𝘲𝘶𝘢𝘵𝘳𝘰.

100 6 0
                                    


Um filme do que tinha acontecido durante a noite passava pela mente de Summer, a fazendo acordar de seu cochilo em um quase grito desesperado, a falta de ar tomava seus pulmões e seus olhos queimavam.

Ela olhou para o chão, a visão turva, enquanto soluçava desesperada. Assim que se virou encontrou Abel a olhando de forma preocupada e culpada. Ele tentou se sentar para se levantar, mas foi interrompido.

— Não... Não faça esforços.— Ela engatinhou até o sofá, repousando as mãos nos ombros dele o fazendo repousar novamente — Fique deitado Abel, seu corpo precisa de tempo para se regenerar disso tudo.

Ele não disse nada, ficou quieto encarando os olhos claros, podendo ver o que ele a tinha feito passar seria um trauma marcado para todo sempre.

— Você quer alguma coisa?— Ela perguntou amarrando os cabelos no topo da cabeça, secando as lágrimas que molhavam suas bochechas.

Ele balançou a cabeça negativamente, a mão macia dela pousou sobre sua testa, verificando se não estava com febre. Ela sumiu em passos largos e voltou com um comprimido em mãos.

— É um anti-inflamatório, vou te dar de oito em oito... Esqueci de te dar antes, perdão.— Ela olhou para o relógio — Agora são duas da manhã... As nove então.

Ela voltou a sentar no chão, apanhando seu livro novamente e abrindo na página marcada.

— Abel se você quiser qualquer coisa, é só falar, 'ta?— Ela se virou a ele — Qualquer coisa, pode pedir.

Ele apenas assentiu se remexendo com cuidado, sentindo o peso da culpa ao ver o trauma que tinha causado na garota tão gentil a sua frente.

Os dois ficaram presos em seus próprios mundos, até ela se levantar e estender o controle da televisão a ele.

— Desculpe... Eu nem pensei o quão chato deve ser para você ficar quieto aí.— Ela sorriu envergonhada — Eu vou... Fazer alguma coisa para me destrair, qualquer coisa é só gritar.

Abel suspirou e deixou o controle de lado, voltando a olhar para o teto. Seu corpo ainda doía e sua cabeça não parava de rodar em cada segundo que tinha passado no assalto, queria ter feito mais, talvez assim seus amigos não teriam morrido.

Menos Edward, ele entendia perfeitamente que tinha assassinado um homem. E isso o amedrontava, até demais.

Apesar de sempre ter andando uma vida torta, Abel nunca fora um homem ruim, só precisava de muita paciência e alguém que lhe guiasse para um caminho bom.

Ele lembrava perfeitamente de todas as vezes quando pegou uma arma em mãos quando era adolescente, de todas as vezes que roubara comida ou cd's novos de seus artistas favoritos. Mas ele não era um assassino, não.

Abel sempre foi apenas um menino de mente fraca, que tinha conhecido pessoas ruins que o arrastaram para caminhos errado, mas ele não era inteiramente ruim, só tinha se perdido em seu caminho algumas vezes.

Óbvio que Edward tinha o machucado também, o tiro de raspão o acertou na coxa, mas nada tão grave. Ele não entendia o por que de ter tido tanta atitude, a adrenalina corria por suas veias e ele mal sentia a dor do tiro, sua única reação foi disparar inúmeras vezes contra seu colega de assalto.

Horas depois Summer voltara do corredor, sentou ao chão novamente e ficou lendo.

— Você acha que eu sou um assassino?— Ele perguntou baixo quase num sussurro, quase impossível de ouvir.

— O que?— Ela perguntou confusa e balançou a cabeça — Não, não acho... Você se defendeu.

— Eu matei ele.

𝘧𝘢𝘭𝘴𝘦 𝘢𝘭𝘢𝘳𝘮Onde histórias criam vida. Descubra agora