Capítulo 27

936 114 12
                                    


Jasmin Cahill

Continuei subindo a colina verdejante, sentindo o vento leve brincar com os fios dos meus cabelos. O sol tocava meus braços e uma sensação de leveza pairava no ar, a não ser pelos quilômetros incansáveis que eu continuava a subir e subir, sem parar.

— Deviam ter colocado uma escada rolante por aqui. — Ouvi uma risada e virei o rosto em busca do som. Não havia ninguém.

Continuei subindo e até que enfim cheguei ao topo, onde uma floresta exuberante se espalhava pelo horizonte, com uma grande cascata ao fundo.

— Que lindo — sussurrei ao vento. Uma paz indescritível preencheu meu coração.

— É lindo, mas não é seu lugar, Jasmin. — Saltei no mesmo lugar quando a voz de Magnólia me atingiu como um raio.

Encontrei minha irmã segurando a mão de nossa mãe do outro lado de um grande abismo entre duas colinas. Meus olhos marejaram e eu comecei a chorar.

— Mãe, Magnólia! — Fui em direção ao abismo. Tudo que queria era abraçá-las.

— Não! — mamãe gritou e esticou a mão. — Não pode cair no abismo, minha filha. Volte por onde veio, este ainda não é seu lugar.

Meus olhos se prenderam aos dela. Ambas reluziam sob a luz do sol, como dois anjos olhando pela terra. Magnólia estava deslumbrante, com um sorriso lindo preso ao rosto delicado e minha mãe... meu Deus, ela era mesmo parecida comigo.

— Quero muito estar com vocês, mamãe. — Virei-me para minha irmã que me observava com um sorriso gentil. — Senti tanta sua falta, Mag. Tanta. — Solucei. — Acho que subi a colina errada, eu vou descer e subir a outra colina. Quero estar com vocês.

— Jasmin — Magnólia chamou. — Nunca deixamos de estar com você, mas sua história é outra. Precisa mudar um pouco aquele mundo.

— É hora de ser livre, filha. — Mamãe ergueu a mão fina em minha direção e Magnólia fez o mesmo. — Volte e seja feliz. Esperaremos por você.

— Mas não se apresse. — Minha irmã completou e levei a mão ao peito com a súbita dor que me atingiu ali.

Gritei e caí de joelhos com o ardor que parecia queimar cada centímetro do meu corpo e um instante depois, tudo se transformou em uma escuridão calma e indolor. Fui abraçada por um silêncio profundo.

2 dias depois

Abri os olhos e suguei o ar com força. Luzes claras ameaçavam me cegar.

— Ela acordou de novo — uma voz feminina disse.

Minha cabeça estava rodando e todo o meu corpo parecia ter passado por um moedor. Minha mente vagava através de fragmentos de memória, como se eu tivesse acordado naquele mesmo lugar algumas vezes até de fato me dar conta de que estava ali.

— Ei, seja bem-vinda, guerreira. — Outra, ainda mais feliz, completou. — Agora ela está consciente. — O homem se aproximou dos meus olhos com uma luz forte. — A senhorita passou por uma cirurgia de urgência há dois dias e agora está se recuperando na UTI. Fique calma, o pior já passou.

— Consegue me dizer seu nome? — a mulher perguntou ao se aproximar de mim. — Acho que ela vai voltar a dormir, assim como nas outras duas vezes em que acordou — sussurrou para o homem, como se eu não estivesse escutando-a.

— Jasmin... meu nome. — Tentei engolir, mas o simples movimento me causou dor e um cansaço extremo.

Pisquei e virei o rosto. Antes que pudesse entender o que estava acontecendo, meus olhos perdidos pousaram em um grande vidro na lateral do quarto, onde várias pessoas estavam escoradas. Muitas delas choravam e demorei a reconhecer meu pai entre eles. Também havia um homem, alto, robusto. Ele chorava copiosamente, apoiado no vidro. Os olhos vermelhos, ainda destacavam os dois pontos de luz de cores diferentes e ele dizia coisas estranhas, que eu não conseguia entender, mas que por algum motivo me fizeram sorrir.

Sob a proteção do Lobo - Série Guarda-costas - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora