava uma rosa, até me cansar daquelas malditas rosas e me cansar de enterrar animais mortos e de me cansar do Michael. Não adiantava, poderia passar o tempo que for e ele não mudava, só piorava. Ele já estava grande e precisava de vítimas grandes. A sua primeira vítima foi a sua Babá que ele a matou com 3 anos... eu limpei o sangue daquela vadia no meu chão. Parece que não havia outra escapatória.

Coloquei a melhor música e comecei a dançar com a minha companhia que era o whisky e meus comprimidos.

Who is saved? - Michael Langdon Onde histórias criam vida. Descubra agora