Pela grande porta dupla, recém-aberta, surgiu Wanda, uma senhora de cabelos louros grisalhos com ondas suaves que tocavam-lhe os ombros, grandes argolas prateadas adornando suas orelhas combinando com as inúmeras pulseiras em ambos os pulsos, usava anéis em quase todos os dedos, inclusive nas falanges, e no pescoço um longo cordão de couro, que ia quase até a altura de seu estômago, com uma pedra da lua pendurada. Exalava um suave perfume floral, exibia um sorriso afetuoso nos lábios e de braços abertos recebeu as gurias chamando-as para um abraço.
- Que bom que já chegaram - disse abraçando e beijando Dalila e Íris.
Logo que a presença de Diana foi percebida seu sorriso se desfez.
- Essa é a Diana, Wanda - adiantou-se Dalila.
- Ela precisava de ajuda, não tinha pra onde ir e a trouxemos com a gente - completou Íris trocando olhares cúmplices com Dalila, aguardando a reação da anfitriã.
A mulher aproximou-se, tocou com delicadeza o rosto de Diana com as duas mãos olhando-a nos olhos como quem lia a alma.
- O que fizeram contigo, meu bem?
Antes que elaborasse a resposta, Diana sentiu-se cuidadosamente abraçada e ouviu próximo ao seu ouvido:
- Ele vai pagar por isso, meu anjo. Guarde minhas palavras - disse afagando carinhosamente suas costas - Acredite na lei do retorno. Cedo ou tarde ele há de pagar.
Diana retribuiu contornando, com seu braço livre, o corpo da senhora e aconchegou-se naquele abraço sentindo uma leveza repentina e reconfortante.
- Agora vamos entrar e comer alguma coisa - falou mantendo um dos braços em volta de Diana - Vocês devem estar famintas, né? Assim poderemos conversar melhor.
A proprietária da boate as conduziu para dentro do local onde logo se via uma ampla sala de estar, evidenciando que o interior era muito maior do que aparentava por fora. Seguindo em direção à cozinha também bastante espaçosa percebia-se que, apesar de tudo estar bem limpo e organizado, os móveis desgastados e antigos lembravam o letreiro da fachada e, assim como a imagem da mulher que as recebia, definitivamente, refletia a decadência do estabelecimento.
Mesmo após acomodar-se em uma das cadeiras, Diana ficou olhando para tudo à sua volta sem conseguir disfarçar e sua reação não passou despercebida por Wanda que, enquanto preparava um café e algo para comerem, notou sua curiosidade um tanto tensa.
- Muitas mudanças em tão pouco tempo, meu bem? - questionou ela.
Só então Dalila e Íris se deram conta do nervosismo e desconforto de Diana com toda aquela situação.
- Agora vai ficar tudo bem, Di - afirmou Dalila - Ele nunca vai te encontrar aqui.
- A gente te trouxe pra te ajudar, neném. Vai dar tudo certo - disse Íris apertando levemente a mão de Diana.
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AS GURIAS DA BOATE DOCE DEMÔNIO
RomanceGurias diferentes que por motivos diferentes foram trabalhar no mesmo lugar: a Boate Doce Demônio. ** ALERTA! A história pode conter gatilhos emocionais. **