; décimo

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10.

Querido namorado


Imagino como Rose deve estar nesse exato momento. Mas não consigo sequer visualizar o lugar onde ela se localiza. Ela foi à escola, ou ficou em casa?

Será que está chorando? Será que está sozinha?

─ Não sei onde ela poderia estar ─ ouço Scorpius dizer, e eu só me vejo capaz de mexer a cabeça em concordância, porque não me vem nada à mente sobre como deveria responde-lo. ─ Mas acho que devíamos ir à escola. ─ ele encara o céu e fica observando o sol e nuvens. ─ Pelo horário, ela deve estar treinando baseball, e, sabe, ela não perde um treino de baseball por nada.

─ Como descobriu as horas apenas olhando ao céu? ─ eu pergunto, porque isso parece um absurdo.

─ Vendo a posição do Sol! ─ explica, como uma bomba de animação para explicar algo que é de seu conhecimento. ─ É claro que não deve ser a hora exata, não sou muito bom nisso, mas estou adquirindo conhecimento com a prática. ─ ele suspira, enquanto eu apenas o admiro, pensando em como alguém pode ser bonito e inteligente ao mesmo tempo. ─ Então, vamos?

Sua mão está estendida a mim, e eu tenho uma explosão dentro do meu cérebro para decidir se eu a seguro, ou se a fico encarando como um bobo.

Só não esperava que as duas coisas fossem acontecer ao mesmo tempo.

Do lugar em que estamos, eu tenho uma noção de onde que deve estar a escola, e ela não está nem um pouco perto. Irá me custar fôlego caminhar por tanto tempo, mas pelo menos Scorpius me faz companhia e duvido que ele solte minha mão.

Hesito antes de pisar descalço na calçada fora da sombra, que deve estar quente. Mas Scorpius é tão rápido que não me dá nem tempo de pensar se há chances de eu perder meu pé na pedra provavelmente escaldante. Mas diferente do asfalto, a calçada não está insuportável de quente, apenas um pouco morna, visto que agora o sol está por trás de uma nuvem.

Nós caminhamos de mãos dadas como duas crianças, porque é impossível andar casualmente quando se está segurando a mão de Scorpius, pois ele a balança para cima e para baixo, me fazendo acompanhá-lo da mesma forma.

Quando ele cansa, sinto como se fosse uma pessoa normal de novo. Agora, meu desafio é conseguir me concentrar no caminho, e evitar pisar no asfalto escaldante, mas é difícil quando Scorpius, ao meu lado, parece estar encarando meu rosto sem parar como se eu fosse uma obra de arte.

Tento fingir que não estou percebendo. Mas ele não consegue disfarçar. Por isso, viro minha cabeça a ele instantaneamente, notando o quão lindo seu sorriso aparece, de forma tão natural.

─ Seus olhos me fazem lembrar de um lugar que eu nunca estive antes. ─ ele comenta, e eu fico pensando sobre isso.

─ Como é possível se lembrar de um lugar que nunca esteve?

Ele deixa de encarar meus olhos para prestar a atenção no caminho.

─ Porque parece que foi criado dentro da minha cabeça, em sonhos. ─ explica ele. ─ Mas também parece muito real. É como se sentir pertencente a um lugar apenas o visitando uma só vez.

Com isso, fico imaginando como deve ser o lugar dos seus sonhos que ele já esteve, e que se parece com os meus olhos tão verdes e sem-graça. Mas nada vêm à minha cabeça.

─ E qual lugar... ─ pergunto, e ele torna a me observar. ─ qual lugar meus olhos fazem te lembrar?

Antes de responder, Scorpius demora cerca de dez segundos para pensar em uma resposta bem elaborada que ele sempre dá e que me faz ficar cada vez mais apaixonado por ele.

Sentimentos São - ScorbusOnde histórias criam vida. Descubra agora