Eu continuei vivendo apesar de tudo

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Eu ainda sou eu, porém diferente. Agora tenho 1.70, meus cabelos estão um pouco acima da altura do ombro, meus olhos ainda são castanhos e minha expressão é sempre de cansaço.

Eu ainda tenho o rosto de quem parece não dormir a semanas, ainda prefiro usar blusões do que pijamas para dormir e ficar sozinha ainda é reconfortante.

Não tenho um lugar para ir, não tenho ninguém a minha espera e não tenho sonhos prendendo meus pés no chão, por enquanto.

Me lembro de onde vim, e me lembro de por onde passei, mas por hora não tenho lanços me ligando a nada, nem mesmo ao lugar que gostumava chamar de lar, e tá tudo bem nisso, afinal eu não pertenço a lugar nenhum.

No começo eu só queria achar uma resposta para todas as minhas infinitas perguntas. Achar um caminho que me tirasse daquele lugar. Achar alguém que me visse sentir viva de novo.

E aí eu percebi que sempre fui eu. A respostas para todas as minhas perguntas começavam quando eu olhava para dentro de mim. Percebi que fui eu quem me salvou e sei que se algum dia eu voltar a ser uma linha tênue entre viver e estar vivendo o mérito vai ser todo meu.

Nunca existiu uma pessoa para culpar, uma pessoa para me ajudar, uma pessoa que criasse empatia pelas minhas feridas enquanto elas ainda estavam cicatrizando, ninguém além de mim.

E isso não me revolta, não me deixa brava e nem faz com que eu tenha vontade de gritar com as pessoas ao meu redor.

Não tinha ninguém lá para me ajudar porque eu não permiti que soubessem que eu precisava de ajuda. E graças a isso hoje eu me conheço, sei até onde posso chegar, fiz um mapa de todas as minhas cicatrizes e às interligo como constelações.

Foi porque eu estava sozinha, me ajudei e percebi que nunca precisaria de ninguém de novo. Nunca mais vou depender de alguém emocionalmente porque aprendi que estou bem e melhor sozinha.

Eu continuei vivendo apesar de tudo.

Flores, cigarros e textos sem sentido no final do diaOnde histórias criam vida. Descubra agora