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03.

Surpresa


            É claro que isso tudo é um desafio para meus pais. Afinal, quem diria que eu, Albus Severus Potter, iria trazer um garoto para a minha casa, e esse garoto não é Craig? Fazer amizade é difícil. Trazer alguém para minha casa também. Fazer amizade com Scorpius e trazer ele para a minha casa, porém, foi mais fácil que eu esperava.

Na verdade, sei que Scorpius não é um menino normal. Em geral, os garotos são pessoas difíceis de se comunicar, principalmente com alguém como eu. Eu não suporto ficar perto dos meninos da minha escola, porque além de ter certeza de que todos eles estão olhando para mim, eu já os escutei conversando sobre mulheres, e eu detesto conversar sobre mulheres.

E Craig, mesmo que eu saiba o quanto ele admira Rose, não é uma companhia insuportável, porque ele sabe falar de outras coisas além da minha prima. Já Scorpius nesses últimos dias nunca quis conversar sobre mulher, ou namoro, ou sexo, e isso me deixa com cada vez mais vontade de passar o dia todo com ele.

Durantes as aulas percebo que Craig anda sorrindo com mais frequência, e na hora do intervalo fomos nos encontrar com Rose e Scorpius, onde ele parece sorrir mais ainda. Scorpius e minha prima, por estarem estudando na mesma sala, parecem muito mais próximos que antes. Eu não sei se isso é bom, não para mim, porque toda vez que vejo o olhar deles se cruzando, meu estômago dá uma cambalhota e grita para me sentar entre eles e acabar com qualquer tipo de contato.

E quando voltamos para a sala, me pergunto como é que Rose e Scorpius estão na outra turma. Me pergunto se eles se sentam próximos, se eles conversam nos tempos livres, se Scorpius pede para ela olhar bem fixamente seus olhos também.

Apenas queria saber o que eu estou sentindo, no porquê que me sinto tão estranho pensando nisso, por que não consigo me concentrar na aula.

Também queria saber o que é esse sentimento que deixa cada canto do meu corpo formigando toda vez que as aulas do dia terminam, e eu vou para a porta do vestiário me despedir de Craig e Rose, e me encontrar com Scorpius.

É como se tivessem formigas dentro das minhas veias, fazendo cócegas, andando rapidamente com suas perninhas curtas sobre meu cérebro. Sinto um frio na barriga, mas ao mesmo tempo um calor no meu peito. Perigoso. Isso parece muito perigoso.

E o que quer que seja esse sentimento, eu preciso acabar com ele, porque eu sei que vou endoidar se as coisas continuarem dessa forma.

Mas lidar com um sentimento que eu não consigo nem ao menos decifrar é mais difícil do que eu penso, porque enquanto eu me concentro em acabar com essas borboletas no estômago que não fazem sentido algum, vejo que é impossível controlá-las quando Scorpius me puxa pela roupa e fala feliz, bem perto do meu rosto:

─ Então, nós vamos 'pra sua casa agora, né?

E eu apenas aceno com a cabeça, porque todas as palavras morrem na minha garganta.

Dessa forma, enquanto caminhamos pela calçada a caminho da minha casa, é impossível não pensar no que meus pais falariam caso me vissem com Scorpius, mesmo que eu esteja pouco me importando para qualquer tipo de reação que venha a aparecer.

E, agora, eu me pergunto no porquê de todo o mundo da escola, da rua, e da minha família ter esse tal de medo quando o assunto é os Malfoy. Por que eles ficam tão estranhos, e por que nossos colegas apontam e sussurram para ele, e até mantém distância? O que os Malfoy fizeram para tudo isso estar acontecendo? Isso não faz sentido. Se eles, todos eles, conhecessem Scorpius, tenho certeza de que mudariam de opinião imediatamente.

Sentimentos São - ScorbusOnde histórias criam vida. Descubra agora