Boa leitura e até a próxima!
Ser marcado gera um sentimento estranho na boca de seu estômago o tempo todo.
Harry nunca imaginou que seria daquele jeito, mas agora entendia o porquê sua mãe ficou doente ao se afastar do alfa que a marcou. Ele sentia falta de Louis o tempo inteiro, uma dependência que nunca sentiu de alguém antes. Queria abraçá-lo, beija-lo e estar em contato físico com seu alfa. Era quase uma necessidade física.
Além disso tem as ondas de sentimentos aleatórios que ambos sentem um do outro. Se algum dos dois está ansioso, irritado, triste, com medo, feliz, animado ou qualquer emoção grande, o outro sente isso também. Não é como se se o Harry estivesse triste, Louis ficaria triste. Era mais como um saber. Louis saberia que Harry está triste, e poderia ajudar seu ômega.
Então era por isso que Harry conseguia sentir a crise de abstinência de Louis o atingindo com força.
Os dois tinham decidido tirar uns dias para ficarem só os dois no apartamento, sem sair, aproveitando os dias a mais que Mark deu para Louis de folga por conta da briga para aprenderem a lidar com as mudanças que a marca deixa na pessoa.
Doía muito sentir seu alfa com abstinência, e até mesmo o ômega estava ansioso e impaciente, além de irritadiço. Ele estava ignorando as crises de irritação de Louis por motivos bobos, já que nenhuma era agressiva ou direcionada a ele, mas sabia o que aquilo significava.
Ele andara pesquisando sobre dependência química tinha um tempo - sinceramente, desde a primeira vez que vira o alfa se drogar-, e vinha buscando meios de ajudar o amado a sair daquilo. Descobrir que dependência química é uma doença crônica o deixou muito triste, mas passaria por aquilo junto com o alfa e superariam juntos.
Por conta de suas pesquisas, Harry agora tinha o contato de um psiquiatra e de um psicólogo, os melhores na área que ele pode encontrar - ele deu graças por agora ser um homem rico, porque só o que teriam que gastar com o tratamento com o médico e o terapeuta conseguiria manter sua família na sua adolescência por muito tempo - e de grupos de autoajuda.
O grande problema, agora, era chegar nesse assunto com o Alfa.
Harry sabia o quanto esse assunto seria delicado e o quanto cuidado ele deveria ter ao trata-lo com Louis. O ômega não sabe qual vai ser a reação do alfa, não sabe se ele vai reagir bem, se ficará triste ou se o assunto irá acarretar uma briga. Esse é o maior motivo de ter procrastinado tanto esse assunto, mas agora não dava mais. Ele não podia arriscar e Louis sair para se drogar como da última vez.
Ele vira que o tratamento não precisa necessariamente de internação em clínicas, o que foi um alívio muito grande para o cacheado. Conversando com James, o médico psiquiatra especializado em dependentes química, como Louis não era um usuário tão frequente e seus usos se resumiam a uma vez por semana no máximo - mesmo o alfa tentando esconder do ômega, Harry sabia todas as vezes que ele usava, mas não comentava para não constrangê-lo - o tratamento poderia ser feito de casa, apesar de ser mais difícil, tanto para Louis quanto para Harry, que precisaria ficar com o alfa como apoio.
Mas se o alfa quisesse ser internado, tudo bem também.
Harry decidiu lidar com o assunto da melhor forma possível que encontrou: através do diálogo.
O ômega pediu a comida favorita do alfa (comida chinesa) e arrumou tudo na sala para que eles tivessem um ambiente confortável para aquilo, acendendo até mesmo umas velas aromáticas pela sala para comerem com uma luz gostosa. E se sentou, esperando Louis sair do banho.
- Hey babe, o que é isso tudo? - Louis perguntou ao aparecer pelo corredor, com o cabelo molhado, usando apenas um short de pijama.
- Eu pedi comida pra gente. Queria fazer algo legal para você.
Louis se jogou ao lado de Harry no sofá, prensando seus lábios no dele. Harry deu um risinho e abraçou apertado o pescoço do alfa, antes de solta-lo. Louis logo pegou sua caixinha de comida e os hashis, se acomodando para comer.
- Eu sei que não é só isso. Você é meu ômega, eu consigo sentir que você está ansioso por algum motivo.
Harry suspira, também pegando sua comida.
- Malditos alfas territoriais. - Ele resmunga, o que causa uma gargalhada em Louis. - Sim, eu preciso conversar com você. Temos um elefante na sala, e a gente precisa conversar sobre ele antes que ele nos esmague. Eu só queria criar um ambiente confortável para falarmos desse assunto que é meio... Delicado. Eu não queria uma briga...
- Harry meu amor, prometo não brigar, okay? Você não precisa ter medo de conversar comigo sobre nada.
- Eu consigo sentir sua abstinência.
Louis travou por um momento, a visão ficando desfocada até retornar para o rosto do ômega, para então suspirar e deixar a caixinha de comida na mesa de centro.
- Amor...
- Louis, me escuta. - Harry cortou, também deixando sua comida de lado e se sentando de pernas cruzadas de frente para Louis, pegando suas mãos. - Eu sei como é difícil admitir que você precisa de ajuda, mas eu estou aqui por você e quero passar por tudo isso contigo. Vou estar ao seu lado em todo processo, porque eu te amo e quero que você fique bem. Eu não quero ter que procurar você em becos novamente, nem quero que você fique naqueles estados onde sequer consegue reconhecer as pessoas que ama. Você precisa de ajuda meu amor. Você merece ajuda.
Harry consegue ver os olhos do seu alfa marejarem e ele não espera qualquer deixa para puxar o mais velho para seus braços, que o abraça e chora como uma criança desamparada. Eles ficam daquela forma por um tempo, com o ômega fazendo carinho em seu cabelo.
Louis nunca tinha se sentido daquela forma. Ele sentia tanto amor em seu peito que sentia que podia transbordar. Ele se sentia completamente amado, apaixonado e cuidado, como nunca se sentiu em toda sua vida. Lar, era isso que ele sentia quando estava com Harry. Harry era seu lar.
Depois de um tempo fazendo carinho no cabelo do alfa, sentindo ele se acalmar aos poucos, Harry voltou a falar:
- Eu achei algumas alternativas... Para seu tratamento, sabe.
- Quais? - Louis pergunta, a voz rouca e fanhosa pelo choro. Harry voltou um suspiro de alívio com a resposta, porque mostrava que o alfa estava interessado.
- Bom... Eu pesquisei as alternativas. Em todos os casos, é preciso intervenção psicológica e psiquiátrica. - Louis solta um muxoxo baixinho, mas não protesta. - Você pode fazer um tratamento com internação... - Louis nega com a cabeça na hora, se encolhendo ainda mais nos braços de Harry - Mas também podemos fazer o tratamento em casa.
- C-como funciona esse tratamento em casa?
- Eu entrei em contato com um médico psiquiatra que é especializado em dependentes químicos - Louis se encolhe ao ouvir o termo, e Harry acaba abraçando ele mais forte - e ele disse que como você não é um usuário tão frequente o tratamento pode ser feito em casa, contando com o contato de um psicólogo para te acompanhar nisso e as consultas com um psiquiatra. Eu sinceramente acho o James muito bom, ele foi muito instrutivo quando conversou comigo, e você poderia entrar em alguns grupos de ajuda. Você teria que tomar alguns remédios e... Bem, a abstinência é terrível, mas eu vou estar ao seu lado o tempo todo. Em todo processo.
Louis fica por um tempo a mais em silêncio, pensando sobre o assunto. E Harry deixa, sabendo que ele precisa de um tempo para digerir tudo aquilo e decidir o que fazer.
- Você promete?
- Prometo o que?
- Que não vai me deixar passar por isso sozinho. Que vai estar ao meu lado mesmo se eu surtar pela abstinência. Que não vai me deixar... Porque eu posso fazer isso, mas se você estiver ao meu lado.
Harry ri baixinho, pegando o rosto de Louis com as mãos e obrigando o alfa a olha-lo.
- Eu vou estar com você o tempo todo. Você não vai passar por isso sozinho. E nunca mais vai ficar sozinho, porque eu vou passar o resto da sua vida contigo. É uma promessa meu amor.
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For You Blue Eyes - abo l.s (EM REVISÃO)
RomansHarry, um ativista pelos direitos dos ômegas, filho de um milionário ausente e uma mãe carinhosa, detesta alfas da nobreza social mais que tudo. Louis, é o mais novo diretor de uma grande empresas de direito, enxerga todos como inferiores a si, prin...