1. Gostinho de liberdade...

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Lá fora a tarde era precocemente escurecida por um céu repleto de nuvens carregadas

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Lá fora a tarde era precocemente escurecida por um céu repleto de nuvens carregadas. Um raio rasgou os ares e, segundos depois, ouviu-se um trovão.

Ainda com os olhos fechados, Diana despertou aos poucos enquanto tentava localizar-se e entender onde estava.
Deitada de bruços, com parte dos cabelos cobrindo-lhe o rosto, ela sentia a superfície dura e fria do chão da cozinha de seu apartamento onde seu corpo se estendia.
Um calafrio a percorreu, ela estremeceu e gemeu...

- Ahmmm... Que dor!

Bem devagar e com dificuldade ela esforçou-se para abrir os olhos e começou a fazer, mentalmente, um check-list corporal.

Tentando flexionar os joelhos percebeu que um deles estava bem dolorido, porém aparentemente inteiro.

- Coxas... Bem doloridas.

- Virilha... OK. Pelo menos dessa vez...

- Abdômen... Uhh! Algumas costelas talvez? Talvez.

- Peito e costas... Arff... Tá difícil respirar... Sim, algumas costelas com certeza. Droga!

- Braços... O direito está um pouco dolorido mas o esquerdo...

Diana não conseguia mover o braço esquerdo, estirado ao longo do seu corpo e concluiu que estava com o ombro deslocado.

- Minha Mãe do céu, isso dói demais!!!

- Pescoço... Deve estar com marcas certamente... e feias!

- Maxilar... Dolorido. Não! Beeemmm dolorido.

- Boca...

Passando a língua nos lábios ela sentiu o inchaço e as lacerações... Mal conseguia abrir a boca.

- Um estrago!

- Nariz... Sangrando mas não quebrado. Afinal, quantas vezes um nariz pode ser quebrado?

- Olhos... Pois é, o esquerdo não consigo abrir e dói horrores!

- Cabeça... Doendo até pra pensar.

Levando a mão direita à cabeça, conseguiu constatar que não havia cortes e sentiu o couro cabeludo bastante dolorido.

- Pelo jeito muitos fios de cabelo foram arrancados... Malditos cabelos compridos!

Já havia um tempo que Diana aprendera a reconhecer o próprio corpo e as lesões que sofria, perdera as contas de quantas vezes precisou fazer esse check-list. Felizmente esse não era dos piores.

Enquanto apoiava-se no antebraço direito, tentando se levantar, Diana ouviu batidas frenéticas na porta e alguém gritando o seu nome do outro lado, em seguida uma voz feminina abafada...

- Arromba, Seu Ramiro! Arromba, porque ela pode estar morta lá dentro... - alertava Melissa ao síndico do prédio, temendo o que poderia ter acontecido com sua jovem e reclusa vizinha.

AS GURIAS DA BOATE DOCE DEMÔNIOOnde histórias criam vida. Descubra agora