Lá fora a tarde era precocemente escurecida por um céu repleto de nuvens carregadas. Um raio rasgou os ares e, segundos depois, ouviu-se um trovão.
Ainda com os olhos fechados, Diana despertou aos poucos enquanto tentava localizar-se e entender onde estava.
Deitada de bruços, com parte dos cabelos cobrindo-lhe o rosto, ela sentia a superfície dura e fria do chão da cozinha de seu apartamento onde seu corpo se estendia.
Um calafrio a percorreu, ela estremeceu e gemeu...- Ahmmm... Que dor!
Bem devagar e com dificuldade ela esforçou-se para abrir os olhos e começou a fazer, mentalmente, um check-list corporal.
Tentando flexionar os joelhos percebeu que um deles estava bem dolorido, porém aparentemente inteiro.
- Coxas... Bem doloridas.
- Virilha... OK. Pelo menos dessa vez...
- Abdômen... Uhh! Algumas costelas talvez? Talvez.
- Peito e costas... Arff... Tá difícil respirar... Sim, algumas costelas com certeza. Droga!
- Braços... O direito está um pouco dolorido mas o esquerdo...
Diana não conseguia mover o braço esquerdo, estirado ao longo do seu corpo e concluiu que estava com o ombro deslocado.
- Minha Mãe do céu, isso dói demais!!!
- Pescoço... Deve estar com marcas certamente... e feias!
- Maxilar... Dolorido. Não! Beeemmm dolorido.
- Boca...
Passando a língua nos lábios ela sentiu o inchaço e as lacerações... Mal conseguia abrir a boca.
- Um estrago!
- Nariz... Sangrando mas não quebrado. Afinal, quantas vezes um nariz pode ser quebrado?
- Olhos... Pois é, o esquerdo não consigo abrir e dói horrores!
- Cabeça... Doendo até pra pensar.
Levando a mão direita à cabeça, conseguiu constatar que não havia cortes e sentiu o couro cabeludo bastante dolorido.
- Pelo jeito muitos fios de cabelo foram arrancados... Malditos cabelos compridos!
Já havia um tempo que Diana aprendera a reconhecer o próprio corpo e as lesões que sofria, perdera as contas de quantas vezes precisou fazer esse check-list. Felizmente esse não era dos piores.
Enquanto apoiava-se no antebraço direito, tentando se levantar, Diana ouviu batidas frenéticas na porta e alguém gritando o seu nome do outro lado, em seguida uma voz feminina abafada...
- Arromba, Seu Ramiro! Arromba, porque ela pode estar morta lá dentro... - alertava Melissa ao síndico do prédio, temendo o que poderia ter acontecido com sua jovem e reclusa vizinha.
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AS GURIAS DA BOATE DOCE DEMÔNIO
RomanceGurias diferentes que por motivos diferentes foram trabalhar no mesmo lugar: a Boate Doce Demônio. ** ALERTA! A história pode conter gatilhos emocionais. **