𝘰𝘪𝘵𝘰.

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A palavra El ecoava na mente de Abel e em seu sonho estranho sobre estar algemado dentro do cofre do banco, até que então acordou em um grito assustado.

Kayin logo parou de chamar seu pai e se encolheu contra o berço, Abel se sentou ofegante e sentou a camiseta molhada de suor grudada contra seu peito.

Ele levantou e esfregou o rosto, respirando fundo e indo até o berço. Pegou o bebê no colo que o olhava assustado, segurando o choro com a boquinha pequena tremendo.

— Desculpa amor, o papai não queria assustar você, foi sem querer... Eu juro.— Ele beijou a cabeça do bebê — Não chora, 'ta? Por favor, o papai não queria te assustar... Vamos tomar um bainho e mamar, pode ser?

O pequeno coração de Kayin estava a mil, fazendo seu pai rir brevemente. Os dois foram ao banheiro e o bebê tomou um banho quentinho, resmungando as palavras em sua língua, as quais Abel concordava e opinava sobre o assunto imaginário.

— Concordo com você, está totalmente certo.— Ele balançou a cabeça positivamente quando Kayin voltou a soltar letras perdidas — Sim, isso mesmo.

Logo o bebê estava de roupa e amamentado, logo brincava com seus brinquedos e resmungando suas palavras.

Abel estava esperando pacientemente sua avó voltar, mas não voltava de jeito algum. Suspirou e pegou Kayin e a bolsa azulada, trancou a casa e bateu na porta de Mia.

— Oi Mia.

— Oi Abel, tudo bem?

— Tudo sim... Eu posso... hm... Te pedir um favor?

— Claro.

— Pode ficar com o Kayin por um momento? Eu juro que é só até a minha avó voltar.

— Claro que sim! Me passa esse garotão... A sua avó saiu cedo, apressada.

— Ah... Tudo bem então.— Ele suspirou — Você não vai fazer nada né? Não quero te atrapalhar...

— E não vai, hoje eu estou de folga.— Ela segurou suavemente a mão de Abel, subindo com seus dedos sobre o braço dele — E sozinha...

Ele sorriu torto e olhou para a mão de Mia que acariciavam suavemente seu tronco.

— hm... É... Que... Bom?— Ele perguntou confuso — Enfim Mia, eu tenho que ir de verdade... Estou atrasado.

— Então tudo bem... A gente se fala depois?

— Claro...— Ele sorriu e beijou a cabeça de seu bebê várias vezes — O papai já volta, 'ta? Eu amo você. Mia... Se precisar liga, eu venho correndo... Tchau.

— Tchau Abel.

Ele saiu porta a fora e pegou o ônibus, encostando a cabeça no vidro e suspirando, pensando seriamente em Summer. Ele queria fazer mais, mais do que dinheiro, ela tinha salvado a sua vida, lhe dado a oportunidade de ver seu filho novamente.

Ele não lembrava da rua onde ela morava, muito menos o número do apartamento.

Abel suspirou e enterrou o rosto entre as mãos, desejando que tudo mudasse.

Logo caminhou três quadras e chegou no enorme barracão, passando o crachá e indo para o fundos, onde descarregava as milhares de mercadoria. Todos olhavam para ele como se fosse um monstro, confusos.

— Bom dia, chefe.— Abel se pôs ao lado do caminhão — Cheguei, posso descarregar?

— T-tesfaye?— Ele gaguejou — Surgindo das cinzas?

— É, igual fênix... Agora posso trabalhar?— Ele respondeu impaciente, já abrindo o caminhão e olhando as milhares de caixas.

— E-Então você s-sabe o que fazer.— O chefe gaguejou e saiu, o olhando de longe.

𝘧𝘢𝘭𝘴𝘦 𝘢𝘭𝘢𝘳𝘮Onde histórias criam vida. Descubra agora