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02.

As três perguntas


O problema em passar meu endereço para um Malfoy é, de qualquer forma, o próprio problema, porque meus pais não sabem que ele vai aparecer na porta de casa daqui a alguns minutos, e ainda ir para a escola na minha companhia.

Eu sei que tenho que tomar cuidado, porque eu os vi reagindo em frente à TV ontem de manhã, e eu sei que eles reagirão da mesma forma quando eles abrirem a porta e verem que do outro lado há um rapaz estranho, que parece ter vindo de outro planeta, e que por um acaso é o motivo da minha mãe estar me abraçando agora.

─ Só quero que tome cuidado porque estou preocupada com você. ─ ela explica, quando eu tento afastá-la para poder sair de casa e não correr o risco de Scorpius aparecer em frente a ela por um simples atraso meu, quando eu poderia encontrá-lo na rua, a caminho daqui. ─ Eles podem estar em qualquer lugar, e... Deus, eu não sei o que faria caso você se machucasse.

─ Pode me soltar agora, mãe.

Ela precisa me apertar mais forte antes de finalmente tirar os braços do meu pescoço. Então ela se afasta e olha diretamente nos meus olhos.

Com a mochila nas costas, e há cinco passos de distância da porta, eu sei que estou pronto, mas há alguma coisa nos olhos da minha mãe que me diz para ficar mais um pouco com ela.

Mas isso não se passa de um olhar. Eu não sei o que ele transmite. Eu não sei o que minha mãe está sentindo. Não sei o que ela esconde por trás daquele rosto. Se ela simplesmente pudesse sussurrar tudo o que precisa, acho que nossa convivência seria melhor, mesmo que eu não soubesse como reagir, mesmo se eu não entendesse nem um pouco sobre os sentimentos dela.

Alguém bate na porta. Meu coração para.

É Scorpius.

Eu afasto as mãos da minha mãe do meu ombro, e corro até a porta antes que alguém chegue e se depare com a visita.

─ Quem é? ─ James olha para mim, firme, e eu sinto que tenho que correr.

─ Vou levar um amigo pra escola hoje.

─ Aah, então Craig e você vão juntos? ─ minha mãe abre um sorriso, e ao mesmo tempo que meu coração está a milhão, eu sinto um nó se formando na minha garganta. ─ Quero dar um olá.

─ Eu faço isso por você, ok? ─ eu digo depressa, pegando as chaves de dentro da minha mochila.

Eu não vejo a cara que minha mãe faz quando eu abro a porta, saio de casa, e a fecho rápido o suficiente para que ninguém perceba que, na verdade, o amigo que está me esperando não é Craig.

Scorpius está parado em frente à porta, segurando seu guarda-chuva arco-íris fechado ao lado do corpo, e com o outro braço estendido, como se fosse bater na porta mais uma vez. Ele sorri mas eu não faço nada. Nada além de segurar forte em seu pulso e o arrastar pela calçada, o mais longe possível da minha casa.

Quando me viro para ver como está, encontro-o tentando acompanhar meus passos, mas eu não paro de andar até virar o quarteirão, longe da vista de alguém que poderia espiar pela janela da minha casa.

Então eu paro debaixo de uma árvore para respirar.

Uma das coisas que me faz ficar longe das aulas de educação física, e das aulas de baseball e basquete é o fato de ter que correr, porque não estou acostumado o suficiente como Craig, que conseguiria correr uma maratona sem nem se cansar. Eu começo a suar com uma corridinha, e eu pagaria milhões de libras para conseguir a habilidade de nunca mais transpirar.

Sentimentos São - ScorbusOnde histórias criam vida. Descubra agora