"Eu tinha tudo, mas minha espada o partiu em duas porções de nada"
Continente Arniano, 1453.
Eu estou vendo-o sangrar. Era como se eu pudesse ouvir o gotejar rubro esfoliar sua crosta.
Sua cabeça girava absurdamente rápido, um rastro de sanidade a deixou. Tudo era resumido a olhares assustados, esbugalhados e intimidadores. O mundo ensurdeceu Olivia, e logo o barulho voltou aos seus ouvidos. O medo pairava no ínfimo vilarejo entre os 5 reinos da região. Um possível ataque, eles de novo.
—Mãe! mãe! meu pa.. meu pai está no chão. — Sua única ação possível foi derrubar a mochila e correr, correr até aquilo ser convertido em um pesadelo, correr até aquilo passar. Olivia viu seu pai deitado em sua poça de sangue com os olhos abertos, pois ninguém, aparentemente, teve a coragem de fechá-los.
—O que houve aqui? Foram eles? Foram eles?— A menina proclamou sem conseguir parar de se mexer, expôs seu desalento refletido nos olhos.
Havia soluços em meio ao seu choro, logo perdeu a força que tinha poupado, e desabou sobre seus joelhos, como se seus pernas tivessem sido apartadas pelo vento junto de sua firmeza, algo se rompeu, sentiu tudo a sua volta, sentiu a vida, para decifrar a morte. Um pouco atordoada, chocou seus punhos cerrados contra a areia molhada.
—Me respondam! - O silêncio era a pior arma que fomentaria sua pior ferida.
A vila a sua volta fez dela o alvo da atenção, seu pai Leonardo era um homem muito querido e conhecido por lá, e ela vociferava a cólera que a afligia por dentro.
Eu vou.. vou —Repetiu suas palavras falhas e chorou em um tom irônico, conforme soltava um riso atordoado. Alguém tentou levantá-la, mas logo foi reprimido por um tapa impulsivo.
—Dante, Dante.. cade o dante?— Todos a encararam com pavor e agonia.
—O levaram? — Questionou ela mantendo sua vista baixa, captando as lágrimas baterem o chão quente, à medida que respirava pesado na tentativa de se acalmar. Impaciente por ninguém ter coragem de explicar nada, a jovem apertou a areia com suas mãos ásperas. Puxou sua adaga e enfiou na areia próxima de seu pai. Uma vez, duas, três.
—Droga! Droga! Droga. —Desalinhou-se de novo.
—Isso foi porque saímos da cidade, é tudo minha culpa, eu quis visitar meu tio e pedi companhia.Me perdoa pai, me desculpa por não ter estado lá por você, mesmo quando o senhor sempre esteve por mim, perdão. — Pensou.
Sua voz se afinava à medida que falava mais, jogou seu tronco sobre o dele e apenas sentiu o momento, e o guardou, para que jamais vivesse-o de novo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Reino encantado
RomanceNum continente distante, em 1453, dois desconhecidos, o príncipe de Orkida e uma guerreira, os quais tiveram uma apresentação nada agradável, fazem um acordo e vão rumo a um lugar encantando, conhecido por lendas. Então, percebem que estão presos um...