ten.

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─ Jihoon-ah ─ chamo pelo garçom sentindo o olhar reprovador de Yongsun sobre mim ─ encha o copo dessa vez ─ devolvo o recipiente vazio a ele, pedindo por mais uma dose de Vodca, mas, antes que ele conseguisse atender ao meu pedido, a mais velha se...

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─ Jihoon-ah ─ chamo pelo garçom sentindo o olhar reprovador de Yongsun sobre mim ─ encha o copo dessa vez ─ devolvo o recipiente vazio a ele, pedindo por mais uma dose de Vodca, mas, antes que ele conseguisse atender ao meu pedido, a mais velha segura meu braço, impedindo o ato.


─ nada disso ─ ela nega, direcionando seu olhar ao funcionário ─ pode ir, Jihoon. Eu comando daqui ─ o homem assente, caminhando até uma mesa com seu bloco de notas em mãos ─ sei que está deprimido, Mingyu, mas não vou deixar você acabar consigo mesmo. Isso não é justo nem com você, nem com o Wonwoo.

─ tudo o que eu preciso é me distrair por um momento, noona ─ imploro, mas ela mantém seu olhar sério ─ saber que eu perdi o crescimento da minha própria filha acabou comigo. Wonwoo me tirou o direito de conhece-la. De viver esse momento mágico. Eu não sei se serei capaz de esquecer algo assim.

─ eu não tiro seu direito de estar triste, mas entenda que ele teve um motivo ─ franzo o cenho e desvio o olhar ─ você foi embora sem dizer nada a ele. Como queria que ele tivesse coragem de te procurar se nem mesmo tinha certeza de que você o amava?

─ de que lado você está, afinal? ─ pergunto, cruzando meus braços.

─ eu não estou do lado de ninguém, afinal, os dois estão errados ─ responde simples ─ Wonwoo errou em não te falar nada, é claro que errou, mas isso não muda o fato de você ter sido um babaca egoísta com ele.

─ e o que você acha que eu devo fazer? ─ suspiro, sabendo que ela tem razão. Ela sempre tem razão.

─ de tempo ao tempo. Ele precisa recuperar totalmente a confiança em você e vice versa ─ Yongsun se aproxima, encostando levemente em meu ombro ─ não julgue o que ele fez, afinal, você não imagina o quanto ele sofreu criando uma filha sozinha, sem se sentir amado por você. Apenas se aproxime aos poucos dele e da sua filha e recupere o tempo perdido. Converse com ele e deixe-o se explicar. Só assim poderão decidir o que fazer.

─ obrigado, noona ─ sorrio com os olhos marejados ─ você sempre consegue me ajudar.

─ você tem uma amiga em mim, Gyu. Eu quero o melhor para você ─ sorri se levantando do banco onde estava sentada ─ agora vamos, vou te levar de carro até o chalé, já está tarde.

─ certo ─ assinto em concordância, também me levantando e vejo a morena sussurrar algo no ouvido de Jihoon, que assente e logo volta a limpar uma mesa vazia.

Sigo Yongsun até sua caminhonete e adentro o veículo, ocupando o lugar do passageiro.

Ela dá partida no carro e se mantém em silêncio, respeitando meu espaço.

Desde que a conheci, enquanto rondava as ruas frias de Londres em busca de alguma distração que fizesse a saudade que sentia de Wonwoo diminuir, ela se tornou uma grande amiga. Quase uma irmã, eu diria.

Ela nunca se importou com minhas crises existênciais e sempre fez questão de deixar claro o quando me achava idiota por ter ido embora sem me despedir do garoto que amo.

Eu sempre soube que ela estava certa, mas nunca a deixava saber disso.

Yongsun é muito importante para mim e é ótimo saber que tenho com quem contar quando o mundo está desabando.

─ chegamos ─ ouço sua voz e desvio meu olhar da janela, sorrindo minimamente para ela.

─ obrigado, noona ─ me aproximo para beijar-lhe a bochecha ─ não sei o que eu faria sem você.

─ morreria ─ dá de ombros e eu rio de sua fala ─ não seja um idiota. Me escute pelo menos uma vez na vida.

Assinto e saio do carro, caminhando rapidamente até a porta, para que a neve que caía não me cause um resfriado.

Aceno para ela uma última vez antes de entrar.

A casa estava silenciosa e as luzes estavam apagadas, indicando que Wonwoo e Jiwoo provavelmente estão dormindo. Tiro meus sapatos a fim de não fazer barulho pelo piso de madeira, e caminho a passos lentos até o quarto cor-de-rosa, onde eles estavam ficando.

A porta estava entre-aberta e tudo o que se ouvia era a respiração fraca de ambos.

Wonwoo dormia abraçado a sua filha, nossa filha, e não pude deixar de notar seu rosto inchado pelas lágrimas.

Jiwoo, por sua vez, estava encolhida entre os braços do pai, com uma expressão calma e serena.

Sorrio minimamente e me aproximo devagar, puxando a coberta cuidadosamente para cima, colocando sobre ambos.

Deixo um beijo na testa da pequena e pondero fazer o mesmo em Wonwoo, mas apenas me afasto, deixando o quarto em seguida.

Ao entrar em meu quarto, ouço meu celular vibrar diversas vezes com a chegada de novas mensagens.

Imagino que sejam meus amigos, então apenas ignoro, caminhando para o banheiro.

Não acho que esteja pronto para ouvir o que eles tem a dizer.

Depois de me livrar dos meus diversos agasalhos, adentro o box do chuveiro e deixo a água quente escorrer sobre meu corpo, levando consigo o peso que estava em minhas costas durante todo o dia.

"Você foi embora sem dizer nada a ele. Como queria que ele tivesse coragem de te procurar se nem mesmo tinha certeza de que você o amava?"

As palavras de Yongsun rondavam minha mente, me fazendo pensar.
Talvez eu tenha sido muito duro com Wonwoo, afinal eu sei que ele jamais faria nada para me machucar. Não propositalmente.

Eu preciso dar a ele a chance de se explicar, assim como preciso me desculpar mais uma vez por não ter sido o cara que ele merecia.

Eu quero ser um pai para minha filha e quero ser o cara certo para Wonwoo. Isso se ele ainda me quiser ao seu lado, é claro.

Antes de Wonwoo, eu nunca havia pensado em formar uma família, mas quando o conheci tive certeza que não há outra pessoa com quem eu quisesse o fazer, e agora que tenho essa chance, não a deixarei escapar.
Não de novo.

Estou disposto a esquecer o passado e viver com Wonwoo e Jiwoo o que sempre sonhei para nós.

𝖺𝖿𝗍𝖾𝗋 𝗍𝗁𝖾 𝗌𝗍𝗈𝗋𝗆 | 𝗺𝗲𝗮𝗻𝗶𝗲Onde histórias criam vida. Descubra agora