Wonwoo e sua filha Jiwoo, de cinco anos, vão passar as férias de inverno no chalé de seu melhor amigo Seungkwan, em Aspen.
Até então tudo parecia perfeito, Wonwoo só não esperava encontrar com seu antigo amor e pai de sua filha que, coincidentemente...
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Bato minhas unhas incessantemente na mesa de madeira, me sentindo ansioso demais para dormir.
Agora são quase seis da manhã e eu simplesmente não consegui dormir nem por um segundo se quer, então achei que um chá pudesse me acalmar.
Quando fui dormir ontem a noite, Mingyu ainda não havia chegado e isso me deixou preocupado e culpado, mas sei que ele já está em casa pois vi quando o mesmo foi até o quarto em que eu estava com Jiwoo.
Vê-lo ser tão carinhoso com ela aqueceu meu coração e, por um momento, esperei que ele me beijasse também, mas sei que isso seria pedir demais, afinal, como ele poderia ser carinhoso com a pessoa que tirou dele a própria filha?
Na época em que tomei essa decisão, não pensei que me arrependeria tanto, mas agora tudo o que eu queria era poder voltar no tempo e concertar as coisas.
Eu só queria mais uma chance.
─ sem sono? ─ me assusto ao ouvir a voz rouca do mais novo soar no ambiente, atraindo meu olhar no mesmo instante.
Ele parecia menos irritado do que dá última vez em que conversamos, mas suas olheiras denunciavam que também não havia conseguido dormir.
─ é ─ digo simplesmente, não sabendo até que ponto posso falar sem estragar as coisas e então levo a xícara até minha boca, vendo o moreno se sentar cautelosamente ao meu lado, a uma distância considerável.
─ acho que precisamos conversar ─ ele murmura olhando fixamente para meus olhos, me deixando desestabilizado por um momento.
─ precisamos ─ assinto abaixando a cabeça, sem coragem suficiente para encara-lo. Mesmo que ele não pareça mais tão irritado, tenho consciência de que este é um assunto muito delicado e não quero errar novamente ─ eu sei que já disse antes, mas eu sinto muito, Mingyu ─ suspiro, tentando engolir as lágrimas que ameaçavam se formar ─ eu fui muito egoísta por pensar que você seria capaz de abandonar um filho, mas eu estava apavorado e, naquela hora, me pareceu certo. Me perdoa ─ minha voz falha e, ainda que eu tentasse evitar, lágrimas rolaram.
─ eu também fui egoísta, Wonwoo ─ o Kim suspira antes de prosseguir ─ mesmo com medo, eu deveria ter me despedido de você. Te explicado tudo e talvez assim as coisas pudessem ter tomado um rumo diferente. Quando você mais precisou de mim, eu virei meu rosto. Eu fui embora e esse sempre será meu maior arrependimento.
─ agora eu entendo que você não foi embora por que quis, além do mais, você não tinha como saber ─ por impulso, toco sua mão por cima da mesa, mas, ao notar que ele não pretendia se afastar, permaneço tocando suavemente sua pele ─ confesso que no início eu pensei que não conseguiria sozinho, mas eu nunca estive realmente só. E por ainda amar você, tive forças para dar a Jiwoo um amor consistente, mas agora entendo que isso jamais iria substituir o amor que você poderia dar a ela.
─ eu sei que você é o melhor pai desse mundo, Wonwoo. Eu nunca duvidei disso, afinal, ela é a criança mais doce e carinhosa que eu já conheci, mas agora que eu estou aqui, quero poder ama-la. Quero poder ser o cara que vai leva-la para a escola. Que vai beijar seu rosto antes de dormir. Que vai colocar os caras para correr. Que vai leva-la ao altar, junto contigo.
─ eu sonho com isso desde que descobri que seria pai, Mingyu ─ sorrio triste ─ e sei que não existe outra pessoa que eu quisesse para ser pai dela.
─ obrigado, Wonu ─ franzo o cenho, sem entender o motivo do agradecimento ─ obrigado por ter me dado o melhor presente que um homem pode ganhar. Eu amo você ─ suas palavras me deixam em choque e pisco seguidas vezes, garantindo que isso não se trata de apenas um sonho.
Ele já havia dito que me amava, mas depois de ontem, sinceramente pensei que isso havia mudado.
─ eu também te amo, Mingyu ─ ao proferir essas palavras, sinto um enorme peso deixar meus ombros. Eu finalmente havia me libertado ─ e eu realmente espero que possa me perdoar.
─ eu já perdoei, hyung ─ Mingyu sorri levemente e se levanta da banqueta em que estava sentando, me puxando para seus braços ─ sei que não vai ser fácil, mas quero deixar tudo isso no passado e viver o agora. Viver com você e com a nossa filha. Isso é tudo o que quero.
─ que bom, por que é tudo o que quero também ─ sorrio, me aconchegando em seus braços fortes ─ quero que sejamos a família que deveríamos ter sido desde o início.
─ sabe, eu mal consegui dormir essa noite, por conta da ansiedade em falar com você. Pensei que talvez pudéssemos jantar em um lugar legal essa noite, para nos reconectarmos um com o outro e então decidir quando e como falaremos com a Jiwoo.
─ parece uma boa ideia ─ mas onde nós deixaríamos ela? ─ meus lábios se contraem em preocupação, mas seu sorriso denuncia o fato de ele já ter algo em mente.
─ eu conheço uma pessoa que amaria cuidar dela por algumas horas ─ franzo as sobrancelhas, esperando que ele continue ─ é uma amiga que eu conheci em Londres. Inclusive, foi ela que me deu os melhores conselhos durante os últimos anos.
─ se você confia nela para cuidar da nossa filha, eu também confio ─ sorrio docemente para ele que se aproxima vagarosamente de mim, causando borboletas em meu estômago.
Borboletas que eu nem ao menos lembrava que existiam.
Ele me olha de maneira tão intensa, fazendo com que minhas pernas fraquejassem, mas quando penso que ele iria selar nossos lábios, tudo o que ele faz é beijar delicadamente minha bochecha, me fazendo suspirar em frustração.
─ eu quero te beijar, Wonu ─ ele sussurra em meu ouvido e imediatamente sinto um arrepio percorrer minha espinha. Arrepio que apenas ele é capaz de causar ─ mas quero que seja especial. Quero que seja tão belo quanto na primeira vez em que o fizemos e não acho que a cozinha seja o melhor lugar ─ sorrio assentindo e volto a me acolher em seu abraço, me sentindo em casa depois de anos.
