o mundo

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O mundo era lindo daquela janela, mas eu não conseguia perceber isso, até eu nunca mais poder me sentar nela e ver o céu, as casas e o mundo adiante.

São coisas diferentes que nos fazem ser extraordinários. E é por isso que ser extraordinário é diferente.

O mundo lá fora é azul, verde e cinza. O vento que sopra bagunça meu cabelo e arranca sorrisos sinceros de mim.

A sensação de euforia, as borboletas no estômago, então essa é a sensação. Eu nunca estive tão perdidamente apaixonada a ponto de sentir isso, porém, quando me deixo perceber que o mundo é azul, verde e cinza... Enquanto o vento levantava as cortinas que escondiam o mundo lá fora, quando a brisa bagunçou meu cabelo, quando vi o azul do céu sem nuvem. O verde tão vivo das colinas, e o cinza das ruas. Este é o mundo em que eu vivo, o que me permite sentir borboletas no estômago, me permite sentir leve e pesada, capaz de tudo e ao mesmo tempo nada.

O mundo era azul, verde e cinza, e sem perceber minha vida aos poucos começou a depender disso, do vento bagunçando meu cabelo, e dos sorrisos sinceros que isso gerava em mim.

Sem perceber, eu já estava olhando pela janela, e vendo que hoje o mundo não estava azul, estava branco, cinza e verde, não havia vento para bagunçar meu cabelo, não tinha sorriso, nem borboletas, nem euforia. Era chato, silencioso, entediante.

Então eu analisei que, eu ainda estava vivendo, mesmo sem o azul, o vento, o cabelo bagunçado ou as borboletas. Eu ainda vivia, o que significava que minha vida ia continuar sendo a mesma, independente da cor do mundo, ou se está ventando e se meu cabelo está bagunçado, eu continuaria vivendo.

Aquela janela, onde eu passava a maior parte do tempo, eu nunca dei valor. Eu achava que teria mais dias para poder ver o sol se pondo, para poder me acalmar com as estrelas. Mas não, nós realmente só damos valor as coisas quando perdemos ela, e mesmo sendo diferente em muitos aspectos, eu também sou assim.

Eu achei agora, em uma casa nova, uma outra janela, mas nessa não dá pra sentar e ver as casas, o sol se pondo e nem as estrelas começando a apontar no céu, mas dá pra ver o mundo colorido, do jeito que eu estou acostumada a ver, azul, verde e cinza. A brisa sopra e as cortinas se levantam, o meu cabelo bagunçado combinado com as borboletas espalhadas pelo meu estômago, o sorriso sincero e a euforia única, que talvez eu nunca mais sinta. É único, e não foi uma janela que me proporcionou isso dessa vez.





Flores, cigarros e textos sem sentido no final do diaOnde histórias criam vida. Descubra agora