𝘥𝘰𝘪𝘴.

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O dia amanhecera lindo, o sol quente pairava sobre a cidade dos anjos. Um belo dia para Summer, sua folga havia chegado e ela queria resolver todos seus problemas.

Acordou cedo, arrumou a casa, foi ao mercado e encheu os armários, levou suas roupas a lavanderia e ficou até parte da tarde de bobeira.

Do outro lado da cidade dos anjos, Abel se preparava mentalmente para o grande dia. Na noite anterior, pela madrugada, Daryl foi deixar coletes e calças extremamente pesadas com ele, junto de alguma armas.

Fayola assistia tudo de forma silenciosa, vendo seu neto carregando as armas como se estivesse com um brinquedo em mãos.

— Você não vai desistir, não é?

— Não, eu preciso do dinheiro.— Ele respondeu e vestiu o colete — Eu preciso muito.

— Eu disse Abel, eu posso trabalhar!

— Não, por mais que você trabalhe nunca vai ser o suficiente, você sabe que tudo é muito caro, as fisioterapias e os remédios. Não adianta.

— Claro que adianta! Eu posso ajudar... Fazer um empréstimo no banco...

— E vamos pagar o triplo do empréstimo com o que? Só se eu me prostituir.— Ele brincou mas nenhum riso estampou os lábios da mais velha.

— Abel... Por favor, eu te imploro... Fica.

— Vó, eu já disse com todas as letras do alfabeto. Não dá, não tem como.

— Você não é bandido!— Ela exclamou desesperada.

— É, não sou mas se precisar para termos uma vida boa, eu vou ser.

— E se você não voltar?— Ela perguntou afobada — Hein Abel? Me diz? O que eu faço?

— Se eu não voltar você cuida dele pra mim, o eduque como você me educou. Vai ser um grande homem... Talvez Daryl ou mais alguém volte, então eles vão te dar o dinheiro.

— Eu não tô falando do dinheiro, garoto besta! Como eu vivo sem você?!

— Vivendo, vó, a vida é assim... A gente arrisca o pouco que tem, que no nosso caso não é nada... Mas eu preciso.

Fayola secou as lágrimas, desesperada.

— Eu não acredito que está fazendo isso comigo.— Ela lamentou — Eu não acredito, você vai me matar Abel, me matar!

— Você disse a mesma coisa quando fugi de casa para ir morar com usuários de crack, eu sei que aguenta, a senhora precisa aguentar.

— Não Abel! — Ela exclamou desesperada — Não é assim! Eu preciso de você, meu neto... Você é quem me deu forças esses anos todos...

— Eu sei, você me ajudou tanto que eu nunca vou poder retribuir... Mas eu preciso, de verdade, eu preciso desse dinheiro.

Fayola suspirou e esfregou seu rosto cansado, decidindo apelar para o extremo.

— A sua mãe jamais apoiaria isso, ela teria vergonha.

Abel mordeu o lábio e suspirou, olhando fundo nos olhos de sua avó — Não importa o que ela iria achar ou sentir, minha mãe está morta e ponto final.

A mais velha ficou calada e suspirou, agarrando o terço em mãos e rezando para todos os santos que conhecia.

— Eu estou indo.— Ele apareceu de repente — Se eu não voltar até o amanhecer, fala com o Daryl ou o Edward.

A senhora se levantou e o olhou, tocando seu rosto e acariciando, a barba já crescia e pinicava sobre a palma da mão dela.

— Eu amo você.— Ela sussurrou, os olhos transbordando lágrimas.

𝘧𝘢𝘭𝘴𝘦 𝘢𝘭𝘢𝘳𝘮Onde histórias criam vida. Descubra agora